Todo mundo tem – ou teve – seus traumas de adolescência. Alguns são superados logo depois que a chatice típica da idade vai embora. Outros demoram alguns anos para deixar de nos atormentar. No meu caso, passei muito bem pelo “magrela” e pelo (pasmem!) “peituda”. O que até hoje ainda me atrapalha é o nariz.
Quando eu tinha 12 anos, infelizmente, algumas partes do meu corpo cresceram mais rápido que outras. Isso aconteceu com mais destaque para o nariz e para os braços. Assim, enquanto minhas amigas de escola esbanjavam as primeiras curvas aliadas a um rostinho de boneca, eu parecia um orangotango narigudo. Sem exageros.
Graças a Deus, o tempo foi generoso comigo e minha expressão se tornou mais harmônica. Eu até desisti de fazer a plástica no nariz, afinal de contas, eu sou assim mesmo e não tenho que agradar todo mundo. Mas confesso que sempre surge uma pontinha de tensão quando o meu nariz vira o centro das atenções.
Esses dias, no trabalho:
Chefe – O nariz da Carol é tão charmoso, né?
Eu – Ah, professor! O senhor tá de sacanagem!
Chefe – Não, tô falando sério! Você não acha, Bia?
Bia – Acho o que?
Chefe – Que a Carol tem um nariz bonito.
Bia – Ah, por favor...
Essa semana, na festa:
Cara – Vocês são primas?
Camila – Não, amigas mesmo.
Cara – Ah, é que vocês se parecem.
Eu – Todo mundo diz isso.
Cara – Hum. Vocês têm ascendência italiana?
Camila – Por que?
Cara – Ah, por causa do nariz...
Camila – Peraí, você tá dizendo que o meu nariz é feio?
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Homem xis Mulher
Esses dias, no almoço:
Eu – Ai, comprei uma coisa tão legal hoje!
Ele – O que é?
Eu – É um acessório!
Ele – Acessório? Como assim?
Eu – Ah, você nem vai achar tão legal assim. É um lenço.
Ele – Lenço? Tipo um babador?
Eu – Claro que não! Você acha que eu preciso de um babador?
Ele – Ah, às vezes, quem sabe...
Eu – Deixa de ser ridículo. Olha só como é lindo o meu lenço.
Com a autoridade de um estilista, ele pegou o lenço como se fosse uma fralda. Usada.
Ele – Parece uma toalha de mesa de pizzaria.
Bom, de fato, lembra um pouco.
Eu – Mas é palestino!
Ele – Então quer dizer que na Palestina tem pizzarias como as nossas.
Eu – Ótima constatação.
Alguns minutos depois.
Ele – Eu também comprei uma coisa bem legal hoje. Você quer ver?
Eu – Quero.
Dentro da caixa, tinha um quadradinho preto. Podia ser um conjunto de maquiagem ou uma bomba. Vai saber.
Eu – O que é isso?
Ele – É uma gavetinha de HD.
Eu – Ah. Para quê serve?
Ele – Para colocar um HD externo e plugar no computador.
Eu – Hum. Interessante. Muito funcional.
Ele – É. Mais do que o seu lenço palestino.
Eu – Sem dúvida. Mas eu vou ficar muito mais elegante com o meu lenço do que você com a sua gavetinha de HD.
Eu – Ai, comprei uma coisa tão legal hoje!
Ele – O que é?
Eu – É um acessório!
Ele – Acessório? Como assim?
Eu – Ah, você nem vai achar tão legal assim. É um lenço.
Ele – Lenço? Tipo um babador?
Eu – Claro que não! Você acha que eu preciso de um babador?
Ele – Ah, às vezes, quem sabe...
Eu – Deixa de ser ridículo. Olha só como é lindo o meu lenço.
Com a autoridade de um estilista, ele pegou o lenço como se fosse uma fralda. Usada.
Ele – Parece uma toalha de mesa de pizzaria.
Bom, de fato, lembra um pouco.
Eu – Mas é palestino!
Ele – Então quer dizer que na Palestina tem pizzarias como as nossas.
Eu – Ótima constatação.
Alguns minutos depois.
Ele – Eu também comprei uma coisa bem legal hoje. Você quer ver?
Eu – Quero.
Dentro da caixa, tinha um quadradinho preto. Podia ser um conjunto de maquiagem ou uma bomba. Vai saber.
Eu – O que é isso?
Ele – É uma gavetinha de HD.
Eu – Ah. Para quê serve?
Ele – Para colocar um HD externo e plugar no computador.
Eu – Hum. Interessante. Muito funcional.
Ele – É. Mais do que o seu lenço palestino.
Eu – Sem dúvida. Mas eu vou ficar muito mais elegante com o meu lenço do que você com a sua gavetinha de HD.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Nomes
Essa já aconteceu com todo mundo.
Esses dias, no samba:
Ela – Oi, Carol! Tudo bem?
Meu Deus. Quem é essa menina?
Eu – Oi! Tudo e você?
Calma. Faça uma pesquisa em seu cérebro. O rosto é familiar. Pelo menos isso.
Ela – Tudo bem! Quanto tempo, né?
Hum. Tempo. Bom, não é de agora.
Eu – Nossa, muito tempo mesmo.
Faculdade? Não. Amiga do Bruno, talvez? Não, acho que não. Ai.
Ela – E você? Ainda está trabalhando em redação?
Ótimo! Uma pista. Ela deve ser de algum dos meus estágios.
Eu – Não, agora eu estou lá na assessoria da UnB.
JB? Não, se fosse eu lembraria de cara. Rádio, Jornal de Brasília... talvez.
Ela – Legal. Eu estou ralando em um jornal novo aí.
Isso! Lembrei!
Eu – Ah, massa que você ainda não “desistiu” da profissão.
Ela – Desisti, não. Mas é difícil, viu...
Eu – É, eu sei. Bom, eu vou indo lá pegar uma bebida. Bom te ver, Fulana.
Ela – Bom mesmo! Tchau!
Duas semanas depois encontrei a mesma menina em um bar.
Eu – Oi, Fulana! Tudo bem?
Ela – Oi, Camila! Tudo, e você?
Eu – Er... Tudo jóia. Tá com quem aí?
Ah. Deixa pra lá, né. Se eu consegui evitar a saia-justa uma vez, não custava fazer isso de novo.
Esses dias, no samba:
Ela – Oi, Carol! Tudo bem?
Meu Deus. Quem é essa menina?
Eu – Oi! Tudo e você?
Calma. Faça uma pesquisa em seu cérebro. O rosto é familiar. Pelo menos isso.
Ela – Tudo bem! Quanto tempo, né?
Hum. Tempo. Bom, não é de agora.
Eu – Nossa, muito tempo mesmo.
Faculdade? Não. Amiga do Bruno, talvez? Não, acho que não. Ai.
Ela – E você? Ainda está trabalhando em redação?
Ótimo! Uma pista. Ela deve ser de algum dos meus estágios.
Eu – Não, agora eu estou lá na assessoria da UnB.
JB? Não, se fosse eu lembraria de cara. Rádio, Jornal de Brasília... talvez.
Ela – Legal. Eu estou ralando em um jornal novo aí.
Isso! Lembrei!
Eu – Ah, massa que você ainda não “desistiu” da profissão.
Ela – Desisti, não. Mas é difícil, viu...
Eu – É, eu sei. Bom, eu vou indo lá pegar uma bebida. Bom te ver, Fulana.
Ela – Bom mesmo! Tchau!
Duas semanas depois encontrei a mesma menina em um bar.
Eu – Oi, Fulana! Tudo bem?
Ela – Oi, Camila! Tudo, e você?
Eu – Er... Tudo jóia. Tá com quem aí?
Ah. Deixa pra lá, né. Se eu consegui evitar a saia-justa uma vez, não custava fazer isso de novo.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Virgínia
Acho que eu devia dar um crédito à Virgínia nesse blog. Para quem não sabe, a Virgínia é a colega de trabalho que senta na minha frente. Ela é designer, tem um coração de ouro, idéias ótimas. Mas é também dispersa ao extremo.
A Vi não consegue manter a dieta, estuda para concurso e comenta todas as manchetes bizarras da Globo.com. Ela é aquela pessoa que você jura que fuma um baseado todos os dias de manhã, mas que não saberia identificar se visse um. Enfim, uma fonte inesgotável de inspiração.
A pérola de hoje foi sobre um encontro com a turma dela do segundo grau.
Vi – Eu não vou a esse encontro com a minha turma de segundo grau.
Eu – Por quê?
Vi – Ah, porque sei lá.
Eu – ?
Vi – Ah, é porque no segundo grau eu era meio loser, sabe?
(Outra coisa sobre a Vi: ela adora usar expressões em inglês.)
Eu – Loser como, Vi?
Vi – Ah, eu não era da galera popular da escola.
Eu – Entendi. Mas o que isso tem a ver? Você acha que as pessoas vão continuar te achando looser?
Vi – Não. Mas as pessoas vão ficar analisando. Tipo, vão querer saber se eu estou bem sucedida, se eu casei...
Eu – Ah, e você tem medo de falar da sua vida? Que bobagem, Vi. Pode ser que você tenha ex-colegas empresários, ex-colegas que casaram e tiveram filhos... Todo mundo é diferente. Você tem que ser mais auto-confiante.
Vi – É, eu sei.
Eu – Você pode não estar trabalhando no lugar dos sonhos, fazendo as coisas mais legais, mas você está fazendo alguma coisa.
Vi – É isso aí! Eu vou nesse encontro sim! Uhuuuu!
Dois minutos depois:
Vi – Tá, Carol. Mas como eu faço para aumentar minha auto-confiança?
Cinco minutos depois:
Vi - Carol, você vai comigo na minha reunião do segundo grau?
A Vi não consegue manter a dieta, estuda para concurso e comenta todas as manchetes bizarras da Globo.com. Ela é aquela pessoa que você jura que fuma um baseado todos os dias de manhã, mas que não saberia identificar se visse um. Enfim, uma fonte inesgotável de inspiração.
A pérola de hoje foi sobre um encontro com a turma dela do segundo grau.
Vi – Eu não vou a esse encontro com a minha turma de segundo grau.
Eu – Por quê?
Vi – Ah, porque sei lá.
Eu – ?
Vi – Ah, é porque no segundo grau eu era meio loser, sabe?
(Outra coisa sobre a Vi: ela adora usar expressões em inglês.)
Eu – Loser como, Vi?
Vi – Ah, eu não era da galera popular da escola.
Eu – Entendi. Mas o que isso tem a ver? Você acha que as pessoas vão continuar te achando looser?
Vi – Não. Mas as pessoas vão ficar analisando. Tipo, vão querer saber se eu estou bem sucedida, se eu casei...
Eu – Ah, e você tem medo de falar da sua vida? Que bobagem, Vi. Pode ser que você tenha ex-colegas empresários, ex-colegas que casaram e tiveram filhos... Todo mundo é diferente. Você tem que ser mais auto-confiante.
Vi – É, eu sei.
Eu – Você pode não estar trabalhando no lugar dos sonhos, fazendo as coisas mais legais, mas você está fazendo alguma coisa.
Vi – É isso aí! Eu vou nesse encontro sim! Uhuuuu!
Dois minutos depois:
Vi – Tá, Carol. Mas como eu faço para aumentar minha auto-confiança?
Cinco minutos depois:
Vi - Carol, você vai comigo na minha reunião do segundo grau?
domingo, 2 de novembro de 2008
Figura de linguagem
Esses dias, na festa:
Ele – Você me deixa de cabelo em pé!
Eu – Ah, tá. O nome disso é cabelo agora...
Ele – Você me deixa de cabelo em pé!
Eu – Ah, tá. O nome disso é cabelo agora...
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Sobre orações
Fazia tempo que eu não rezava tanto quanto ontem. Assim, rezar eu sempre rezo, mas do meu jeito. Nada de orações pré-fabricadas. Mas ontem eu rezei e confesso que foi bem interessante.
Primeiro fui almoçar na casa de uma amiga cuja família é bem católica. Para ter uma idéia, essa minha amiga pediu a opinião do padre antes de transar com o primeiro namorado. Graças a Deus, conta ela, o padre não foi careta e deu uns conselhos bem legais.
Bom, antes de nos servirmos, o pai da minha amiga fez uma oração. Normal, nada de mais. Mas é engraçado como a gente se sente desconfortável ao fazer algo que não está na rotina. A gente fica meio sem saber o que fazer com as mãos, com os olhos. Mas, enfim, sobrevivi. E o almoço estava ótimo.
No final da tarde, fui ao velório da mãe de outra amiga. Muito triste. Cheguei na capela e estavam todos rezando um pai-nosso. Não sei, na hora realmente me envolvi na prece. Não pelas palavras em si, mas pela energia que as pessoas transmitiam enquanto falavam. Depois das orações, foi todo mundo abraçar a minha amiga. Engraçado que nem no dia do seu aniversário você ganha tanto abraço... é todo mundo querendo levar um pouquinho da sua dor embora.
Não conhecia a mãe da minha amiga, ela nem morava em Brasília. Sei que o nome dela era Carolina, tinha 53 anos e teve um aneurisma. Ah, minha amiga se parece muito com ela.
Primeiro fui almoçar na casa de uma amiga cuja família é bem católica. Para ter uma idéia, essa minha amiga pediu a opinião do padre antes de transar com o primeiro namorado. Graças a Deus, conta ela, o padre não foi careta e deu uns conselhos bem legais.
Bom, antes de nos servirmos, o pai da minha amiga fez uma oração. Normal, nada de mais. Mas é engraçado como a gente se sente desconfortável ao fazer algo que não está na rotina. A gente fica meio sem saber o que fazer com as mãos, com os olhos. Mas, enfim, sobrevivi. E o almoço estava ótimo.
No final da tarde, fui ao velório da mãe de outra amiga. Muito triste. Cheguei na capela e estavam todos rezando um pai-nosso. Não sei, na hora realmente me envolvi na prece. Não pelas palavras em si, mas pela energia que as pessoas transmitiam enquanto falavam. Depois das orações, foi todo mundo abraçar a minha amiga. Engraçado que nem no dia do seu aniversário você ganha tanto abraço... é todo mundo querendo levar um pouquinho da sua dor embora.
Não conhecia a mãe da minha amiga, ela nem morava em Brasília. Sei que o nome dela era Carolina, tinha 53 anos e teve um aneurisma. Ah, minha amiga se parece muito com ela.
sábado, 18 de outubro de 2008
Almas gêmeas
Uma vez, a avó de uma amiga contou sua experiência de se apaixonar por um jovem 60 anos mais novo que ela. A coisa até soou um pouco engraçada no início, mas depois eu fiquei realmente comovida com a história. A senhora disse sentir que o rapaz era sua alma gêmea, e que ele também sentia algo diferente nela. Os dois formavam uma dupla de dançarinos que ganhou diversos festivais pelo mundo.
A avó da minha amiga ficou um tempo divagando sobre a diferença de idade entre eles. Ela sabia que os dois jamais poderiam ficar juntos, mas disse que ficava feliz em somente estar perto dele.
Depois dessa conversa, fiquei pensando na dificuldade que é para achar alguém perfeito. O mundo tem mais de 6 bilhões de habitantes, e se a sua alma gêmea estiver na China? Além do problema da distância, tem esse negócio da idade e, até, o lance de você e sua metade da laranja serem de realidades sociais muito diferentes.
Na verdade, nem sei se acredito muito nessa história de alma gêmea. É como dizem naquele filme que ganhou o Oscar: o melhor a fazer é achar alguém que valha a pena. "Alguém que te ame pelo que você é. De bom ou mau humor. Feia ou bonita. O que for. Esse é o tipo de pessoa com a qual vale a pena ficar".
A avó da minha amiga ficou um tempo divagando sobre a diferença de idade entre eles. Ela sabia que os dois jamais poderiam ficar juntos, mas disse que ficava feliz em somente estar perto dele.
Depois dessa conversa, fiquei pensando na dificuldade que é para achar alguém perfeito. O mundo tem mais de 6 bilhões de habitantes, e se a sua alma gêmea estiver na China? Além do problema da distância, tem esse negócio da idade e, até, o lance de você e sua metade da laranja serem de realidades sociais muito diferentes.
Na verdade, nem sei se acredito muito nessa história de alma gêmea. É como dizem naquele filme que ganhou o Oscar: o melhor a fazer é achar alguém que valha a pena. "Alguém que te ame pelo que você é. De bom ou mau humor. Feia ou bonita. O que for. Esse é o tipo de pessoa com a qual vale a pena ficar".
As coisas que a gente nunca faz
Essa história do cristal me fez lembrar daquelas coisas que a gente sempre promete que vai fazer, mas nunca faz. Por exemplo, todo mundo tem aquela gaveta bagunçada, cheia de papéis – desde cartões apaixonados a extratos bancários – e sempre promete que vai dar uma arrumação naquilo. Mas a arrumação é o último item de uma lista infindável de prioridades.
Outra situação: quando minha avó veio nos visitar em Brasília, ela passou uma receita infalível de creme que impede as rachaduras nos pés. Pois é, meus pés racharam um pouco, a chuva já está chegando e eu sequer lembro da tal receita...
Isso também acontece com aquele amigo distante, já um colega, que você encontra no meio da rua e promete: “vamos marcar alguma coisa, sim”. Pode ter certeza, vocês só se verão novamente por acaso.
Ou então com aquela roupa que você adora, mas que está precisando dar uma apertada ou alargada. Você vive dizendo que vai deixar na costureira, mas aí acaba usando uma duas, três, quatro vezes daquele jeito mesmo. Aí acaba achando que está bonito assim, não vai gastar dinheiro para reformar algo que já está velho.
E é assim com várias coisas: o livro que você começou, mas não teve paciência para terminar de ler, os textos que deveria estudar antes da próxima aula, o jantar que queria fazer para testar suas habilidades gastronômicas, a visita àquele amigo que você adora e nunca vê...
A gente deixa muita coisa pra depois.
Outra situação: quando minha avó veio nos visitar em Brasília, ela passou uma receita infalível de creme que impede as rachaduras nos pés. Pois é, meus pés racharam um pouco, a chuva já está chegando e eu sequer lembro da tal receita...
Isso também acontece com aquele amigo distante, já um colega, que você encontra no meio da rua e promete: “vamos marcar alguma coisa, sim”. Pode ter certeza, vocês só se verão novamente por acaso.
Ou então com aquela roupa que você adora, mas que está precisando dar uma apertada ou alargada. Você vive dizendo que vai deixar na costureira, mas aí acaba usando uma duas, três, quatro vezes daquele jeito mesmo. Aí acaba achando que está bonito assim, não vai gastar dinheiro para reformar algo que já está velho.
E é assim com várias coisas: o livro que você começou, mas não teve paciência para terminar de ler, os textos que deveria estudar antes da próxima aula, o jantar que queria fazer para testar suas habilidades gastronômicas, a visita àquele amigo que você adora e nunca vê...
A gente deixa muita coisa pra depois.
Cristal
Esses dias ganhei um cristal. Meu amigo místico veio com aquele papo de energia, bons fluidos e tal. Me deu mil recomendações do que fazer com a pedra: deixe em água corrente por algumas horas, ou lave e deixe uma noite sob a lua cheia e bla bla bla. E ainda me alertou: o cristal pode virar uma simples peça de decoração ou uma verdadeira fonte de energização. Ok, ok. Já entendi.
Deixei o cristal em cima do console do carro. Fiquei olhando pra ele, formado por três partes pontudas, unidas por uma frágil estrutura de terra. Estava dirigindo na maior tranqüilidade até que atropelei uma tartaruga (aquele negócio de plástico que fica no asfalto para fazer os motoristas diminuírem a velocidade).
Com o atropelamento, o carro todo tremeu e quando olhei para o cristal ele havia se partido. Em três pedaços: um maior, outro médio e um pequeno. Fiquei super triste na hora, mas depois arranjei um destino para as partes da pedra: vou lavar e entregar uma para minha mãe a uma para minha irmã. A do meio vai ficar comigo.
Contei isso para minha mãe e ela adorou. É, ela é meio mística também.
Deixei o cristal em cima do console do carro. Fiquei olhando pra ele, formado por três partes pontudas, unidas por uma frágil estrutura de terra. Estava dirigindo na maior tranqüilidade até que atropelei uma tartaruga (aquele negócio de plástico que fica no asfalto para fazer os motoristas diminuírem a velocidade).
Com o atropelamento, o carro todo tremeu e quando olhei para o cristal ele havia se partido. Em três pedaços: um maior, outro médio e um pequeno. Fiquei super triste na hora, mas depois arranjei um destino para as partes da pedra: vou lavar e entregar uma para minha mãe a uma para minha irmã. A do meio vai ficar comigo.
Contei isso para minha mãe e ela adorou. É, ela é meio mística também.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Manobrista
A compulsão brasiliense por concursos públicos transforma as bibliotecas nos lugares mais concorridos da cidade. O problema começa já no estacionamento: o motorista – ou a motorista – fica naquele dilema entre parar o carro num lugar permitido por lei, mas escuro e assustador, ou sair inventando vagas.
Particularmente, a parte de estacionar é a pior para mim. Me considero uma boa motorista, mas devo reconhecer que fazer manobras em espaços apertados não está entre as minhas habilidades. Na segunda-feira, porém, decidi que tentaria achar uma vaga no mais que disputado estacionamento da biblioteca da UnB.
O arrependimento bateu logo que entrei no local. A fila de carros estava enorme e eu perdi cinco minutos preciosos de estudo para avançar alguns metros. Sem falar nos automóveis parados paralelamente à pista. A distância entre esses e os carros que circulam não chegava a oito centímetros. Tenho certeza.
Eis que surge diante dos meus olhos uma vaga BEM na frente da entrada da biblioteca. Sentindo a luz divina, pensei: fui abençoada. O problema é que a vaga era de baliza. Cheia de coragem, aproximei do veículo da frente e engatei a ré. No segundo seguinte, olhei para fora do carro e vi uma galera enorme me olhando.
Gelei na hora. Adeus, auto-confiança. Sim, porque certamente eu teria de fazer umas 15 manobras para colocar o carro na vaga. E ia ficar todo mundo olhando e pensando: “ih, essa comprou a carteira”. Sem pestanejar, fiz aquela cara de nossa-lembrei-de-fazer-algo-inadiável-bem-agora e sai do estacionamento. Parei o carro quase 500 metros longe, no escuro e assustador. Mas com a honra intacta.
Particularmente, a parte de estacionar é a pior para mim. Me considero uma boa motorista, mas devo reconhecer que fazer manobras em espaços apertados não está entre as minhas habilidades. Na segunda-feira, porém, decidi que tentaria achar uma vaga no mais que disputado estacionamento da biblioteca da UnB.
O arrependimento bateu logo que entrei no local. A fila de carros estava enorme e eu perdi cinco minutos preciosos de estudo para avançar alguns metros. Sem falar nos automóveis parados paralelamente à pista. A distância entre esses e os carros que circulam não chegava a oito centímetros. Tenho certeza.
Eis que surge diante dos meus olhos uma vaga BEM na frente da entrada da biblioteca. Sentindo a luz divina, pensei: fui abençoada. O problema é que a vaga era de baliza. Cheia de coragem, aproximei do veículo da frente e engatei a ré. No segundo seguinte, olhei para fora do carro e vi uma galera enorme me olhando.
Gelei na hora. Adeus, auto-confiança. Sim, porque certamente eu teria de fazer umas 15 manobras para colocar o carro na vaga. E ia ficar todo mundo olhando e pensando: “ih, essa comprou a carteira”. Sem pestanejar, fiz aquela cara de nossa-lembrei-de-fazer-algo-inadiável-bem-agora e sai do estacionamento. Parei o carro quase 500 metros longe, no escuro e assustador. Mas com a honra intacta.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Setembro
Setembro é um mês legal. Coisas boas acontecem em setembro. O frio vai embora, as primeiras chuvas começam a cair, e a grama fica verdinha. A gente pode usar saias, vestidos e chinelos, e sentir o vento quente nas mãos quando abrimos a janela do carro.
As pessoas se casam em setembro. Os ipês florescem e vão colorindo as ruas, um de cada vez: primeiro os rosas, depois os amarelos, vermelhos, até finalmente chegarem os brancos, que são os meus favoritos.
Mas tem umas coisas meio chatas em setembro. Uma delas são as cigarras, que começam a gritar a plenos pulmões. Este ano, até duvidei que elas sairiam da terra para subir na copa das árvores. Mas lá estão elas, desde cedo, fazendo cantoria.
Na verdade, as cigarras nem me incomodam tanto. O problema mesmo são as formigas com asas. Ah, essas são nojentas. Quando chega a noite, elas ficam rodando os postes e os faróis dos carros. Isso quando não tentam invadir a casa da gente.
Ontem eu estava indo para a biblioteca e tinha uma verdadeira nuvem de formigas com asas. Eu não tinha escolha, precisava mesmo devolver um livro. Aí decidi fazer de conta que as formigas eram flores caindo no chão.
Estava andando bravamente, até achando bonito aquele movimento todo. Foi quando uma delas me confundiu com um poste e decidiu pousar na minha orelha. Desagradável. Só não dei um gritinho porque tinha muita gente olhando.
Mais tarde, quando fui a um bebedouro na FS, tinha uma formiga com asas morta, sendo carregada por milhões de formigas normais. No fundinho, fiquei com um pouco de dó. Mas depois vi uma outra tentando sobrevoar a minha cabeça de novo e disse (espero que não em voz alta): sai de perto! Senão vou mandar as formigas fazerem aquilo com você também!
As pessoas se casam em setembro. Os ipês florescem e vão colorindo as ruas, um de cada vez: primeiro os rosas, depois os amarelos, vermelhos, até finalmente chegarem os brancos, que são os meus favoritos.
Mas tem umas coisas meio chatas em setembro. Uma delas são as cigarras, que começam a gritar a plenos pulmões. Este ano, até duvidei que elas sairiam da terra para subir na copa das árvores. Mas lá estão elas, desde cedo, fazendo cantoria.
Na verdade, as cigarras nem me incomodam tanto. O problema mesmo são as formigas com asas. Ah, essas são nojentas. Quando chega a noite, elas ficam rodando os postes e os faróis dos carros. Isso quando não tentam invadir a casa da gente.
Ontem eu estava indo para a biblioteca e tinha uma verdadeira nuvem de formigas com asas. Eu não tinha escolha, precisava mesmo devolver um livro. Aí decidi fazer de conta que as formigas eram flores caindo no chão.
Estava andando bravamente, até achando bonito aquele movimento todo. Foi quando uma delas me confundiu com um poste e decidiu pousar na minha orelha. Desagradável. Só não dei um gritinho porque tinha muita gente olhando.
Mais tarde, quando fui a um bebedouro na FS, tinha uma formiga com asas morta, sendo carregada por milhões de formigas normais. No fundinho, fiquei com um pouco de dó. Mas depois vi uma outra tentando sobrevoar a minha cabeça de novo e disse (espero que não em voz alta): sai de perto! Senão vou mandar as formigas fazerem aquilo com você também!
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Querido diário...
São 19h20, a tempestade se aproxima e eu ainda não consegui sair do meu trabalho. Provavelmente, terei que pegar um bote para chegar no carro, pensando no dilema “corro ou não corro”, tentando adivinhar como me molhar menos. Depois, vou pegar um trânsito infernal, chegar em casa, pegar um colchão e voltar praticamente para onde eu estou agora. Gasolina está barato mesmo. Que bela sexta-feira!
Isso sem falar na minha cara, no meu humor e na minha confusão mental. Já mudei de opinião sobre o mesmo assunto umas 15 vezes. Só nas últimas seis horas. Agora minha irmã acabou de ligar e (imagine!) ficou puta porque eu ainda não cheguei em casa. Como se eu estivesse curtindo alguma festa...
A coisa mais legal do dia foi um elogio que recebi do meu colega gay. Sim, porque se tem um elogio que é sincero é o dos gays.
Colega – E aí, Carol? Foi malhar hoje?
Eu – Nem fui. Quase nunca vou na sexta-feira.
Colega – Também nem precisa né, gata! Com esse corpão...
Uau. Ganhei o dia.
Isso sem falar na minha cara, no meu humor e na minha confusão mental. Já mudei de opinião sobre o mesmo assunto umas 15 vezes. Só nas últimas seis horas. Agora minha irmã acabou de ligar e (imagine!) ficou puta porque eu ainda não cheguei em casa. Como se eu estivesse curtindo alguma festa...
A coisa mais legal do dia foi um elogio que recebi do meu colega gay. Sim, porque se tem um elogio que é sincero é o dos gays.
Colega – E aí, Carol? Foi malhar hoje?
Eu – Nem fui. Quase nunca vou na sexta-feira.
Colega – Também nem precisa né, gata! Com esse corpão...
Uau. Ganhei o dia.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Fobia
Todo mundo tem medo de alguma coisa. Da morte, da dor, do futuro. Tem gente que tem medo de se apaixonar, outros têm medo de perder dinheiro e, ainda, há os que têm medo da solidão. Tudo isso é normal. Mas existem outros medos que são, digamos, especiais.
São medos de coisas muito singulares, que, volta e meia, viram motivo de chacota. É o caso do medo de escuro, de altura, de aranhas, de lugares fechados. Coisas que, teoricamente, todo adulto seria capaz de agüentar. A esses medos deram o nome de fobia.
Estou escrevendo isso porque eu tenho uma fobia dessas também. Vai parecer ridículo, mas eu tenho total agonia de colocar colírio nos olhos. Mas total mesmo, não consigo suportar aquele potinho se aproximando vorazmente do meu campo de visão. Começo a ficar nervosa, a achar que vou ficar cega.
O pior é ter que ouvir coisas do tipo: “ah, Carol. Larga de ser fresca. Como é que você faz quando tem um cisco no olho?” Cisco no olho é diferente. O problema é aquela agüinha estranha que sai daquele potinho assustador. Se bem que acho que teria o mesmo problema com as lentes de contato.
Mas ontem, vencida pela secura, pela ardência e pela vermelhidão nos olhos (sou alérgica, ok?), tive de sucumbir ao colírio. Foi difícil, mas consegui. Fiquei uns 20 minutos no banheiro, aproximando e afastando o potinho. Alguns voluntários ofereceram ajuda, mas é ainda pior quando eu não estou no comando.
Pois é. Essa é minha história. Um viva para mim.
São medos de coisas muito singulares, que, volta e meia, viram motivo de chacota. É o caso do medo de escuro, de altura, de aranhas, de lugares fechados. Coisas que, teoricamente, todo adulto seria capaz de agüentar. A esses medos deram o nome de fobia.
Estou escrevendo isso porque eu tenho uma fobia dessas também. Vai parecer ridículo, mas eu tenho total agonia de colocar colírio nos olhos. Mas total mesmo, não consigo suportar aquele potinho se aproximando vorazmente do meu campo de visão. Começo a ficar nervosa, a achar que vou ficar cega.
O pior é ter que ouvir coisas do tipo: “ah, Carol. Larga de ser fresca. Como é que você faz quando tem um cisco no olho?” Cisco no olho é diferente. O problema é aquela agüinha estranha que sai daquele potinho assustador. Se bem que acho que teria o mesmo problema com as lentes de contato.
Mas ontem, vencida pela secura, pela ardência e pela vermelhidão nos olhos (sou alérgica, ok?), tive de sucumbir ao colírio. Foi difícil, mas consegui. Fiquei uns 20 minutos no banheiro, aproximando e afastando o potinho. Alguns voluntários ofereceram ajuda, mas é ainda pior quando eu não estou no comando.
Pois é. Essa é minha história. Um viva para mim.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Souvenir
Adoro ganhar lembrancinhas. Não importa se a pessoa trouxe a mesma coisa para todos os 50 amigos. Gosto de estar entre os 50 amigos que vão receber aquele chaveirinho brega ou aquela camiseta “fui à Caldas Novas e lembrei de você”. Se o presente for muito, muito ruim, pode virar pijama (no caso das roupas). Os chaveirinhos e outros bibelôs eu uso mesmo. Geralmente, durante uns três meses, que é quando eles quebram.
Uma coisa que todo mundo já ganhou é fitinha do Senhor do Bonfim da Bahia. E eu não conheço ninguém que jogue a lembrancinha fora. Mesmo quem não gosta de colocar no braço acaba pendurando no carro, na mochila ou na luminária. No fundo, todos acreditam na proteção da fitinha ou, pelo menos, se sentem mal em estar descartando algo abençoado.
Mas se tem um souvenir que eu adoro é o alfajor argentino. Para falar a verdade, até bem pouco tempo atrás, nem sabia que alfajor era lembrancinha. Mas já ganhei a guloseima de dois amigos que foram a Buenos Aires. Certo. Livros e vinhos são caros, melhor presentear com uma coisa que agrada a 99% das pessoas: chocolate.
Uma coisa que todo mundo já ganhou é fitinha do Senhor do Bonfim da Bahia. E eu não conheço ninguém que jogue a lembrancinha fora. Mesmo quem não gosta de colocar no braço acaba pendurando no carro, na mochila ou na luminária. No fundo, todos acreditam na proteção da fitinha ou, pelo menos, se sentem mal em estar descartando algo abençoado.
Mas se tem um souvenir que eu adoro é o alfajor argentino. Para falar a verdade, até bem pouco tempo atrás, nem sabia que alfajor era lembrancinha. Mas já ganhei a guloseima de dois amigos que foram a Buenos Aires. Certo. Livros e vinhos são caros, melhor presentear com uma coisa que agrada a 99% das pessoas: chocolate.
Bem resolvidas
Certa vez li um texto da Martha Medeiros sobre a primeira transa das mulheres. A autora falava que, na verdade, não existe uma idade certa para esse momento, que tudo depende da vontade e da maturidade de cada uma. Claro que Martha escreveu de um jeito muito gostoso de ler e finalizou com uma tirada mais ou menos assim: ok, você pode esperar o príncipe encantado aos 15, 18 ou 20 anos. Mas, pelo amor de Deus, não seja tão exigente aos 25. Você é consciente, mas louca jamais!
É, pode ser.
Ontem, no fim da aula:
Laura – Tô te dizendo: o rapaz te dispensou porque você mandou o torpedo para ele.
Lízia – Mas eu estava realmente afim de conhece-lo. O que mais eu podia fazer?
Laura – Ah, não sei. Eu não faço esse tipo de coisa.
Lízia – Laura, eu não fazia esse tipo de coisa quando tinha 18 anos. Com 34, eu tenho é que correr atrás dos meus objetivos.
Eu – Mas e aí? Vocês se conheceram? Ficaram juntos?
Lízia – Ah, nós saímos algumas vezes sim. Mas acho que a coisa desandou quando eu comecei a tratar dele.
(Lízia é fisioterapeuta e trabalha com estética. O rapaz adquiriu um pacote de 10 sessões para eliminar as gorduras localizadas).
Eu – Mas por que?
Lízia – Não sei. Ele me trata super bem, mas nada de beijo. Bom, pelo menos eu ganhei um paciente...
Eu – É. Bom que você é otimista.
Lízia – Ah, ficar sozinha é um pouco ruim. Mas não estou desesperada. Com essa idade, os homens ficam achando que estamos loucas para casar. Não é bem assim. O próximo namorado não é candidato direto a marido. Tem que passar por uma avaliação.
Eu – Hum.
Lízia – O que a gente mais ouve é: ah, “você tem 34 anos e quer casar. Eu tenho 37 e estou confuso e blá blá blá.” Longe de mim! Se você é confuso com 37 anos, você precisa de tratamento.
É, pode ser.
Ontem, no fim da aula:
Laura – Tô te dizendo: o rapaz te dispensou porque você mandou o torpedo para ele.
Lízia – Mas eu estava realmente afim de conhece-lo. O que mais eu podia fazer?
Laura – Ah, não sei. Eu não faço esse tipo de coisa.
Lízia – Laura, eu não fazia esse tipo de coisa quando tinha 18 anos. Com 34, eu tenho é que correr atrás dos meus objetivos.
Eu – Mas e aí? Vocês se conheceram? Ficaram juntos?
Lízia – Ah, nós saímos algumas vezes sim. Mas acho que a coisa desandou quando eu comecei a tratar dele.
(Lízia é fisioterapeuta e trabalha com estética. O rapaz adquiriu um pacote de 10 sessões para eliminar as gorduras localizadas).
Eu – Mas por que?
Lízia – Não sei. Ele me trata super bem, mas nada de beijo. Bom, pelo menos eu ganhei um paciente...
Eu – É. Bom que você é otimista.
Lízia – Ah, ficar sozinha é um pouco ruim. Mas não estou desesperada. Com essa idade, os homens ficam achando que estamos loucas para casar. Não é bem assim. O próximo namorado não é candidato direto a marido. Tem que passar por uma avaliação.
Eu – Hum.
Lízia – O que a gente mais ouve é: ah, “você tem 34 anos e quer casar. Eu tenho 37 e estou confuso e blá blá blá.” Longe de mim! Se você é confuso com 37 anos, você precisa de tratamento.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Mais que palavras
Uma coisa que eu adoro fazer é observar o jeito que as pessoas falam. Não os sotaques ou erros de português, mas o uso das palavras e expressões. Com essa mania, sempre acabo aprendendo alguma coisa nova. Nem sempre tão útil, é claro.
Hoje, no trabalho:
Apoena – É, isso aí ficou meio fompa.
Eu - ???
Apoena – É, fompa.
Eu – O que é fompa?
Apoena – Sinônimo de fuampa.
Eu – Fuampa?
Apoena – É, coisa ruim, de má qualidade.
Eu – Ah.
Outra coisa que eu acho legal é observar a “magnitude” das palavras. Existem algumas que, carregadas de sentido, acabam se transformando em verdadeiras entidades. A mais emblemática delas é “mercado”. Todo mundo já ouviu falar do Mercado. “Hoje, o Mercado está nervoso” ou então “o Mercado está tranqüilo até mesmo para transações de alto risco”. Imagino o Mercado como um senhor de idade avançada, muito esperto e, obviamente, sacana. O Mercado mora em uma cidade riquíssima da Suíça, vizinho ao Capitalismo e ao Consumo. Todos senhores de muito respeito. Pelo menos aparentemente.
Além do Mercado, outra palavrinha que chama a minha atenção é “imprensa”. A Imprensa e sua irmã gêmea, a Mídia, são geniosas, aproveitadoras e, por vezes, cruéis. Já foram responsáveis pela desgraça de muita gente. Não perdoam. São como urubus atrás de carniça. Mas apesar do caráter duvidoso, ambas são muito procuradas. Geralmente, por pessoas de caráter não menos duvidoso.
De vez em quando, a Imprensa e Mídia fazem uma boa ação, meio que para justificar suas existências. Aí, o Povo, sujeito batalhador e ingênuo, passa a admirar o trabalho das gêmeas. Cuidado, Povo. Muitas vezes, o trabalho da Imprensa e da Mídia é meio, assim, fuampa.
Hoje, no trabalho:
Apoena – É, isso aí ficou meio fompa.
Eu - ???
Apoena – É, fompa.
Eu – O que é fompa?
Apoena – Sinônimo de fuampa.
Eu – Fuampa?
Apoena – É, coisa ruim, de má qualidade.
Eu – Ah.
Outra coisa que eu acho legal é observar a “magnitude” das palavras. Existem algumas que, carregadas de sentido, acabam se transformando em verdadeiras entidades. A mais emblemática delas é “mercado”. Todo mundo já ouviu falar do Mercado. “Hoje, o Mercado está nervoso” ou então “o Mercado está tranqüilo até mesmo para transações de alto risco”. Imagino o Mercado como um senhor de idade avançada, muito esperto e, obviamente, sacana. O Mercado mora em uma cidade riquíssima da Suíça, vizinho ao Capitalismo e ao Consumo. Todos senhores de muito respeito. Pelo menos aparentemente.
Além do Mercado, outra palavrinha que chama a minha atenção é “imprensa”. A Imprensa e sua irmã gêmea, a Mídia, são geniosas, aproveitadoras e, por vezes, cruéis. Já foram responsáveis pela desgraça de muita gente. Não perdoam. São como urubus atrás de carniça. Mas apesar do caráter duvidoso, ambas são muito procuradas. Geralmente, por pessoas de caráter não menos duvidoso.
De vez em quando, a Imprensa e Mídia fazem uma boa ação, meio que para justificar suas existências. Aí, o Povo, sujeito batalhador e ingênuo, passa a admirar o trabalho das gêmeas. Cuidado, Povo. Muitas vezes, o trabalho da Imprensa e da Mídia é meio, assim, fuampa.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Manhã
Fico indignada com a falta de sensibilidade dos políticos brasilienses. Aliás, fico é perplexa com a falta de inteligência das assessorias políticas.
Brasília, 7h56, 20 Cº. O rádio acaba de informar que o trânsito na EPTG está um caos, não muito diferente da BR 040 e da Estrada Parque Vicente Pires. Sobre a descida do Colorado, o comentário foi modesto: grande fluxo de veículos no sentido Plano Piloto. Pontos de retenção e dor de cabeça. Na minha frente, o caminhão solta uma fumaça preta e densa toda vez que consegue avançar alguns metros. Um verdadeiro progresso.
Penso que ainda vou demorar uns 20 minutos para chegar no trabalho. Meu horário de entrada é 8h. E já são 8h05. Quando decido olhar para cima e contemplar a beleza do céu azul, vejo aquela placa grande e vistosa: “A Câmara Legislativa economizou e você ganhou novas estações do metrô”. Um viva para a Câmara Legislativa. Tirando o detalhe que a estação de metrô mais próxima está a, pelo menos, 20 quilômetros de distância.
Aí já são 8h10. O rádio fala sobre um deputado que usou dinheiro público para ir aos Estados Unidos se encontrar com um pastor. É, talvez os pastores norte-americanos tenham muito a acrescentar ao desenvolvimento do Distrito Federal. O tal deputado ainda revoltou-se com o pedido de investigação feito por um suposto adversário político. Imagine, que bobagem. Apurar os gastos de um parlamentar! Não sei o que esse povo tem na cabeça.
Brasília, 7h56, 20 Cº. O rádio acaba de informar que o trânsito na EPTG está um caos, não muito diferente da BR 040 e da Estrada Parque Vicente Pires. Sobre a descida do Colorado, o comentário foi modesto: grande fluxo de veículos no sentido Plano Piloto. Pontos de retenção e dor de cabeça. Na minha frente, o caminhão solta uma fumaça preta e densa toda vez que consegue avançar alguns metros. Um verdadeiro progresso.
Penso que ainda vou demorar uns 20 minutos para chegar no trabalho. Meu horário de entrada é 8h. E já são 8h05. Quando decido olhar para cima e contemplar a beleza do céu azul, vejo aquela placa grande e vistosa: “A Câmara Legislativa economizou e você ganhou novas estações do metrô”. Um viva para a Câmara Legislativa. Tirando o detalhe que a estação de metrô mais próxima está a, pelo menos, 20 quilômetros de distância.
Aí já são 8h10. O rádio fala sobre um deputado que usou dinheiro público para ir aos Estados Unidos se encontrar com um pastor. É, talvez os pastores norte-americanos tenham muito a acrescentar ao desenvolvimento do Distrito Federal. O tal deputado ainda revoltou-se com o pedido de investigação feito por um suposto adversário político. Imagine, que bobagem. Apurar os gastos de um parlamentar! Não sei o que esse povo tem na cabeça.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Dieta
Estou há semanas falando para meu instrutor da academia: “Andrey, tem alguma coisa errada. Minhas calças não fecham.” E ele sempre dizendo que eu estava ficando forte, que os resultados viriam na próxima avaliação física. Pois bem. Ontem eu fiz minha avaliação física.
Eu – Pode falar, Andrey. Não me poupe.
Andrey – É, Carol. A coisa não está nada boa.
E fez o diagnóstico com aquela cara resignada, triste até.
Andrey – Você ganhou 2,5 kg. Desses, 1,7 são gordura.
OK. Já estava preparada para isso. Pense bem, podia ser pior. Podiam ser todos os 2,5 kg de gordura. Bem, não importa. Chega de tapar o sol com a peneira. Vamos cortar de vez as porcarias. Inclusive o pão de queijo. Sei que é radical, mas não dá para tomar cerveja e comer pão de queijo. É preciso escolher.
Liguei para o meu pai assim que saí da academia.
Eu – Pai, você pode comprar umas frutas lá para casa?
Pai – Posso, claro. Mas por que esse pedido assim, essa hora?
Eu – Estou uma bola, pai. Preciso comer coisas saudáveis.
Pai – Tá bom.
Eu – Valeu, pai. Beijo.
Pai – Tchau, gorda.
Aí hoje estou exemplar. Só depois do almoço já passaram aqui na Secom o vendedor de picolé, a moça dos bombons e a do alfojor. Resisti bravamente. E a expectativa é que ainda venham o vendedor de empadas e a Chiquinha oferecendo pão de queijo. Não quero nem saber. Meu pêssego está com uma cara ótima.
Eu – Pode falar, Andrey. Não me poupe.
Andrey – É, Carol. A coisa não está nada boa.
E fez o diagnóstico com aquela cara resignada, triste até.
Andrey – Você ganhou 2,5 kg. Desses, 1,7 são gordura.
OK. Já estava preparada para isso. Pense bem, podia ser pior. Podiam ser todos os 2,5 kg de gordura. Bem, não importa. Chega de tapar o sol com a peneira. Vamos cortar de vez as porcarias. Inclusive o pão de queijo. Sei que é radical, mas não dá para tomar cerveja e comer pão de queijo. É preciso escolher.
Liguei para o meu pai assim que saí da academia.
Eu – Pai, você pode comprar umas frutas lá para casa?
Pai – Posso, claro. Mas por que esse pedido assim, essa hora?
Eu – Estou uma bola, pai. Preciso comer coisas saudáveis.
Pai – Tá bom.
Eu – Valeu, pai. Beijo.
Pai – Tchau, gorda.
Aí hoje estou exemplar. Só depois do almoço já passaram aqui na Secom o vendedor de picolé, a moça dos bombons e a do alfojor. Resisti bravamente. E a expectativa é que ainda venham o vendedor de empadas e a Chiquinha oferecendo pão de queijo. Não quero nem saber. Meu pêssego está com uma cara ótima.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Pobres animais
Fiquei horrorizada ontem na minha aula quando descobri que vacas não fazem sexo. A incrível tecnologia de reprodução animal assistida tirou esse que devia ser um dos únicos prazeres dos pobres bovinos. Sim, porque além de nos darem leite e bifinhos – para não falar daquela picanha esperta no churrasco dominical – elas agora doam seus óvulos, ovócitos, úteros e espermatozóides (no caso dos machos) para a produção de exemplares cada vez melhores.
Aí eu fiquei com vontade de perguntar para o professor se o consumo de carne de vaca que não faz sexo poderia nos fazer algum mal no futuro. Acabei não perguntando. Mas saí da aula com vontade de virar vegetariana, só para não contribuir com essa absurda exploração dos animais. Lembrei do professor justificando: “Com essas manipulações, podemos fazer a vaquinha gerar 30 filhotes, coisa que ela jamais faria em sua vida reprodutiva normal.” É. Nem as vaquinhas têm vida reprodutiva normal.
Se bem que fiquei horrorizada também ao assistir, sem qualquer cerimônia, a reprodução natural das galinhas. Depois de alguns dias num sítio, cheguei à conclusão que galos são os seres mais insensíveis do mundo animal. A galinha fica lá, de boa, ciscando, e o galo chega por trás e créu. Quando você pisca o olho, o bicho já desmontou da galinha e foi embora, sem sequer dizer um “foi bom pra você, baby?”. Não, não. Muito desapego para a minha cabeça.
Legal mesmo é o sexo daqueles animais grandões, tipo elefantes e baleias. Nesses casos, nem que o macho queira dá para ser insensível. Só do trabalho que dá para chegar na fêmea...
Aí eu fiquei com vontade de perguntar para o professor se o consumo de carne de vaca que não faz sexo poderia nos fazer algum mal no futuro. Acabei não perguntando. Mas saí da aula com vontade de virar vegetariana, só para não contribuir com essa absurda exploração dos animais. Lembrei do professor justificando: “Com essas manipulações, podemos fazer a vaquinha gerar 30 filhotes, coisa que ela jamais faria em sua vida reprodutiva normal.” É. Nem as vaquinhas têm vida reprodutiva normal.
Se bem que fiquei horrorizada também ao assistir, sem qualquer cerimônia, a reprodução natural das galinhas. Depois de alguns dias num sítio, cheguei à conclusão que galos são os seres mais insensíveis do mundo animal. A galinha fica lá, de boa, ciscando, e o galo chega por trás e créu. Quando você pisca o olho, o bicho já desmontou da galinha e foi embora, sem sequer dizer um “foi bom pra você, baby?”. Não, não. Muito desapego para a minha cabeça.
Legal mesmo é o sexo daqueles animais grandões, tipo elefantes e baleias. Nesses casos, nem que o macho queira dá para ser insensível. Só do trabalho que dá para chegar na fêmea...
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Salada de frutas
Quem passa o dia na UnB sofre com a falta de opções gastronômicas. Não vou entrar no mérito de coxinhas azedas e sanduíches naturais vencidos (minha chefe conta que já encontrou uma mosca morta dentro de um enroladinho de queijo). Vou falar das ínfimas tentativas de alimentação saudável no campus: o açaí e a salada de frutas.
O primeiro nunca me inspirou muita confiança. Depois daquela história mal de Chagas, fico sempre com o pé atrás para comer açaí. Ainda mais aquele do Minhocão. Mas confesso que a salada de frutas me desperta certo interesse. Talvez porque ainda tenho aquela preguiçinha de descascar as frutas, cortar em pedacinhos e deixa-las muito mais apetitosas do que realmente são.
A primeira vez que comi a dita cuja, fiz uma encomenda para o pessoal que foi ao ICC comprar lanche. Me pediram R$ 2 e eu, ingenuamente, imaginei que viria aquela saladona. Chegou um potinho (bem inho mesmo) com banana e maça. Mentira. Dois pedaços de mamão também.
Depois, decidi abandonar esse hábito saudável. Me joguei de cabeça no pão de queijo e nos folhados. Não é por nada que minha pochete cresceu a olhos vistos. Até que conheci a maravilhosa salada de frutas da dona Ivone. O pote é realmente grande e a propaganda também: banana, maçã, mamão, manga, morango, kiwi, leite condensado e granola. Uau. Uma delícia.
Mas, na prática, o que vem mesmo é a banana, a maçã, o mamão e um pedaço de kiwi ou de manga ou de morango. Já me conformei. Só que hoje dona Ivone quis me surpreender: além das tradicionais, mandou dois pedaços de morango, dois de manga e um de kiwi! Tudo no mesmo pote! O problema é que a granola foi tão regrada que acabou na segunda colher. No final, só sobrou a maçã e a banana (sempre elas!) boiando numa mistura de água com leite condensado.
O primeiro nunca me inspirou muita confiança. Depois daquela história mal de Chagas, fico sempre com o pé atrás para comer açaí. Ainda mais aquele do Minhocão. Mas confesso que a salada de frutas me desperta certo interesse. Talvez porque ainda tenho aquela preguiçinha de descascar as frutas, cortar em pedacinhos e deixa-las muito mais apetitosas do que realmente são.
A primeira vez que comi a dita cuja, fiz uma encomenda para o pessoal que foi ao ICC comprar lanche. Me pediram R$ 2 e eu, ingenuamente, imaginei que viria aquela saladona. Chegou um potinho (bem inho mesmo) com banana e maça. Mentira. Dois pedaços de mamão também.
Depois, decidi abandonar esse hábito saudável. Me joguei de cabeça no pão de queijo e nos folhados. Não é por nada que minha pochete cresceu a olhos vistos. Até que conheci a maravilhosa salada de frutas da dona Ivone. O pote é realmente grande e a propaganda também: banana, maçã, mamão, manga, morango, kiwi, leite condensado e granola. Uau. Uma delícia.
Mas, na prática, o que vem mesmo é a banana, a maçã, o mamão e um pedaço de kiwi ou de manga ou de morango. Já me conformei. Só que hoje dona Ivone quis me surpreender: além das tradicionais, mandou dois pedaços de morango, dois de manga e um de kiwi! Tudo no mesmo pote! O problema é que a granola foi tão regrada que acabou na segunda colher. No final, só sobrou a maçã e a banana (sempre elas!) boiando numa mistura de água com leite condensado.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Começa assim
Ou mais ou menos assim. No samba:
Ele – Oi, vamos dançar?
Eu – Vamos!
Ele – Desculpa, é que eu não sou muito bom nisso.
Eu – Relaxa, você está indo bem.
Ele – Qual é o seu nome?
Eu – Carol, e o seu?
Ele – Luiz.
Eu – Prazer, Luiz. Vou lá pegar uma bebida com a minha amiga, depois a gente dança outra.
Ele – Tá bom.
Indo embora:
Cara – Oi, espera aí! Meu amigo tá apaixonado por você.
Eu – Ah, sim. Claro.
Cara – É sério! Ele dançou com você e... olha ele aí!
Eu – Oi.
Ele – Que que você tá falando pra ela?!
Cara – Nada.
Eu – Então. To indo embora. Tá tarde. Amanhã a gente tem que trabalhar, né Camila?
Camila – É.
Eu – Pois é. A gente se encontra por aí qualquer dia desses.
Ele – Não. Espera um pouco. Queria conversar com você.
Eu – Mas é que eu to indo embora.
Ele – Então me dá seu telefone.
Eu – Não.
Ele – E como eu faço par falar com você?
Eu – Ah, não sei. Te dou meu e-mail. Pode ser?
Ele – Pode.
Eu – Anota aí: carolsssv@hotmail.com.
Ele – Beleza, então.
Eu – Tchau.
Ele – Tchau. Boa noite!
...
Eu – Eu, hein. Quero ir embora. Tô cansada, sem paciência.
Camila – Mas até que ele era bonitinho...
Eu – É. Não sei. Não reparei direito.
Ele – Oi, vamos dançar?
Eu – Vamos!
Ele – Desculpa, é que eu não sou muito bom nisso.
Eu – Relaxa, você está indo bem.
Ele – Qual é o seu nome?
Eu – Carol, e o seu?
Ele – Luiz.
Eu – Prazer, Luiz. Vou lá pegar uma bebida com a minha amiga, depois a gente dança outra.
Ele – Tá bom.
Indo embora:
Cara – Oi, espera aí! Meu amigo tá apaixonado por você.
Eu – Ah, sim. Claro.
Cara – É sério! Ele dançou com você e... olha ele aí!
Eu – Oi.
Ele – Que que você tá falando pra ela?!
Cara – Nada.
Eu – Então. To indo embora. Tá tarde. Amanhã a gente tem que trabalhar, né Camila?
Camila – É.
Eu – Pois é. A gente se encontra por aí qualquer dia desses.
Ele – Não. Espera um pouco. Queria conversar com você.
Eu – Mas é que eu to indo embora.
Ele – Então me dá seu telefone.
Eu – Não.
Ele – E como eu faço par falar com você?
Eu – Ah, não sei. Te dou meu e-mail. Pode ser?
Ele – Pode.
Eu – Anota aí: carolsssv@hotmail.com.
Ele – Beleza, então.
Eu – Tchau.
Ele – Tchau. Boa noite!
...
Eu – Eu, hein. Quero ir embora. Tô cansada, sem paciência.
Camila – Mas até que ele era bonitinho...
Eu – É. Não sei. Não reparei direito.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Cantadas
Esses tempos, um amigo me apresentou um gringo que decidiu morar no Brasil. O amigo disse que era para eu ensinar uma palavra ou expressão em português, mas que não fosse nada chulo. Dessa tarefa os meninos já tinham se encarregado. E veio com aquela recomendação: “Carol, vê se ensina alguma coisa massa para ele chegar em alguma gatinha”.
Depois de pensar e discutir o assunto com uma amiga, falei para meu amigo qual frase iria ensinar. OK, não era nada fantástico. Mas pelo menos não era tosco. Serviria para o gringo desajeitado ganhar um sorrisinho, no mínimo. Mas meu amigo disse que era muito bobo, bonitinho demais. “Carol, vão achar que ele é gay”.
Bom, eu não acharia. Mas depois dessa descobri que poucos homens entendem o poder da cantada. E pouquíssimos sabem usa-la. Quase nenhum, para falar a verdade.
Ontem, durante o alongamento:
Cara 1– Puxa! Mas que elasticidade, hein!
Ai. Claro que quando virei estava um horroroso me olhando como se tivesse feito uma declaração de amor.
Mais tarde, no almoço:
Cara 2 – Que prato perfeitinho, hein! Só salada! Tem um franguinho aí? Ah, tem! Tá de parabéns!
Tenho certeza que os dois caras são irmãos! Só pode!
Depois de pensar e discutir o assunto com uma amiga, falei para meu amigo qual frase iria ensinar. OK, não era nada fantástico. Mas pelo menos não era tosco. Serviria para o gringo desajeitado ganhar um sorrisinho, no mínimo. Mas meu amigo disse que era muito bobo, bonitinho demais. “Carol, vão achar que ele é gay”.
Bom, eu não acharia. Mas depois dessa descobri que poucos homens entendem o poder da cantada. E pouquíssimos sabem usa-la. Quase nenhum, para falar a verdade.
Ontem, durante o alongamento:
Cara 1– Puxa! Mas que elasticidade, hein!
Ai. Claro que quando virei estava um horroroso me olhando como se tivesse feito uma declaração de amor.
Mais tarde, no almoço:
Cara 2 – Que prato perfeitinho, hein! Só salada! Tem um franguinho aí? Ah, tem! Tá de parabéns!
Tenho certeza que os dois caras são irmãos! Só pode!
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Crianças
Tenho que contar um segredo. OK, nem tão segredo assim. É que todas as vezes que falo desse assunto, as pessoas ficam me olhando como se eu fosse um animal exótico no zoológico. Bem, lá vai: eu tinha cinco (eu disse cinco!) amigos imaginários na infância. Pronto. Esse é o grande segredo.
Minha mãe diz que é comum crianças criarem a figura do amigo imaginário. Aquela pessoa que está sempre do lado e que, geralmente, é culpada pelas “artes” que o menino/menina faz. Sujou a roupa? Não fui eu, foi o fulaninho. Esqueceu de fazer o dever? Que coisa, falei para o fulaninho que ele tinha que estudar. Porém, reconhece minha mãe, o normal é que a criança tenha um amigo imaginário. Não cinco. Talvez eu seja digna de um estudo de caso de psicologia.
Bom, estou falando isso porque sábado passado fui à casa da vó da Ana e conheci uma garotinha super fofa, prima da Ana. Além de esperta e falante, a menina já está aprendendo a falar inglês. Com dois anos! Quando ela tiver 20, vai ser poliglota.
Moça – Cecília, vamos tomar banho...
Garotinha – Ah, não.
Ana – Vai lá, florzinha. Quando você voltar, a gente brinca.
Garotinha – Tá bom. Vou levar meu aquafresh!
O “aquafresh” é um pedaço de madeira verde de cerca de 20 centímetros, parece uma régua. Só que sem os números.
Moça – Agora vamos lanchar, Cecília.
Garotinha – Ah, não...
Eu – Vai lá, Cecília. Pra você ficar forte e poder brincar mais.
Garotinha – Tá bom. Vou deixar meu aquafresh aqui com vocês.
Ana – Pode deixar.
...
Eu – Aquafresh? De onde ela tirou isso?
Ana – Sei lá. Não vou nem encostar, vai que ele faz alguma coisa, né...
Minha mãe diz que é comum crianças criarem a figura do amigo imaginário. Aquela pessoa que está sempre do lado e que, geralmente, é culpada pelas “artes” que o menino/menina faz. Sujou a roupa? Não fui eu, foi o fulaninho. Esqueceu de fazer o dever? Que coisa, falei para o fulaninho que ele tinha que estudar. Porém, reconhece minha mãe, o normal é que a criança tenha um amigo imaginário. Não cinco. Talvez eu seja digna de um estudo de caso de psicologia.
Bom, estou falando isso porque sábado passado fui à casa da vó da Ana e conheci uma garotinha super fofa, prima da Ana. Além de esperta e falante, a menina já está aprendendo a falar inglês. Com dois anos! Quando ela tiver 20, vai ser poliglota.
Moça – Cecília, vamos tomar banho...
Garotinha – Ah, não.
Ana – Vai lá, florzinha. Quando você voltar, a gente brinca.
Garotinha – Tá bom. Vou levar meu aquafresh!
O “aquafresh” é um pedaço de madeira verde de cerca de 20 centímetros, parece uma régua. Só que sem os números.
Moça – Agora vamos lanchar, Cecília.
Garotinha – Ah, não...
Eu – Vai lá, Cecília. Pra você ficar forte e poder brincar mais.
Garotinha – Tá bom. Vou deixar meu aquafresh aqui com vocês.
Ana – Pode deixar.
...
Eu – Aquafresh? De onde ela tirou isso?
Ana – Sei lá. Não vou nem encostar, vai que ele faz alguma coisa, né...
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Big Brother
Às vezes eu acho que a Virgínia usa drogas pesadas (ela vai me matar por escrever isso! haha!). Ela diz que não, mas estou pra conhecer alguém que viaje mais do que ela.
Hoje, no trabalho:
Vi – Carol, eu acho que você devia se inscrever no Big Brother.
Eu – O quê?!
Vi – Sério, você tem chance de entrar...
Eu – Ai, Vi. De onde você tirou essa idéia?
Vi – Ah, não sei. Seu jeito, assim, acho que ia dar Ibope.
Eu – Claro que não! Eu ia ser eliminada na primeira semana. Ia ser aquelas pseudo famosas que ninguém lembra. O Leo concorda comigo, né Leo?
Leo – Relaxa, Carol. Na primeira semana ia ser tudo festa, todo mundo se adorando. Era só você controlar seu mau humor matinal.
Não retruquei. Mas queria deixar registrado que não tem nada de mau humor matinal. Existe uma espécie de pacto: O Leo agüenta minhas patadas e eu, as dele. Só isso.
Hoje, no trabalho:
Vi – Carol, eu acho que você devia se inscrever no Big Brother.
Eu – O quê?!
Vi – Sério, você tem chance de entrar...
Eu – Ai, Vi. De onde você tirou essa idéia?
Vi – Ah, não sei. Seu jeito, assim, acho que ia dar Ibope.
Eu – Claro que não! Eu ia ser eliminada na primeira semana. Ia ser aquelas pseudo famosas que ninguém lembra. O Leo concorda comigo, né Leo?
Leo – Relaxa, Carol. Na primeira semana ia ser tudo festa, todo mundo se adorando. Era só você controlar seu mau humor matinal.
Não retruquei. Mas queria deixar registrado que não tem nada de mau humor matinal. Existe uma espécie de pacto: O Leo agüenta minhas patadas e eu, as dele. Só isso.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Papo nerd
O portal da UnB tem um espaço que reúne crônicas semanais, agora escritas por duas professoras da universidade. A idéia inicial da página é muito legal: reunir textos sobre o campus com ilustrações feitas por alunos, ex-alunos ou docentes da UnB. Na prática, porém, a coisa não funciona tão bem assim. Além de ser super trabalhoso colocar as crônicas no ar – o sistema é complicado, confesso que demorei meses para aprender como funciona – quase nunca encontramos almas caridosas e dispostas a fazer a tal ilustração.
Bem, não importa. O que eu quero dizer é que eu gostei muito da última crônica. Da imagem também. Está em http://www.unb.br/cronicas/index.php#83. A professora conta como foi o dia em que foi verificar seu tempo de serviço na UnB. Como se sentiu, o que disse, o que pretendia fazer quando se aposentasse. Tem gente que não gosta desse tipo de texto, mas eu acho super legal. É como se o autor estivesse dando uma parte da sua vida para o leitor.
Uma das coisas que ela escreveu me fez lembrar o quanto eu ando sem tempo pra nada. E quando eu tenho tempo, arranjo mil coisas para fazer. Ficar parada me deixa com alergia. Mas, enfim, queria mais tempo para ler. Ganhei de aniversário um livro que sempre quis: Cem anos de solidão, do Gabriel García Márquez. Minha mãe diz que é a obra favorita dela, o que já é um bom motivo para dar uma conferida.
Há um tempo atrás, eu lia vorazmente. Graças ao Igão, conheci muitos livros bons, desde romances a histórias de traficantes, passando pelos clássicos. Aliás, aprendi uma coisa sobre os clássicos. Muitos são uma porcaria. Continuam clássicos por um certo status, aquela coisa cult, algo como “o quê?! Você nunca leu Saramago?”, acompanhado daquela cara de “estou olhando para um ET”.
Saramago eu li, e muito. Por enquanto, é meu autor favorito. Leria tudo de novo. Mas tem um clássico que não dá certo: Dostoievski. Lembro que, depois de muita insistência do Igão, decidi que leria “Crime e castigo”. Demorei quase três meses pra terminar, eram muitas páginas com as letras pequenininhas.
O começo é muito bom. Você quebra a cabeça para entender porque os personagens tomam certas atitudes, se tem algum mistério na história. Mas, no final, fiquei decepcionadíssima. Não acreditei que o grande clássico da literatura internacional terminava daquele jeito, tão normal.
Vai ver é assim mesmo. Igual no filme que eu vi domingo, por insistência da Ana: Kung Fu Panda. Ótimo, por sinal. A mensagem que fica é: as coisas não têm nenhum segredo especial. Ser você mesmo é ser especial.
Bem, não importa. O que eu quero dizer é que eu gostei muito da última crônica. Da imagem também. Está em http://www.unb.br/cronicas/index.php#83. A professora conta como foi o dia em que foi verificar seu tempo de serviço na UnB. Como se sentiu, o que disse, o que pretendia fazer quando se aposentasse. Tem gente que não gosta desse tipo de texto, mas eu acho super legal. É como se o autor estivesse dando uma parte da sua vida para o leitor.
Uma das coisas que ela escreveu me fez lembrar o quanto eu ando sem tempo pra nada. E quando eu tenho tempo, arranjo mil coisas para fazer. Ficar parada me deixa com alergia. Mas, enfim, queria mais tempo para ler. Ganhei de aniversário um livro que sempre quis: Cem anos de solidão, do Gabriel García Márquez. Minha mãe diz que é a obra favorita dela, o que já é um bom motivo para dar uma conferida.
Há um tempo atrás, eu lia vorazmente. Graças ao Igão, conheci muitos livros bons, desde romances a histórias de traficantes, passando pelos clássicos. Aliás, aprendi uma coisa sobre os clássicos. Muitos são uma porcaria. Continuam clássicos por um certo status, aquela coisa cult, algo como “o quê?! Você nunca leu Saramago?”, acompanhado daquela cara de “estou olhando para um ET”.
Saramago eu li, e muito. Por enquanto, é meu autor favorito. Leria tudo de novo. Mas tem um clássico que não dá certo: Dostoievski. Lembro que, depois de muita insistência do Igão, decidi que leria “Crime e castigo”. Demorei quase três meses pra terminar, eram muitas páginas com as letras pequenininhas.
O começo é muito bom. Você quebra a cabeça para entender porque os personagens tomam certas atitudes, se tem algum mistério na história. Mas, no final, fiquei decepcionadíssima. Não acreditei que o grande clássico da literatura internacional terminava daquele jeito, tão normal.
Vai ver é assim mesmo. Igual no filme que eu vi domingo, por insistência da Ana: Kung Fu Panda. Ótimo, por sinal. A mensagem que fica é: as coisas não têm nenhum segredo especial. Ser você mesmo é ser especial.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Tempos modernos
A revolução feminista abriu uma série de oportunidades para as mulheres. Uma série de problemas também. Sim, porque além de sermos lindas, gostosas, carinhosas, boas mães, namoradas e/ou esposas, temos de ser inteligentes e bem sucedidas. Tudo isso em dias que não têm mais que 24 horas.
Mas apesar de toda essa multifuncionalidade, eu acho massa demais ter nascido mulher na época em que nasci. Claro que algumas coisas à moda antiga são simplesmente irresistíveis e devem ser cultivadas para a posteridade. Não há feminismo que resista a gentilezas como flores e surpresas. Mas o bom de viver hoje é que não tenho vergonha alguma de manifestar as coisas que eu quero. E as que eu não quero também.
Esses tempos, numa festa:
Eu – Tenho que te falar uma coisa. Na verdade, não tenho que te falar. Mas vou me sentir melhor se eu falar.
Ele - ...
Eu – Tô ficando com um cara.
Ele – Hum.
Eu – Tá, era só isso.
Ele – Mas isso atrapalha o nosso lance?
Eu – Como assim?
Ele – É, posso continuar te ligando?
Eu – Não. Quer dizer, se você quiser ligar pra conversar, assim, como amigos, tudo bem.
Ele – Hum.
Eu – “Hum” o quê?
Ele – Não é mais pra te ligar, então?
Eu – Uai. Você que sabe. Já te falei.
Ele – Então tá. Não vou mais ligar.
Eu – Tudo bem.
Ele – Tem certeza?
Eu – Faz assim: se eu quiser falar com você, eu te ligo.
OK. Consigo lidar com várias coisas. Mas tem gente que é moderna demais pra mim.
Mas apesar de toda essa multifuncionalidade, eu acho massa demais ter nascido mulher na época em que nasci. Claro que algumas coisas à moda antiga são simplesmente irresistíveis e devem ser cultivadas para a posteridade. Não há feminismo que resista a gentilezas como flores e surpresas. Mas o bom de viver hoje é que não tenho vergonha alguma de manifestar as coisas que eu quero. E as que eu não quero também.
Esses tempos, numa festa:
Eu – Tenho que te falar uma coisa. Na verdade, não tenho que te falar. Mas vou me sentir melhor se eu falar.
Ele - ...
Eu – Tô ficando com um cara.
Ele – Hum.
Eu – Tá, era só isso.
Ele – Mas isso atrapalha o nosso lance?
Eu – Como assim?
Ele – É, posso continuar te ligando?
Eu – Não. Quer dizer, se você quiser ligar pra conversar, assim, como amigos, tudo bem.
Ele – Hum.
Eu – “Hum” o quê?
Ele – Não é mais pra te ligar, então?
Eu – Uai. Você que sabe. Já te falei.
Ele – Então tá. Não vou mais ligar.
Eu – Tudo bem.
Ele – Tem certeza?
Eu – Faz assim: se eu quiser falar com você, eu te ligo.
OK. Consigo lidar com várias coisas. Mas tem gente que é moderna demais pra mim.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Suspiros
Vou escrever uma coisa muito, muito brega:
A paixão me pegou
tentei escapar, não consegui
nas grades do meu coração
sem querer eu te prendi
A paixão me pegou
tentei escapar, não consegui
nas grades do meu coração
sem querer eu te prendi
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Vamos estar ligando...
Toda vez que eu fico descontente ou desestimulada com o meu trabalho, aparece alguém para me lembrar que existem empregos realmente chatos. Não vou entrar no mérito de profissões como criador de porcos ou desentupidor de fossas. Estou falando de gente que, como eu, passa o dia sentada. Agora pouco, por exemplo, acabei de receber a ligação de um atendente de telemarketing.
O rapaz parecia muito empenhado em me convencer que a Vivo é a melhor operadora de celular do planeta. Quis saber meu nome, quanto eu pagava por mês. Chegou a me oferecer um aparelho novo! O que ia ser ótimo, levando em conta que meu telefone vai de mal a pior, eu cada vez tendo de me esforçar mais para entender o que as pessoas estão dizendo do outro lado da linha. (Confesso, isso é culpa minha. Pouco tempo depois de estar com o aparelho, ele sofreu uma queda brusca. Em um momento de alta tensão – entrando no carro, escrevendo, falando no celular e pegando as moedas para o flanelinha, tudo ao mesmo tempo – o celular despencou e quase foi atropelado por um carro. Depois disso, nunca mais foi o mesmo).
Justamente por causa dessa dificuldade em ouvir os interlocutores, fico sem a menor paciência para papos muito complicados. Ainda mais quando se trata de alguém tentando me vender algo, apresentando o mundo maravilhoso das vantagens que só a Vivo tem para você.
Eu – Moço. Faz assim: me manda essas informações por e-mail. Pode ser?
Ele – Mas eu não tenho como negociar as vantagens com a senhora por e-mail.
Senhora. Tudo bem. Acabei de fazer 23 anos. Quando eu tiver 60, vão me chamar de anciã.
Eu – Então me liga outra hora. Daqui uns dois meses. Minha fidelidade com a Tim acaba em agosto, eu acho.
Ele – Tudo bem. Tem algum horário que é melhor para falar com a senhora?
03h17 da madrugada. Nem um minuto a mais. Foi o que eu pensei. Mas achei que ia ser um pouco rude falar com o rapaz desse jeito.
Eu – Hum. Final de semana. É, final de semana é melhor.
Não sei de onde eu tirei essa idéia. Vou ficar muito mau-humorada se alguém da Vivo quiser bater papo num sábado. De manhã, então, vou ficar fula.
O rapaz parecia muito empenhado em me convencer que a Vivo é a melhor operadora de celular do planeta. Quis saber meu nome, quanto eu pagava por mês. Chegou a me oferecer um aparelho novo! O que ia ser ótimo, levando em conta que meu telefone vai de mal a pior, eu cada vez tendo de me esforçar mais para entender o que as pessoas estão dizendo do outro lado da linha. (Confesso, isso é culpa minha. Pouco tempo depois de estar com o aparelho, ele sofreu uma queda brusca. Em um momento de alta tensão – entrando no carro, escrevendo, falando no celular e pegando as moedas para o flanelinha, tudo ao mesmo tempo – o celular despencou e quase foi atropelado por um carro. Depois disso, nunca mais foi o mesmo).
Justamente por causa dessa dificuldade em ouvir os interlocutores, fico sem a menor paciência para papos muito complicados. Ainda mais quando se trata de alguém tentando me vender algo, apresentando o mundo maravilhoso das vantagens que só a Vivo tem para você.
Eu – Moço. Faz assim: me manda essas informações por e-mail. Pode ser?
Ele – Mas eu não tenho como negociar as vantagens com a senhora por e-mail.
Senhora. Tudo bem. Acabei de fazer 23 anos. Quando eu tiver 60, vão me chamar de anciã.
Eu – Então me liga outra hora. Daqui uns dois meses. Minha fidelidade com a Tim acaba em agosto, eu acho.
Ele – Tudo bem. Tem algum horário que é melhor para falar com a senhora?
03h17 da madrugada. Nem um minuto a mais. Foi o que eu pensei. Mas achei que ia ser um pouco rude falar com o rapaz desse jeito.
Eu – Hum. Final de semana. É, final de semana é melhor.
Não sei de onde eu tirei essa idéia. Vou ficar muito mau-humorada se alguém da Vivo quiser bater papo num sábado. De manhã, então, vou ficar fula.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Cara limpa
Que me desculpem os especialistas, mas a melhor maquiagem do mundo é a felicidade. Você pode dispor dos melhores produtos estéticos, corretivo, base, blush, rímel, delineador. Se a alma não vai bem, qualquer beleza acaba ofuscada por uma nuvem cinza.
Nunca me esqueço do dia em que minha melhor amiga me disse: “Ana (é, ela me chama de Ana), você está bizarra, com olheiras e cabelo desgrenhado. Mas tô pra me lembrar do dia em que você esteve tão bonita. Você tá radiante”. Acho que era julho de alguns anos atrás.
Hoje me sinto mais ou menos assim. Estou parecendo um urso panda, mas feliz da vida. Tentei dormir cedo ontem, mas uma surpresa muito boa modificou meus planos. Tentei caprichar no corretivo, mas ele foi embora quando eu chorei hoje de manhã. É assim. Vivendo cada momento. Como diz uma música que eu gosto muito:
É bom andar a pé
sem sapato, sem direção à toa
na cabeça o sol
um boné
É bom andar a pé
devagar para aguentar o calor
e olhar a vista pro mar
melhor
Nunca me esqueço do dia em que minha melhor amiga me disse: “Ana (é, ela me chama de Ana), você está bizarra, com olheiras e cabelo desgrenhado. Mas tô pra me lembrar do dia em que você esteve tão bonita. Você tá radiante”. Acho que era julho de alguns anos atrás.
Hoje me sinto mais ou menos assim. Estou parecendo um urso panda, mas feliz da vida. Tentei dormir cedo ontem, mas uma surpresa muito boa modificou meus planos. Tentei caprichar no corretivo, mas ele foi embora quando eu chorei hoje de manhã. É assim. Vivendo cada momento. Como diz uma música que eu gosto muito:
É bom andar a pé
sem sapato, sem direção à toa
na cabeça o sol
um boné
É bom andar a pé
devagar para aguentar o calor
e olhar a vista pro mar
melhor
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Hematomas
Tenho um problema muito sério com batidas e pancadas. Não sei como, sempre acabo esbarrando em coisas que se colocam na frente dos meus braços e pernas. O resultado é que fico cheia de manchas que começam avermelhadas, ficam azuis e depois roxas. Um show. Minha mãe disse que é de família: falta de coordenação e de controle dos movimentos. Meu instrutor da academia limitou-se a me sacanear: “Ah, é por isso que você tem essas mechas loiras no cabelo”.
Atualmente, estou com um hematoma no braço direito, dois na coxa esquerda e um muito grande na canela direita. Os da coxa eu até sei como foram. Minha mesa do trabalho é daquelas que tem o suporte para teclado. Quase sempre esqueço disso e decido cruzar as pernas para, invariavelmente, enfiar a coxa na quina e soltar aquele palavrão reprovável.
Por conta de toda essa situação, ontem decidi que compraria gel de arnica. Um amigo disse que é muito bom para hematomas e outras coisas mais. Só não recomendou o uso em hemorróidas. Acreditem, ele já fez essa experiência, fato que garante muitas risadas em mesas de bar.
Mas a farmácia perto da minha casa não vendia gel de arnica. O atendente tentou me empurrar uma outra pomada específica para o problema. Me recusei veementemente. Afinal, eu só queria diminuir as manchas, nada que justificasse o investimento de R$ 22.
Me arrependi de não ter comprado a tal pomadinha menos de uma hora depois. Foi quando eu escorreguei no chuveiro e dei com o joelho no box. Xinguei até a quinta geração do box, como se ele tivesse alguma culpa de estar ali, cumprindo sua função de não alagar o banheiro. Pelo menos, a pancada foi no joelho, que raramente fica roxo.
Pois é, tenho que prestar mais atenção nas coisas à minha frente. Minhas pernas parecem uma obra de arte petit poá (não sei se é assim que escreve). Lindo. Amarelo (por causa da falta de sol) com bolinhas roxas.
Atualmente, estou com um hematoma no braço direito, dois na coxa esquerda e um muito grande na canela direita. Os da coxa eu até sei como foram. Minha mesa do trabalho é daquelas que tem o suporte para teclado. Quase sempre esqueço disso e decido cruzar as pernas para, invariavelmente, enfiar a coxa na quina e soltar aquele palavrão reprovável.
Por conta de toda essa situação, ontem decidi que compraria gel de arnica. Um amigo disse que é muito bom para hematomas e outras coisas mais. Só não recomendou o uso em hemorróidas. Acreditem, ele já fez essa experiência, fato que garante muitas risadas em mesas de bar.
Mas a farmácia perto da minha casa não vendia gel de arnica. O atendente tentou me empurrar uma outra pomada específica para o problema. Me recusei veementemente. Afinal, eu só queria diminuir as manchas, nada que justificasse o investimento de R$ 22.
Me arrependi de não ter comprado a tal pomadinha menos de uma hora depois. Foi quando eu escorreguei no chuveiro e dei com o joelho no box. Xinguei até a quinta geração do box, como se ele tivesse alguma culpa de estar ali, cumprindo sua função de não alagar o banheiro. Pelo menos, a pancada foi no joelho, que raramente fica roxo.
Pois é, tenho que prestar mais atenção nas coisas à minha frente. Minhas pernas parecem uma obra de arte petit poá (não sei se é assim que escreve). Lindo. Amarelo (por causa da falta de sol) com bolinhas roxas.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Quilinhos a mais
Sempre gostei mais de salgados do que de doces. Três crises de alergia alimentar na infância me acostumaram a sobreviver sem todinho, Nescau, chocolates, biscoitos recheados e toda ordem de porcarias adoradas pelas crianças. Mas desde que eu comecei a trabalhar na UnB algumas coisas mudaram. Tudo por culpa do Leo e da Virgínia. Ambos com aquela mania nada saudável de perguntar se eu aceito um chocolatinho às duas da tarde, logo depois de eu, disciplinadamente, ter comido a minha salada. A coisa está tão intensa que agora eu é que pergunto: “Leo, você não tem chocolate aí?”. E quando ele não tem me dou o direito de ficar chateada.
Fui perceber a gravidade da situação ontem. O Roberto me ofereceu um quadradinho de Sufflair e quando eu fui pegar ele disse: “Imagina se a Carol ia recusar chocolate!”. Ó, Deus. Virei um monstro. Mas que fique uma coisa bem clara: não é qualquer chocolate. O lance é que a Virgínia sempre traz aqueles de qualidade – Stans, Cacau Show e afins. Meu ovo de Páscoa Sonho de Valsa, por exemplo, ainda está na minha penteadeira, praticamente inteiro.
Pode não parecer, mas meu problema mesmo é com banana. Não banana pura e simplesmente, mas doces com banana. Sexta-feira passada fui lanchar com a Ana. Ela pediu quatro esfirras, duas de chocolate, e eu três, uma de banana. Acredita que veio uma extra de banana? Ai, ai, meu estômago. Ainda bem de que eu tive o bom senso de comer só as três mesmo. Se não, ia ter ficado igual a Ana, deitada, se lamentando: “Ai, chocolateee!”.
Deve ser por causa de todos esses hábitos alimentares que eu engordei dois quilos e meio no último mês. Tentei arranjar uma outra explicação para o fenômeno, mas não deu.
Ontem, na aula:
Hernanda – Olha, Carol! O professor é ginecologista. Pergunta pra ele o lance do seu remédio.
Eu – Professor, o negócio é o seguinte: tô tomando o Yaz e engordei dois quilos em um mês.
Professor – Você engordou dois quilos? Como você era antes?
Eu – Elegante, professor.
Professor – Não tem essa história de engordar. Esse anticoncepcional não engorda.
Eu – Mas professor, as minhas calças estão torando!
Professor – Compre calças novas.
Eu – Mas professor, eu me sinto mais inchada e...
Professor – Se você acha que engordou, pare de comer porcarias então.
É, tive de me calar com toda essa argumentação.
Fui perceber a gravidade da situação ontem. O Roberto me ofereceu um quadradinho de Sufflair e quando eu fui pegar ele disse: “Imagina se a Carol ia recusar chocolate!”. Ó, Deus. Virei um monstro. Mas que fique uma coisa bem clara: não é qualquer chocolate. O lance é que a Virgínia sempre traz aqueles de qualidade – Stans, Cacau Show e afins. Meu ovo de Páscoa Sonho de Valsa, por exemplo, ainda está na minha penteadeira, praticamente inteiro.
Pode não parecer, mas meu problema mesmo é com banana. Não banana pura e simplesmente, mas doces com banana. Sexta-feira passada fui lanchar com a Ana. Ela pediu quatro esfirras, duas de chocolate, e eu três, uma de banana. Acredita que veio uma extra de banana? Ai, ai, meu estômago. Ainda bem de que eu tive o bom senso de comer só as três mesmo. Se não, ia ter ficado igual a Ana, deitada, se lamentando: “Ai, chocolateee!”.
Deve ser por causa de todos esses hábitos alimentares que eu engordei dois quilos e meio no último mês. Tentei arranjar uma outra explicação para o fenômeno, mas não deu.
Ontem, na aula:
Hernanda – Olha, Carol! O professor é ginecologista. Pergunta pra ele o lance do seu remédio.
Eu – Professor, o negócio é o seguinte: tô tomando o Yaz e engordei dois quilos em um mês.
Professor – Você engordou dois quilos? Como você era antes?
Eu – Elegante, professor.
Professor – Não tem essa história de engordar. Esse anticoncepcional não engorda.
Eu – Mas professor, as minhas calças estão torando!
Professor – Compre calças novas.
Eu – Mas professor, eu me sinto mais inchada e...
Professor – Se você acha que engordou, pare de comer porcarias então.
É, tive de me calar com toda essa argumentação.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
20 e poucos anos
Semana que vem eu faço aniversário. Eu e mais um montão de amigos cancerianos, alguns super animados, já programando eventos pé na jaca total. Outros mais tranqüilos, contentes porque poderão comer de graça no Crepe au Chocolat. Acho que estou no meio termo. Ando meio sem clima para mega festas, mas faço questão de lembrar todo mundo quando é o meu aniversário. Adoro receber abraços, parabéns e aquela babação de ovo toda. Uma vez por ano não é nada mal...
Engraçado que esse ano eu nem fiquei naquela nóia de “ó, Deus, estou ficando velha, o tempo está passando rápido demais e blá blá blá”. Pelo menos, por enquanto. Deve ser porque estou muito de bem com a vida. Além disso, sempre gostei mais dos números ímpares, vou fazer 23, que é bem mais interessante que ter 22.
Hoje, no trabalho:
Virgínia – Gente, amanhã eu me torno oficialmente velha: vou fazer 25 anos!
Eu – Ai, Vi. Quanto drama...
Virgínia – É sério. Agora eu tenho quatro anos para passar num concurso, casar com o homem da minha vida e ter meu primeiro filho.
Luana – Ixi, se for por isso, eu estou atrasada... Tô com 27 e ainda não fiz nenhuma dessas coisas aí.
Virgínia – Mas cuidar de criança é um negócio complicado. Esses dias, fui com meus sobrinhos no shopping e foi uma confusão. Eles não sabem o que querem, não têm personalidade.
Eu – Toda criança é assim, né. Memória volátil.
Luana – Ai, eu quero ter filhos. Filhos não. Um só tá ótimo. Acho que dá para ter até os 35 anos.
Virgínia – Mas é tão ruim um só. Ele não vai ter com quem conversar...
Dalcin – Eu não quero ter filhos. Sou muito egoísta, quero guardar dinheiro para viajar. Escola tá super caro, né.
Dai – Como eu não tive filhos antes dos 20, vou esperar um pouco ainda.
Eu – Como assim? Você queria ter filhos na adolescência?
Dai – Eu sim, crescer junto com eles...
Virgínia – Acho que eu quero ter dois, um menino e uma menina.
Eu – Igualzinho propaganda de margarina.
Dalcin – Não adianta. Se você quer ter um filho é ruim, se quer ter dois é ruim, se não quer também é ruim. Afinal, que que você quer da gente, sociedade?
PS: o pessoal estava super animado hoje. Primeiro dia de férias do senhor do ar condicionado. Com isso, a galera que morre congelada conseguiu se mexer. Teve uma hora que deu até calor.
Engraçado que esse ano eu nem fiquei naquela nóia de “ó, Deus, estou ficando velha, o tempo está passando rápido demais e blá blá blá”. Pelo menos, por enquanto. Deve ser porque estou muito de bem com a vida. Além disso, sempre gostei mais dos números ímpares, vou fazer 23, que é bem mais interessante que ter 22.
Hoje, no trabalho:
Virgínia – Gente, amanhã eu me torno oficialmente velha: vou fazer 25 anos!
Eu – Ai, Vi. Quanto drama...
Virgínia – É sério. Agora eu tenho quatro anos para passar num concurso, casar com o homem da minha vida e ter meu primeiro filho.
Luana – Ixi, se for por isso, eu estou atrasada... Tô com 27 e ainda não fiz nenhuma dessas coisas aí.
Virgínia – Mas cuidar de criança é um negócio complicado. Esses dias, fui com meus sobrinhos no shopping e foi uma confusão. Eles não sabem o que querem, não têm personalidade.
Eu – Toda criança é assim, né. Memória volátil.
Luana – Ai, eu quero ter filhos. Filhos não. Um só tá ótimo. Acho que dá para ter até os 35 anos.
Virgínia – Mas é tão ruim um só. Ele não vai ter com quem conversar...
Dalcin – Eu não quero ter filhos. Sou muito egoísta, quero guardar dinheiro para viajar. Escola tá super caro, né.
Dai – Como eu não tive filhos antes dos 20, vou esperar um pouco ainda.
Eu – Como assim? Você queria ter filhos na adolescência?
Dai – Eu sim, crescer junto com eles...
Virgínia – Acho que eu quero ter dois, um menino e uma menina.
Eu – Igualzinho propaganda de margarina.
Dalcin – Não adianta. Se você quer ter um filho é ruim, se quer ter dois é ruim, se não quer também é ruim. Afinal, que que você quer da gente, sociedade?
PS: o pessoal estava super animado hoje. Primeiro dia de férias do senhor do ar condicionado. Com isso, a galera que morre congelada conseguiu se mexer. Teve uma hora que deu até calor.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Vizinhança
Vizinho é um negócio complicado. Não importa onde você more, sempre vai ter o chato, o festivo, o doidão, o que maltrata os filhos... A proximidade dos lares facilita qualquer adivinhação no sentido de saber quem é o esquisito que mora ao lado. Tudo sem que ninguém tenha vindo a sua casa para dar bom dia ou oferecer um pedaço de bolo. E quem acha que os problemas diminuem quando se muda para uma casa com bastante espaço está muito enganado.
O meu vizinho da frente, por exemplo, só pode ser promoter de eventos. Sim, porque além do karaokê dominical (que inclui clássicos da viola caipira ao brega), ele faz as festas temáticas. Já tivemos aniversários infantis, Páscoa e, na sexta-feira passada, como não poderia deixar de ser, a festa junina. Cheguei em casa quase me arrastando, pedindo paz para a cabeça e para os ouvidos. Quando estacionei o carro e desliguei o som, só deu para ouvir o pessoal naquela animação: “Olha a cobra!”.
Mas, pelo menos, o promoter é simpático. Até chamou meu pai para a comemoração junina. Também, só faltava ser, além de barulhento, um grosso. O problema lá em casa é a vizinha de trás. Com todo o respeito, creio que ela deve ser uma senhora muito solitária e carente.
Tem algum tempo que não rola nenhum evento na minha casa. E juro que a presença da miss simpatia nos arredores me faz pensar duas vezes antes de convocar qualquer festinha. Da última vez (era minha formatura, estava muito feliz e cheia de amigos) o segurança foi duas vezes na minha porta com o aparelhinho de medir decibéis. Tudo bem, baixamos o volume, cortamos as piadas. O problema é que só a voz de uma pessoa ultrapassava o limite de som permitido para o horário. Cheguei à conclusão de que a vizinha pagou propina para o segurança mudar a configuração do equipamento.
Meu pai, a voz da experiência, arranjou uma solução muito boa para o impasse: convidar a vizinha para a festinha. Só que eu não o deixei colocar em prática. Devia ter deixado. Na próxima, ela vai ser a primeira a receber o convite. Quem sabe ela até não arranja um namorado?
O meu vizinho da frente, por exemplo, só pode ser promoter de eventos. Sim, porque além do karaokê dominical (que inclui clássicos da viola caipira ao brega), ele faz as festas temáticas. Já tivemos aniversários infantis, Páscoa e, na sexta-feira passada, como não poderia deixar de ser, a festa junina. Cheguei em casa quase me arrastando, pedindo paz para a cabeça e para os ouvidos. Quando estacionei o carro e desliguei o som, só deu para ouvir o pessoal naquela animação: “Olha a cobra!”.
Mas, pelo menos, o promoter é simpático. Até chamou meu pai para a comemoração junina. Também, só faltava ser, além de barulhento, um grosso. O problema lá em casa é a vizinha de trás. Com todo o respeito, creio que ela deve ser uma senhora muito solitária e carente.
Tem algum tempo que não rola nenhum evento na minha casa. E juro que a presença da miss simpatia nos arredores me faz pensar duas vezes antes de convocar qualquer festinha. Da última vez (era minha formatura, estava muito feliz e cheia de amigos) o segurança foi duas vezes na minha porta com o aparelhinho de medir decibéis. Tudo bem, baixamos o volume, cortamos as piadas. O problema é que só a voz de uma pessoa ultrapassava o limite de som permitido para o horário. Cheguei à conclusão de que a vizinha pagou propina para o segurança mudar a configuração do equipamento.
Meu pai, a voz da experiência, arranjou uma solução muito boa para o impasse: convidar a vizinha para a festinha. Só que eu não o deixei colocar em prática. Devia ter deixado. Na próxima, ela vai ser a primeira a receber o convite. Quem sabe ela até não arranja um namorado?
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Dançarina
Ainda não coloquei no papel, mas entre as minhas resoluções de junho está a promessa de que vou aprender a dançar forró. Não só o basiquinho, vou dançar mesmo, com a leveza de uma borboleta. Estava até querendo viajar para Itaúnas, naquele festival que promete mudar a cabeça dos que nunca se apaixonaram pelo ritmo. Recebi uma proposta indecente do tipo “consigo um atestado médico de 10 dias para você”. Mas não deu. Não ia me sentir bem mentindo para o pessoal do trabalho.
O jeito vai ser me virar por aqui mesmo. E foi com essa determinação que ontem eu e a Ana fomos para o forró (aliás, queria fazer um parêntese sobre a Ana: além de mega companheira, a Ana tem um costume que combina demais comigo. Ela gosta de chegar cedo nos eventos. Tudo bem se a festa só vai bombar às 23h... a gente chega às 22h e fica batendo papo, tomando uma. Me divirto!).
Bom, o forró até que estava animado. O problema é que havia cinco mulheres para cada homem. Aí ficamos eu e Ana sentadas na mesa, curtindo o local como se fosse um barzinho com música ao vivo. Sim, porque se até as forrozeiras estavam com dificuldade para achar um par, imagine eu e a Ana, com toda a nossa habilidade!
Até que apareceu um garotinho e me chamou para dançar.
Garotinho – Vamos dançar?
Eu – Vamos. Mas eu não sei dançar direito.
Garotinho – Tudo bem. Eu vou te ensinar.
Uau. Gostei da firmeza.
Garotinho – Como é seu nome?
Eu – Carol e o seu?
Garotinho – Lucas. Você estuda o quê, Carol?
Eu – Sou jornalista e...
Garotinho – Você já é formada? Nossa! Quantos anos você tem?
Eu – Vou fazer 23 daqui umas duas semanas.
Garotinho – Puxa! Achei que você tinha uns 17.
Tudo bem que eu estava de bata cor de rosa, calça jeans e tênis branco. Mas 17?! Decidi considerar o palpite dele como um elogio.
Garotinho – Você está indo bem. Vou te ensinar um passo de gafieira e depois um de zouk.
Eu – Vem cá, não é melhor a gente ficar só no forró já que é isso que a banda está tocando?
Desisti do garotinho. Muito afobado. A Ana dançou com ele depois e disse que ele parecia muito contente em vê-la, se é que vocês me entendem. Eu, graças a Deus, não senti nada.
Depois do garotinho, veio um senhor muito simpático. Me deu uns conselhos preciosos: dar passos curtos na hora de girar e levantar os braços. Quase como uma bailarina. Isso aí. Passos curtos e levantar os braços, virou um mantra.
O último corajoso foi um cara super divertido. Contou que fazia aulas de forró há alguns meses, mas estava enferrujado pela falta de prática. Como ele já foi aprendiz, teve uma paciência de Jó comigo.
O cara – Escuta, eu sou o homem, eu conduzo. Pára de querer comandar.
Eu – Tá, bom. Foi mal. É que eu sou meio dura mesmo.
O cara – Concentra na marcação... Isso! Minha professora dizia que é só ficar ligado na zabumba.
Eu – Zabumba?
O cara – É! Ta ouvindo? Bum, bum, bum...
Depois de meia hora de tentativas, até que a gente estava mandando bem. Fiquei orgulhosa de mim. E super animada para ir no forró outra vez. Chato é que, enquanto eu encontrei um parceiro bacaninha para dançar, a Ana ficou 40 minutos com um cara que só sabia o dois prá lá, dois pra cá. Teve uma hora em que eu tive que socorre-la. Ela agradeceu, contou que já estava com torcicolo. Duvido muito que ela queira ir no forró comigo outra vez...
O jeito vai ser me virar por aqui mesmo. E foi com essa determinação que ontem eu e a Ana fomos para o forró (aliás, queria fazer um parêntese sobre a Ana: além de mega companheira, a Ana tem um costume que combina demais comigo. Ela gosta de chegar cedo nos eventos. Tudo bem se a festa só vai bombar às 23h... a gente chega às 22h e fica batendo papo, tomando uma. Me divirto!).
Bom, o forró até que estava animado. O problema é que havia cinco mulheres para cada homem. Aí ficamos eu e Ana sentadas na mesa, curtindo o local como se fosse um barzinho com música ao vivo. Sim, porque se até as forrozeiras estavam com dificuldade para achar um par, imagine eu e a Ana, com toda a nossa habilidade!
Até que apareceu um garotinho e me chamou para dançar.
Garotinho – Vamos dançar?
Eu – Vamos. Mas eu não sei dançar direito.
Garotinho – Tudo bem. Eu vou te ensinar.
Uau. Gostei da firmeza.
Garotinho – Como é seu nome?
Eu – Carol e o seu?
Garotinho – Lucas. Você estuda o quê, Carol?
Eu – Sou jornalista e...
Garotinho – Você já é formada? Nossa! Quantos anos você tem?
Eu – Vou fazer 23 daqui umas duas semanas.
Garotinho – Puxa! Achei que você tinha uns 17.
Tudo bem que eu estava de bata cor de rosa, calça jeans e tênis branco. Mas 17?! Decidi considerar o palpite dele como um elogio.
Garotinho – Você está indo bem. Vou te ensinar um passo de gafieira e depois um de zouk.
Eu – Vem cá, não é melhor a gente ficar só no forró já que é isso que a banda está tocando?
Desisti do garotinho. Muito afobado. A Ana dançou com ele depois e disse que ele parecia muito contente em vê-la, se é que vocês me entendem. Eu, graças a Deus, não senti nada.
Depois do garotinho, veio um senhor muito simpático. Me deu uns conselhos preciosos: dar passos curtos na hora de girar e levantar os braços. Quase como uma bailarina. Isso aí. Passos curtos e levantar os braços, virou um mantra.
O último corajoso foi um cara super divertido. Contou que fazia aulas de forró há alguns meses, mas estava enferrujado pela falta de prática. Como ele já foi aprendiz, teve uma paciência de Jó comigo.
O cara – Escuta, eu sou o homem, eu conduzo. Pára de querer comandar.
Eu – Tá, bom. Foi mal. É que eu sou meio dura mesmo.
O cara – Concentra na marcação... Isso! Minha professora dizia que é só ficar ligado na zabumba.
Eu – Zabumba?
O cara – É! Ta ouvindo? Bum, bum, bum...
Depois de meia hora de tentativas, até que a gente estava mandando bem. Fiquei orgulhosa de mim. E super animada para ir no forró outra vez. Chato é que, enquanto eu encontrei um parceiro bacaninha para dançar, a Ana ficou 40 minutos com um cara que só sabia o dois prá lá, dois pra cá. Teve uma hora em que eu tive que socorre-la. Ela agradeceu, contou que já estava com torcicolo. Duvido muito que ela queira ir no forró comigo outra vez...
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Mãe sabe das coisas
Nunca entendi direito essa história de que as pessoas de Câncer têm o dom da família. É como se, só pelo fato de ter nascido em julho, eu tivesse a vocação da maternidade. Claro que eu quero ter filhos, mas, ao contrário de muitas amigas que não são de Câncer, não me imagino gestando, amamentando, mantendo uma prole toda sob controle. Esse sonho cor de rosa não passa nem perto do que quero pra mim. Pelo menos por enquanto.
Pensando bem, quero muito ter filhos. Só para um dia ser tocada por essa coisa generosa que todas as mães têm. É incrível, elas conseguem ser compreensivas, pacientes. Totalmente braços abertos.
Há mais ou menos duas semanas, na casa da Ana Clara:
Tia Cláudia – Carol, vou te falar uma coisa: sabe quem vai ser o homem da sua vida?
Eu – Não, tia... Nem tô muito preocupada em saber no momento.
Tia Cláudia – Vai ser alguém com quem você goste de conversar. Talvez seja aquele seu amigo que você nunca deu a menor bola. Porque, no final, o que realmente importa é o companheirismo.
Eu – Eu sei, tia. Companheirismo...
Essa semana, no almoço:
Tia Júlia – Agora você veja uma coisa, Carol. Meu filho casou e praticamente esqueceu da família. Ele era muito atencioso, sempre comprava presentes no aniversário, no Natal... Acredita que hoje eu sequer sei onde ele mora? Mudou de endereço e não fez questão de me avisar.
Eu – Sério, tia? Mas o que houve? Você não se dá bem com a sua nora?
Tia Júlia – Sempre tentei manter um bom relacionamento com eles. Mas hoje eu digo de boca cheia que meu filho casou com uma mulher gorda, burra e mal-educada.
Hoje, na casa da Gabi:
Tia Chaguinha – Pois é, não adianta ficar esquentando a cabeça com essas coisas. Eu na idade de vocês ia querer saber de casamento? Deus me livre! Casei com 28 anos e porque estava grávida.
Gabi – Eu sei, mãe. Ninguém tá falando de casamento não. Mas um namorinho até que era interessante, né.
Tia Chaguinha – E você, Carol? Não vai voltar a namorar? Sempre achei que você e o Bruno iam casar.
Eu – Eu também achava, tia. Mas, como você disse, quando não é para ser, não é.
Esses tempos, com a minha mãe:
Mãe – Filha, nada que eu fale vai fazer você parar de sofrer. O tempo é o único remédio para essas coisas.
Eu – Eu sei, mãe.
Mãe – Eu lamento muito que vocês não estejam mais juntos. Mas se você acha que não era ele, então não era.
Ah, se alguém ficou curioso: o nome da minha mãe é Miriam.
Pensando bem, quero muito ter filhos. Só para um dia ser tocada por essa coisa generosa que todas as mães têm. É incrível, elas conseguem ser compreensivas, pacientes. Totalmente braços abertos.
Há mais ou menos duas semanas, na casa da Ana Clara:
Tia Cláudia – Carol, vou te falar uma coisa: sabe quem vai ser o homem da sua vida?
Eu – Não, tia... Nem tô muito preocupada em saber no momento.
Tia Cláudia – Vai ser alguém com quem você goste de conversar. Talvez seja aquele seu amigo que você nunca deu a menor bola. Porque, no final, o que realmente importa é o companheirismo.
Eu – Eu sei, tia. Companheirismo...
Essa semana, no almoço:
Tia Júlia – Agora você veja uma coisa, Carol. Meu filho casou e praticamente esqueceu da família. Ele era muito atencioso, sempre comprava presentes no aniversário, no Natal... Acredita que hoje eu sequer sei onde ele mora? Mudou de endereço e não fez questão de me avisar.
Eu – Sério, tia? Mas o que houve? Você não se dá bem com a sua nora?
Tia Júlia – Sempre tentei manter um bom relacionamento com eles. Mas hoje eu digo de boca cheia que meu filho casou com uma mulher gorda, burra e mal-educada.
Hoje, na casa da Gabi:
Tia Chaguinha – Pois é, não adianta ficar esquentando a cabeça com essas coisas. Eu na idade de vocês ia querer saber de casamento? Deus me livre! Casei com 28 anos e porque estava grávida.
Gabi – Eu sei, mãe. Ninguém tá falando de casamento não. Mas um namorinho até que era interessante, né.
Tia Chaguinha – E você, Carol? Não vai voltar a namorar? Sempre achei que você e o Bruno iam casar.
Eu – Eu também achava, tia. Mas, como você disse, quando não é para ser, não é.
Esses tempos, com a minha mãe:
Mãe – Filha, nada que eu fale vai fazer você parar de sofrer. O tempo é o único remédio para essas coisas.
Eu – Eu sei, mãe.
Mãe – Eu lamento muito que vocês não estejam mais juntos. Mas se você acha que não era ele, então não era.
Ah, se alguém ficou curioso: o nome da minha mãe é Miriam.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Filosofando...
Acho engraçado quando a gente acaba de conhecer as pessoas e não sabe como chama-las. Não estou falando de esquecer o nome. Isso acontece com quase todo mundo e, pelo menos para mim, não gera nenhum constrangimento. Vou lá e pergunto para o sujeito: “Desculpa, como é mesmo seu nome?”. O chato é quando você conhece a pessoa, sabe o nome, mas não tem a menor intimidade para usa-lo. Ou então quando acha o nome formal demais, gostaria que a pessoa tivesse só um apelido para tornar a conversa mais maleável.
Tenho um colega da pós que se chama Norberto. Eu sei, Norberto não é um nome estranho. Mas me soa terrivelmente quadrado, engessado, apesar de o Norberto ser uma pessoa super acessível. Fico imaginando como é que a esposa do Norberto chama ele... seria Nô? Talvez Beto? Mais provável é que seja “Amor”. Mas eu não amo o Norberto e não posso chama-lo assim. E também não temos aquela amizade para que eu o chame de “Amigo”.
Tem um outro cara que gosta de ser chamado de Schneider. É o sobrenome dele. Com esse, as coisas estão um pouco mais tensas, porque ele é do meu grupo de pesquisa e temos nos encontrado com freqüência. Aí a gente fica divagando sobre o tema do nosso projeto – e sobre a vida também, já que o Schneider é meio filósofo. Só que estamos ficando cada vez mais próximos e estou cada vez mais incomodada em chama-lo de Schneider. Vou dizer isso a ele.
O Schneider, inclusive, é uma daquelas pessoas que aparecem na nossa vida e deixam contribuições bem legais. Odiei quando o professor deu a idéia de nos juntarmos no grupo de pesquisa, o Schneider é super acadêmico e, conseqüentemente, aquele cara que faz mil perguntas no final da aula, quando todo mundo já está de saco cheio. Mas confesso que foi divertido passar parte do meu fim de semana com ele.
Domingo à tarde ele veio aqui em casa e fez uma coisa incrível. Conseguiu me explicar por A mais B, seguindo os princípios racionais da lógica e da física, que as coisas acontecem na nossa vida por alguma razão. Claro que não vou nem tentar transcrever os argumentos dele. Sei que no final, ele resumiu:
Schneider – Carol, vou te dar um exemplo grosseiro: você sai daqui e na próxima rua bate o carro. Aí você fica indignada, xinga o carro, o outro motorista, a você mesma... Não adianta. Depois você vai perceber que precisava disso. Seu corpo, sua mente precisavam.
Ainda não decidi se chamo isso de acaso, destino, carma, sincronicidade, transcendência... Mas minhas conversas com o Schneider têm me feito muito bem. Tirando o fato de ele gostar de ser chamado de Schneider.
Tenho um colega da pós que se chama Norberto. Eu sei, Norberto não é um nome estranho. Mas me soa terrivelmente quadrado, engessado, apesar de o Norberto ser uma pessoa super acessível. Fico imaginando como é que a esposa do Norberto chama ele... seria Nô? Talvez Beto? Mais provável é que seja “Amor”. Mas eu não amo o Norberto e não posso chama-lo assim. E também não temos aquela amizade para que eu o chame de “Amigo”.
Tem um outro cara que gosta de ser chamado de Schneider. É o sobrenome dele. Com esse, as coisas estão um pouco mais tensas, porque ele é do meu grupo de pesquisa e temos nos encontrado com freqüência. Aí a gente fica divagando sobre o tema do nosso projeto – e sobre a vida também, já que o Schneider é meio filósofo. Só que estamos ficando cada vez mais próximos e estou cada vez mais incomodada em chama-lo de Schneider. Vou dizer isso a ele.
O Schneider, inclusive, é uma daquelas pessoas que aparecem na nossa vida e deixam contribuições bem legais. Odiei quando o professor deu a idéia de nos juntarmos no grupo de pesquisa, o Schneider é super acadêmico e, conseqüentemente, aquele cara que faz mil perguntas no final da aula, quando todo mundo já está de saco cheio. Mas confesso que foi divertido passar parte do meu fim de semana com ele.
Domingo à tarde ele veio aqui em casa e fez uma coisa incrível. Conseguiu me explicar por A mais B, seguindo os princípios racionais da lógica e da física, que as coisas acontecem na nossa vida por alguma razão. Claro que não vou nem tentar transcrever os argumentos dele. Sei que no final, ele resumiu:
Schneider – Carol, vou te dar um exemplo grosseiro: você sai daqui e na próxima rua bate o carro. Aí você fica indignada, xinga o carro, o outro motorista, a você mesma... Não adianta. Depois você vai perceber que precisava disso. Seu corpo, sua mente precisavam.
Ainda não decidi se chamo isso de acaso, destino, carma, sincronicidade, transcendência... Mas minhas conversas com o Schneider têm me feito muito bem. Tirando o fato de ele gostar de ser chamado de Schneider.
domingo, 15 de junho de 2008
Aula de estilo
Não sou nem um pouco ligada nesse lance de moda. Não é que eu ande desleixada, mas sou bem básica. Minhas amigas até me proibiram de comprar roupas em tons neutros, disseram que eu estava precisando dar uma alegrada no meu guarda-roupa. Aí comprei uma blusa vermelha e uma rosa pink. Mas não teve jeito: acabei levando também uma cinza, bem simplesinha.
Eu também não costumo reparar no visual alheio. Assim, para eu fazer algum comentário, a pessoa tem que estar muito linda, ou muito bizarra ou com a bunda aparecendo. Mas ontem, na fila do banheiro, presenciei uma conversa surreal. A menina da minha frente e a menina atrás de mim estavam, digamos, um tanto quanto diferentes. Teve uma hora em que eu achei que a esquisita do local era eu, de calça jeans e blusinha.
Moça de trás – Nossa, adorei essa sua calça! Onde você comprou?
Juro que a calça era toda listrada, multicolorida e boca-de-sino. Um show.
Moça da frente – Comprei nos Estados Unidos. Linda, né?
Moça de trás – Ai, só podia ser de fora mesmo... Essas coisas bacanas demoram para chegar no Brasil.
Eu - ???
Moça da frente – A sua meia-calça também está um arraso.
Bom, a meia-calça era verde limão, com uns desenhos tribais em preto. Pelo menos eram em preto. Não duvido nada que a menina ia achar fenomenal se os desenhos fossem cor de mostarda.
Moça de trás – Pois é, essa eu encontrei num brechó.
Quando eu achava que já tinha ouvido uma aula de moda, a moça da frente entrou no banheiro. E de lá perguntou:
Moça da frente – E vem cá, será que sua meia-calça brilha no escuro?
Moça de trás – Não sei. Vou até tentar usar com a luz negra para ver.
É, acho que preciso rever meus conceitos.
Eu também não costumo reparar no visual alheio. Assim, para eu fazer algum comentário, a pessoa tem que estar muito linda, ou muito bizarra ou com a bunda aparecendo. Mas ontem, na fila do banheiro, presenciei uma conversa surreal. A menina da minha frente e a menina atrás de mim estavam, digamos, um tanto quanto diferentes. Teve uma hora em que eu achei que a esquisita do local era eu, de calça jeans e blusinha.
Moça de trás – Nossa, adorei essa sua calça! Onde você comprou?
Juro que a calça era toda listrada, multicolorida e boca-de-sino. Um show.
Moça da frente – Comprei nos Estados Unidos. Linda, né?
Moça de trás – Ai, só podia ser de fora mesmo... Essas coisas bacanas demoram para chegar no Brasil.
Eu - ???
Moça da frente – A sua meia-calça também está um arraso.
Bom, a meia-calça era verde limão, com uns desenhos tribais em preto. Pelo menos eram em preto. Não duvido nada que a menina ia achar fenomenal se os desenhos fossem cor de mostarda.
Moça de trás – Pois é, essa eu encontrei num brechó.
Quando eu achava que já tinha ouvido uma aula de moda, a moça da frente entrou no banheiro. E de lá perguntou:
Moça da frente – E vem cá, será que sua meia-calça brilha no escuro?
Moça de trás – Não sei. Vou até tentar usar com a luz negra para ver.
É, acho que preciso rever meus conceitos.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
O Pólo Norte é aqui
Tenho um problema sério de pé frio. Não se trata de má sorte, não. Estou falando de pé frio mesmo, gelado. Para o meu pé ficar quentinho, só mesmo no alto verão, ou depois de uma caminhada ou de um banho quente. E o ruim é que eu não consigo dormir sem estar com o pé quente... não adianta só colocar uma meia. Às vezes eu levanto da cama e vou no chuveiro só molhar o pé. Tudo por uma noite agradável de sono.
Na verdade, eu sou uma pessoa que sente muito frio, mais do que o normal. Não consigo entender como eu “sobrevivi” tanto tempo lá no Sul, sem calefação e um banheiro bem aquecido na hora de tomar banho. Mas aqui estou, na cidade da seca, onde o sol brilha todos os dias. E mesmo assim, quase todos os dias, tenho a sensação de que moro na Sibéria.
Isso porque sento na reta do ar condicionado. Fico de costas, mas o vento glacial que sai daquele proliferador de fungos congela até a minha espinha, faz até meu cabelo voar. Pois é, o maravilhoso ar condicionado que deixa o ambiente levemente refrigerado para os meus colegas de trabalho, me deixa com as mãos roxas de frio. Imagine os pés!
Não sou a única que sofre com a frieza da sala. Eu e mais uns três ou quatro desafortunados já montamos um verdadeiro arsenal de guerra para sobreviver às horas em que o ar tem de ficar ligado. Casacos, capuzes, cachecóis, até luvas. Mas chega uma hora em que nem todos os tecidos do mundo são capazes de manter a concentração. Eu já me conformei, mas o Dalcin, um sujeito inquieto, assume a liderança e briga pelo nosso não congelamento.
Hoje, antes das 17h30:
Virgínia – Cara, a gente tá parecendo um monte de esquimós. A Luana, então, tá demais com esse capuz!
Dalcin – Nós não somos esquimós, somos apenas humanos e sentimos frio. Quer saber? Vou desligar essa merda.
Cheio de atitude, o Dalcin foi lá e desligou o ar condicionado. Uau, que coragem. Ainda faltava meia hora para a gente se libertar do frio glacial.
Dalcin – Carol, agora você abre as janelas.
Eu – Eu? Eu não vou abrir. Vai todo mundo perceber que a gente desligou o ar antes da hora. Abre você. Não quero me envolver em mais uma discussão sobre isso.
Pode me chamar de covarde. Mas eu achei meio injusto que ele apenas apertasse sorrateiramente o botãozinho e eu tivesse que abrir as janelas da sala. Na frente de todo mundo, inclusive do chefe, que foi mais do que categórico ao dizer que o ar vai ficar ligado durante a tarde. E ponto final.
Na verdade, eu sou uma pessoa que sente muito frio, mais do que o normal. Não consigo entender como eu “sobrevivi” tanto tempo lá no Sul, sem calefação e um banheiro bem aquecido na hora de tomar banho. Mas aqui estou, na cidade da seca, onde o sol brilha todos os dias. E mesmo assim, quase todos os dias, tenho a sensação de que moro na Sibéria.
Isso porque sento na reta do ar condicionado. Fico de costas, mas o vento glacial que sai daquele proliferador de fungos congela até a minha espinha, faz até meu cabelo voar. Pois é, o maravilhoso ar condicionado que deixa o ambiente levemente refrigerado para os meus colegas de trabalho, me deixa com as mãos roxas de frio. Imagine os pés!
Não sou a única que sofre com a frieza da sala. Eu e mais uns três ou quatro desafortunados já montamos um verdadeiro arsenal de guerra para sobreviver às horas em que o ar tem de ficar ligado. Casacos, capuzes, cachecóis, até luvas. Mas chega uma hora em que nem todos os tecidos do mundo são capazes de manter a concentração. Eu já me conformei, mas o Dalcin, um sujeito inquieto, assume a liderança e briga pelo nosso não congelamento.
Hoje, antes das 17h30:
Virgínia – Cara, a gente tá parecendo um monte de esquimós. A Luana, então, tá demais com esse capuz!
Dalcin – Nós não somos esquimós, somos apenas humanos e sentimos frio. Quer saber? Vou desligar essa merda.
Cheio de atitude, o Dalcin foi lá e desligou o ar condicionado. Uau, que coragem. Ainda faltava meia hora para a gente se libertar do frio glacial.
Dalcin – Carol, agora você abre as janelas.
Eu – Eu? Eu não vou abrir. Vai todo mundo perceber que a gente desligou o ar antes da hora. Abre você. Não quero me envolver em mais uma discussão sobre isso.
Pode me chamar de covarde. Mas eu achei meio injusto que ele apenas apertasse sorrateiramente o botãozinho e eu tivesse que abrir as janelas da sala. Na frente de todo mundo, inclusive do chefe, que foi mais do que categórico ao dizer que o ar vai ficar ligado durante a tarde. E ponto final.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Flores
Se esse inverno tivesse um cheiro, certamente seria de jasmim. Li em algum lugar (deve ter sido a Wikipedia) que existem vários tipos de jasmim, umas rosadas e outras amarelas, mas todas conhecidas pelo cheiro adocicado. Acho que foi nesse mesmo lugar, dizia também que o perfume de jasmim enfeitiça os homens. Interessante... mas não é bem esse o motivo do meu encantamento.
Gosto de jasmim porque o perfume insiste em entrar pelas arestas do carro quando estou chegando em casa, à noite. Aí, depois de estacionar, fico alguns minutinhos lá fora, “apreciando” aquele cheiro suave, olhando para o céu. Isso até vir aquele vento gelado que sopra constantemente onde eu moro, principalmente nessa época do ano. Mas mesmo assim, dá vontade de colocar a cama na varanda, tenho quase certeza de que as jasmins iam me fazer dormir como um anjo.
Antes delas, teve a fase das flores de açucena. Essas invadiam o meu dia sempre lá pelas seis da tarde, quando eu saía do trabalho e ficava rodando a UnB, esperando a hora passar e a vontade de ir para casa também. As açucenas têm um cheiro de mel, fecho os olhos e até imagino as abelhas se divertindo. Me lembram um bom café com pão, biscoitos, e aquelas comidas que a gente come em casa de mãe e vó.
Também sempre gostei muito das rosas brancas, pela beleza e pelo perfume. Mas confesso que desisti. Gosto de gostar das coisas simples, e só encontrava as ditas em festas de casamento. E olha lá. Geralmente, as noivas preferem as vermelhas.
Mas a que eu mais gosto mesmo, sempre gostei e acho que sempre vou gostar, é o girassol. Não pela beleza, nem pelo cheiro, nem pela facilidade de encontrar. Talvez seja por causa da cor, amarelo me traz a sensação de alegria, amizade. Não, não. Acho que é pelo amor. É, é isso. Quer coisa mais bonita do que ficar acompanhando, todos os dias, incansavelmente, o andar do sol? Eu não quero.
Gosto de jasmim porque o perfume insiste em entrar pelas arestas do carro quando estou chegando em casa, à noite. Aí, depois de estacionar, fico alguns minutinhos lá fora, “apreciando” aquele cheiro suave, olhando para o céu. Isso até vir aquele vento gelado que sopra constantemente onde eu moro, principalmente nessa época do ano. Mas mesmo assim, dá vontade de colocar a cama na varanda, tenho quase certeza de que as jasmins iam me fazer dormir como um anjo.
Antes delas, teve a fase das flores de açucena. Essas invadiam o meu dia sempre lá pelas seis da tarde, quando eu saía do trabalho e ficava rodando a UnB, esperando a hora passar e a vontade de ir para casa também. As açucenas têm um cheiro de mel, fecho os olhos e até imagino as abelhas se divertindo. Me lembram um bom café com pão, biscoitos, e aquelas comidas que a gente come em casa de mãe e vó.
Também sempre gostei muito das rosas brancas, pela beleza e pelo perfume. Mas confesso que desisti. Gosto de gostar das coisas simples, e só encontrava as ditas em festas de casamento. E olha lá. Geralmente, as noivas preferem as vermelhas.
Mas a que eu mais gosto mesmo, sempre gostei e acho que sempre vou gostar, é o girassol. Não pela beleza, nem pelo cheiro, nem pela facilidade de encontrar. Talvez seja por causa da cor, amarelo me traz a sensação de alegria, amizade. Não, não. Acho que é pelo amor. É, é isso. Quer coisa mais bonita do que ficar acompanhando, todos os dias, incansavelmente, o andar do sol? Eu não quero.
sábado, 7 de junho de 2008
Essência de vida!
Tem algumas coisas típicas lá do Sul que me dão uma saudade enorme. A maioria delas a gente pode encontrar em Brasília mesmo, em versões pioradas e, em alguns casos raros, melhoradas. No Dia das Mães mesmo, fui almoçar com a família em uma galeteria que serve um tortéi maravilhoso. Que a minha vó não leia uma coisa dessas, mas o do restaurante é bem mais gostoso que o dela.
Mas ontem o que salvou a minha vida foi uma coisa que não se encontra por aqui. Na minha casa tem porque a gente “importa” sempre que algum parente vem nos visitar. Estou falando de um remedinho chamado Olina, que tem o sugestivo slogan “Essência de Vida”. Olina é um remédio feito com alguma coisa muito ruim que promete acabar com a azia e a má digestão. Eu nem preciso ler as instruções para saber qual é a lógica do processo. Para mim, ele funciona assim: o negócio é tão ruim, mas tão ruim, que se tiver alguma chance de você vomitar, você vai vomitar.
Bom, fato é que eu fui dormir com uma barriga de quatro meses de gestação. Consegui pegar no sono graças ao cansaço e porque o Jorge ficou cantando baixinho no meu ouvido “eu quero Ive Bru-Brussel, Bru-Brussel”. Só que eu acordei às cinco da manhã com a certeza de que eu estava gestando um alien. Nossaaaa! Não conseguia nem ficar reta!
Corri para a cozinha na esperança de encontrar um sal de fruta. Mas só achei aquela embalagem laranjada, que lembrou a minha infância, minha mãe dizendo que se eu desse só uns golinhos, a dor de barriga ia passar, e eu relutante, fazendo todo mundo perder minutos preciosos de sono. Mas ontem não tinha ninguém para me fazer tomar a Olina e eu decidi por mim mesma que era melhor sofrer alguns segundos para garantir o resto da noite.
E assim foi. Tomei metadinha de um copo, quase botei os bofes para fora, esperei uns 15 minutos, e o monstro que estava na minha barriga se aquietou. Voltei para a cama e o Jorge me fez dormir de novo. Dessa vez com “Ai, ai, caramba! Ai, ai, caramba!”.
Mas ontem o que salvou a minha vida foi uma coisa que não se encontra por aqui. Na minha casa tem porque a gente “importa” sempre que algum parente vem nos visitar. Estou falando de um remedinho chamado Olina, que tem o sugestivo slogan “Essência de Vida”. Olina é um remédio feito com alguma coisa muito ruim que promete acabar com a azia e a má digestão. Eu nem preciso ler as instruções para saber qual é a lógica do processo. Para mim, ele funciona assim: o negócio é tão ruim, mas tão ruim, que se tiver alguma chance de você vomitar, você vai vomitar.
Bom, fato é que eu fui dormir com uma barriga de quatro meses de gestação. Consegui pegar no sono graças ao cansaço e porque o Jorge ficou cantando baixinho no meu ouvido “eu quero Ive Bru-Brussel, Bru-Brussel”. Só que eu acordei às cinco da manhã com a certeza de que eu estava gestando um alien. Nossaaaa! Não conseguia nem ficar reta!
Corri para a cozinha na esperança de encontrar um sal de fruta. Mas só achei aquela embalagem laranjada, que lembrou a minha infância, minha mãe dizendo que se eu desse só uns golinhos, a dor de barriga ia passar, e eu relutante, fazendo todo mundo perder minutos preciosos de sono. Mas ontem não tinha ninguém para me fazer tomar a Olina e eu decidi por mim mesma que era melhor sofrer alguns segundos para garantir o resto da noite.
E assim foi. Tomei metadinha de um copo, quase botei os bofes para fora, esperei uns 15 minutos, e o monstro que estava na minha barriga se aquietou. Voltei para a cama e o Jorge me fez dormir de novo. Dessa vez com “Ai, ai, caramba! Ai, ai, caramba!”.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Comendo (muito) bem
É, definitivamente eu não gosto de cenoura. Assim, num refogado com outros legumes até que é legal, bolo de cenoura também não é má idéia. Mas comer todo dia não rola. Digo isso porque o meu almoço de, no mínimo, três vezes por semana é frango grelhado, uma fatia de queijo e um montão de alface, tomate, beterraba e cenoura. Mas não adianta: a cenoura sempre sobra.
Se você está achando que eu sou super light só por causa desse cardápio, está muito enganado. Eu disfarço bem, como muita salada, frutas, pão integral, mas não resisto aos pães. Ah, os pães! Hoje de manhã mesmo eu devorei dois mistos. Bom, pelo menos esses não tinham ovo. E eu adoro uma infinidade de outras coisas calóricas e gordurosas, como massas, omeletes e uma boa lata de leite condensado cozido. Hummm!
Engraçado é que as pessoas acham que eu como mal. O Felipe mesmo, sempre vem com essa: “Miuga, você tá muito magra. Vou te chamar pra almoçar essa semana.” A Tia Júlia, dona da lanchonete onde eu almoço, é outra.
Tia Júlia – Essa menina tá tão bonita hoje de vermelho. Parece uma criança! Toda magrinha. Mas é uma criança, né? Quantos anos você tem?
Eu – Tenho 22, tia. Nem tão criança assim...
Poucos minutos depois:
Tia Júlia – Você quer uma banana?
Eu – Não, tia, obrigada.
Tia Júlia – Por que? Você não gosta de banana?
Eu – Gosto, gosto muito. Mas é que eu já comi uma banana hoje. E tem mais um monte de frutas lá no meu trabalho.
Tia Júlia anda tão preocupada com a minha alimentação que disse que vai dar uma variada no meu prato favorito. Me explicou que, antigamente, havia mil tipos de saladas, com peito de peru, abacaxi, manga, molhos diversos, mas a galera não comia. Uma pena. Aí ela prometeu comprar umas coisas diferentes para mim. Pepino, brócolis e até carne vermelha pra dar uma variada. Vai ser ótimo. Com todo esse empenho, não duvido nada que ela bote umas vitaminas escondidas na minha comida.
Se você está achando que eu sou super light só por causa desse cardápio, está muito enganado. Eu disfarço bem, como muita salada, frutas, pão integral, mas não resisto aos pães. Ah, os pães! Hoje de manhã mesmo eu devorei dois mistos. Bom, pelo menos esses não tinham ovo. E eu adoro uma infinidade de outras coisas calóricas e gordurosas, como massas, omeletes e uma boa lata de leite condensado cozido. Hummm!
Engraçado é que as pessoas acham que eu como mal. O Felipe mesmo, sempre vem com essa: “Miuga, você tá muito magra. Vou te chamar pra almoçar essa semana.” A Tia Júlia, dona da lanchonete onde eu almoço, é outra.
Tia Júlia – Essa menina tá tão bonita hoje de vermelho. Parece uma criança! Toda magrinha. Mas é uma criança, né? Quantos anos você tem?
Eu – Tenho 22, tia. Nem tão criança assim...
Poucos minutos depois:
Tia Júlia – Você quer uma banana?
Eu – Não, tia, obrigada.
Tia Júlia – Por que? Você não gosta de banana?
Eu – Gosto, gosto muito. Mas é que eu já comi uma banana hoje. E tem mais um monte de frutas lá no meu trabalho.
Tia Júlia anda tão preocupada com a minha alimentação que disse que vai dar uma variada no meu prato favorito. Me explicou que, antigamente, havia mil tipos de saladas, com peito de peru, abacaxi, manga, molhos diversos, mas a galera não comia. Uma pena. Aí ela prometeu comprar umas coisas diferentes para mim. Pepino, brócolis e até carne vermelha pra dar uma variada. Vai ser ótimo. Com todo esse empenho, não duvido nada que ela bote umas vitaminas escondidas na minha comida.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Gentilezas
Sempre me divirto quando vou entrevistar alguém das engenharias. Não que o prédio da FT seja um circo, mas é incrível como eu saio de lá com a auto-estima renovada. Acontece que é um local onde o número de homens é infinitamente superior ao de mulheres. Então basta colocar o pé na parte central do edifício para aquele monte de meninos ficarem te olhando como se você fosse uma espécie em extinção.
E olha que você nem precisa ser grande coisa não. Hoje de manhã mesmo, eu estava toda esculhambada, com olheiras, de tênis, mas me senti uma top gatinha! Sem falar que é como se você estivesse em um mundo paralelo. Todos os rapazes se transformam nas criaturas mais atenciosas e prestativas que eu já vi.
Eu – Oi! Tô procurando a sala do professor X.
O cara da secretaria – Ah, sobe essa escada ali na frente e vira à direita.
De onde eu estava, não dava para ver nenhuma escada. Fiz aquela cara de perdida e não deu dois segundos para alguém “me salvar”.
Rapaz – Você está procurando a sala do professor X, não é?
Eu – É, estou.
Rapaz – Fica bem aqui. Você sobe essa escada e vira à direita. A sala dele é a primeira, vai ter o nome na porta.
Só faltou ele subir a escada comigo. Uma gentileza que eu vou te contar! Mas agora que eu estou escrevendo me ocorreu uma coisa: será que ele me achou uma retardada e por isso foi tão eficiente? Não, não. Prefiro pensar que ele me achou linda.
Moral da história: a lei da oferta e da procura vale para tudo mesmo!
E olha que você nem precisa ser grande coisa não. Hoje de manhã mesmo, eu estava toda esculhambada, com olheiras, de tênis, mas me senti uma top gatinha! Sem falar que é como se você estivesse em um mundo paralelo. Todos os rapazes se transformam nas criaturas mais atenciosas e prestativas que eu já vi.
Eu – Oi! Tô procurando a sala do professor X.
O cara da secretaria – Ah, sobe essa escada ali na frente e vira à direita.
De onde eu estava, não dava para ver nenhuma escada. Fiz aquela cara de perdida e não deu dois segundos para alguém “me salvar”.
Rapaz – Você está procurando a sala do professor X, não é?
Eu – É, estou.
Rapaz – Fica bem aqui. Você sobe essa escada e vira à direita. A sala dele é a primeira, vai ter o nome na porta.
Só faltou ele subir a escada comigo. Uma gentileza que eu vou te contar! Mas agora que eu estou escrevendo me ocorreu uma coisa: será que ele me achou uma retardada e por isso foi tão eficiente? Não, não. Prefiro pensar que ele me achou linda.
Moral da história: a lei da oferta e da procura vale para tudo mesmo!
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Do bem
Fico impressionada com a capacidade que algumas pessoas têm de gastar 20 palavras para dizer coisas que poderiam ser ditas com apenas cinco. Não estou falando aqui dos poetas, escritores, atores e afins. Esses podem gastar o tempo que quiserem para falar a baboseira que bem entenderem. A audiência vai depender da capacidade de conquistar o público.
Estou falando disso porque hoje tive aula com uma professora extremamente prolixa. Talvez eu esteja sendo dura demais, mas não consigo ver muito sentido no uso de expressões como “a metaforma da dialética dos processos cognitivos”. Tá, isso foi apenas um exemplo, ela não disse exatamente isso. Mas quase engoli a professora com meus bocejos. Sei que isso deve ter parecido muito desrespeitoso, mas era mais forte que eu.
Bom, o que eu queria mesmo dizer é que, apesar de toda a enrolação, o final da aula me fez pensar em uma coisa bem legal. A professora apresentou o resultado de uma pesquisa sobre o voluntariado no setor de oncologia do HUB. Depois de ver os resultados, fiquei imaginando como eu queria ser um pouco mais solidária, altruísta (tá aí uma palavra pomposa que eu adoro!). E olha que eu não estou falando de coisas complexas, como trabalhar no Médicos sem Fronteiras ou na Cruz Vermelha. Falo de solidariedade com as pessoas do meu lado, em atos simples que podem mudar o dia de alguém.
Um colega da pós é um verdadeiro exemplo do que estou falando. Ele senta do outro lado da sala, quase não fala comigo, mas sempre me olha com um jeito meigo e de quem está pronto para ajudar. Além disso, tem um hábito que eu achei lindo: traz uma caixa de bombons para a turma toda a semana. No trecho abaixo, ele explicou porque faz isso:
“Com relação ao chocolate de toda a segunda-feira, é o seguinte: ... Vejam o filme 'Chocolate', com Johnny Deep, Alfred Molina, aquela atriz do 'Matrix', Jaqueline Binoche (aquela francesa !?!), etc, ... bem é sobre a mágica do chocolate na vida das pessoas de uma comunidade: mudanças, transformações, superações... como sou um idealista penso a mesma coisa para todos nós... um abração para todos, um feliz sábado e domingo, Jácomo.”
Não sei se vou chegar a ter a mesma determinação do Jácomo. Mas acho que quero muito ver esse filme.
Estou falando disso porque hoje tive aula com uma professora extremamente prolixa. Talvez eu esteja sendo dura demais, mas não consigo ver muito sentido no uso de expressões como “a metaforma da dialética dos processos cognitivos”. Tá, isso foi apenas um exemplo, ela não disse exatamente isso. Mas quase engoli a professora com meus bocejos. Sei que isso deve ter parecido muito desrespeitoso, mas era mais forte que eu.
Bom, o que eu queria mesmo dizer é que, apesar de toda a enrolação, o final da aula me fez pensar em uma coisa bem legal. A professora apresentou o resultado de uma pesquisa sobre o voluntariado no setor de oncologia do HUB. Depois de ver os resultados, fiquei imaginando como eu queria ser um pouco mais solidária, altruísta (tá aí uma palavra pomposa que eu adoro!). E olha que eu não estou falando de coisas complexas, como trabalhar no Médicos sem Fronteiras ou na Cruz Vermelha. Falo de solidariedade com as pessoas do meu lado, em atos simples que podem mudar o dia de alguém.
Um colega da pós é um verdadeiro exemplo do que estou falando. Ele senta do outro lado da sala, quase não fala comigo, mas sempre me olha com um jeito meigo e de quem está pronto para ajudar. Além disso, tem um hábito que eu achei lindo: traz uma caixa de bombons para a turma toda a semana. No trecho abaixo, ele explicou porque faz isso:
“Com relação ao chocolate de toda a segunda-feira, é o seguinte: ... Vejam o filme 'Chocolate', com Johnny Deep, Alfred Molina, aquela atriz do 'Matrix', Jaqueline Binoche (aquela francesa !?!), etc, ... bem é sobre a mágica do chocolate na vida das pessoas de uma comunidade: mudanças, transformações, superações... como sou um idealista penso a mesma coisa para todos nós... um abração para todos, um feliz sábado e domingo, Jácomo.”
Não sei se vou chegar a ter a mesma determinação do Jácomo. Mas acho que quero muito ver esse filme.
domingo, 1 de junho de 2008
Sobre pneus e ligações
Não sou nem um pouco machista, pelo contrário. Alguns amigos até me acham uma feminista inveterada, daquelas que queimam o sutiã em praça pública. Mas uma coisa é certa: existem tarefas que jamais devem ser feitas por mulheres. Na verdade, nem por certos homens. Como, por exemplo, aqueles três bêbados que vieram me ajudar ontem à noite quando furou o pneu. Um deles se abaixou para ver o estrago e acabou rolando na grama. Tive que pedir para eles irem embora. Já estava com problemas demais e paciência de menos.
Aí eu fiquei pensando quem é que podia me salvar. Sim, porque me senti realmente incapaz de fazer qualquer coisa. Pensei em ligar para o meu pai, mas não achei que seria legal acorda-lo às três da madrugada para vir me socorrer. Ele ia achar que sou barbeira, ou que bebi demais. Não, não. Liguei para o Felipe, mas ele estava em uma festa, milhares de quilômetros distante de onde eu estava, e mais ou menos no mesmo estado alcoólico dos três bêbados. Liguei para o Bruno, que também estava bêbado em uma festa. Depois ele retornou.
Bruno – Carol, qual é a sua, hein?
Eu – Como assim?
Bruno – Por que é que você fica me ligando?
Eu – Desculpa, não devia ter ligado. Só porque eu fiquei meio desesperada, não tinha mais ninguém pra me ajudar. Desculpa.
Decidi ligar para a minha irmã. Ela também é mulher, mas uma vez me disse que tinha experiência em trocar pneus. Comecei a duvidar disso quando ela chegou e parou para olhar o pneu do carro que dirigia.
Isa – Ouvi um barulho estranho, achei que tinha furado também quando subi o meio-fio.
A sorte é que tinha um posto de gasolina por perto. Decidimos ir lá e perguntar se tinha como chegarmos em casa com o pneu daquele jeito.
Isa – E aí? A gente consegue chegar em casa?
Eu – Sim, ele disse que sim. Tava falando com o Bruno antes, ele veio me perguntar por que eu liguei pra ele. É que na quarta eu também liguei, tava muito triste, precisando conversar. Ele não é só meu ex, é meu amigo, foi meu melhor amigo durante um bom tempo, sempre me deu a maior força e...
Isa – Mana, por que você está contando essas coisas para o cara do posto?
Eu – Não tô contando pro cara do posto, tô contando pra você.
Isa – A gente pode conversar sobre isso em casa? Tô de shortinho, tá fazendo o maior frio e tá todo mundo me olhando.
Hoje de manhã, no telefone:
Bruno – Carol? Te acordei?
Eu – Não.
Bruno – Desculpa por ontem. Eu tava meio alterado.
Eu – Tudo bem. Me desculpa também.
Bruno – Posso só te falar uma coisa? Tudo bem você me ligar, mas não precisa ser só quando você está na pior. Nós somos amigos.
Eu – Tá bom, você tem razão.
Aí eu fiquei pensando quem é que podia me salvar. Sim, porque me senti realmente incapaz de fazer qualquer coisa. Pensei em ligar para o meu pai, mas não achei que seria legal acorda-lo às três da madrugada para vir me socorrer. Ele ia achar que sou barbeira, ou que bebi demais. Não, não. Liguei para o Felipe, mas ele estava em uma festa, milhares de quilômetros distante de onde eu estava, e mais ou menos no mesmo estado alcoólico dos três bêbados. Liguei para o Bruno, que também estava bêbado em uma festa. Depois ele retornou.
Bruno – Carol, qual é a sua, hein?
Eu – Como assim?
Bruno – Por que é que você fica me ligando?
Eu – Desculpa, não devia ter ligado. Só porque eu fiquei meio desesperada, não tinha mais ninguém pra me ajudar. Desculpa.
Decidi ligar para a minha irmã. Ela também é mulher, mas uma vez me disse que tinha experiência em trocar pneus. Comecei a duvidar disso quando ela chegou e parou para olhar o pneu do carro que dirigia.
Isa – Ouvi um barulho estranho, achei que tinha furado também quando subi o meio-fio.
A sorte é que tinha um posto de gasolina por perto. Decidimos ir lá e perguntar se tinha como chegarmos em casa com o pneu daquele jeito.
Isa – E aí? A gente consegue chegar em casa?
Eu – Sim, ele disse que sim. Tava falando com o Bruno antes, ele veio me perguntar por que eu liguei pra ele. É que na quarta eu também liguei, tava muito triste, precisando conversar. Ele não é só meu ex, é meu amigo, foi meu melhor amigo durante um bom tempo, sempre me deu a maior força e...
Isa – Mana, por que você está contando essas coisas para o cara do posto?
Eu – Não tô contando pro cara do posto, tô contando pra você.
Isa – A gente pode conversar sobre isso em casa? Tô de shortinho, tá fazendo o maior frio e tá todo mundo me olhando.
Hoje de manhã, no telefone:
Bruno – Carol? Te acordei?
Eu – Não.
Bruno – Desculpa por ontem. Eu tava meio alterado.
Eu – Tudo bem. Me desculpa também.
Bruno – Posso só te falar uma coisa? Tudo bem você me ligar, mas não precisa ser só quando você está na pior. Nós somos amigos.
Eu – Tá bom, você tem razão.
Confusão em três atos
1º Ato – Indo para a festa
Rose – Amiga, posso pegar o próximo retorno?
Feijoca – Oi?
Rose – O retorno. Pode entrar?
Feijoca – Ah, pode.
Dois minutos rodando, rodando e nada de encontrar a entrada da pista.
Rose – Viu? A gente acabou de voltar pro mesmo lugar de antes. Dava pra ter entrado nesse retorno aqui.
Feijoca – Pois é, quem mandou você entrar naquele retorno?
Rose – Você mandou!
Feijoca – Eu mandei? Por acaso eu disse: “Rose, vira na próxima à esquerda”?
Rose – Não exatamente.
2º Ato – Chegando na festa
Kequel – Amiga, você acha que eu devo deixar o casaco no carro?
Feijoca – É, é melhor sem o colar.
Kequel - ???
Feijoca – É porque esse colar é muito colorido, cheio de missangas. Assim, eu acho uma graça, mas não combina com festa junina. É muito verão, entende?
Kequel entrou na festa sem o colar e com o casaco. Ficou a noite inteira segurando debaixo do braço.
3º Ato – Na festa
Eu – Tenho vontade de ficar te beijando até amanhã de manhã.
Ele – Então hoje você vai embora comigo.
Eu – Claro que não! Você tá louco?
Às vezes, dá até para entender porque os homens dizem que as mulheres são complicadas. Na verdade, elas não são complicadas, só um pouco confusas. E existem dois tipos de confusão feminina: não saber o que quer e não saber o que fazer com o que quer. Eu acho a segunda bem mais perigosa que a primeira. É nessa situação que a gente acaba trocando os pés pelas mãos. É quando das duas uma: ou a gente não pensa e age no impulso ou pensa demais e acaba fazendo tudo errado.
Rose – Amiga, posso pegar o próximo retorno?
Feijoca – Oi?
Rose – O retorno. Pode entrar?
Feijoca – Ah, pode.
Dois minutos rodando, rodando e nada de encontrar a entrada da pista.
Rose – Viu? A gente acabou de voltar pro mesmo lugar de antes. Dava pra ter entrado nesse retorno aqui.
Feijoca – Pois é, quem mandou você entrar naquele retorno?
Rose – Você mandou!
Feijoca – Eu mandei? Por acaso eu disse: “Rose, vira na próxima à esquerda”?
Rose – Não exatamente.
2º Ato – Chegando na festa
Kequel – Amiga, você acha que eu devo deixar o casaco no carro?
Feijoca – É, é melhor sem o colar.
Kequel - ???
Feijoca – É porque esse colar é muito colorido, cheio de missangas. Assim, eu acho uma graça, mas não combina com festa junina. É muito verão, entende?
Kequel entrou na festa sem o colar e com o casaco. Ficou a noite inteira segurando debaixo do braço.
3º Ato – Na festa
Eu – Tenho vontade de ficar te beijando até amanhã de manhã.
Ele – Então hoje você vai embora comigo.
Eu – Claro que não! Você tá louco?
Às vezes, dá até para entender porque os homens dizem que as mulheres são complicadas. Na verdade, elas não são complicadas, só um pouco confusas. E existem dois tipos de confusão feminina: não saber o que quer e não saber o que fazer com o que quer. Eu acho a segunda bem mais perigosa que a primeira. É nessa situação que a gente acaba trocando os pés pelas mãos. É quando das duas uma: ou a gente não pensa e age no impulso ou pensa demais e acaba fazendo tudo errado.
Pé na jaca
Ressaca é um negócio esquisito... Um amigo que tem diabetes fez a melhor descrição do processo “cachaçada/dia seguinte”: na hora da bebedeira, a glicose sobe ao mesmo nível da alegria, descontração e quantidade de merdas feitas. No dia seguinte, a glicose está lá em baixo, a pessoa fica pálida, com olheiras, boca ressecada e aquela cara de pudim.
Se eu tivesse diabetes, quinta-feira eu teria tido um piripaque. Mentira, nem foi tão grave assim. No máximo, um desmaio. Como se não bastasse a ingestão do álcool, teve uma hora em que eu achei que não tinha fundo. Comi dois pratos de macarronada e só não comi o terceiro porque a luz divina iluminou meus pensamentos.
Quinta, na casa da Ana Clara:
Tia Cláudia – Carol, você não precisa ir embora. Pode ficar aqui, a gente vê televisão, conversa, você relaxa, vai embora e dorme cedo.
Eu – É tia, vou ver aqui o que eu faço.
Tia Cláudia – Carol, você quer um uísque?
Eu – Não tia, obrigada. Tô na fossa, mas ainda não penso em suicídio.
Tia Cláudia – Uma cerveja, então?
Eu – Sabe que que é? Quando eu tô assim, fico com o estômago embrulhado, e cerveja é meio pesado...
Tia Cláudia – É... uma vodka com suco, talvez?
Eu – Tá, pode ser.
Tia Cláudia – Que suco? Laranja ou uva?
Eu – Uva!
Duas horas depois, a Ana abre a porta, com uma cara de espanto em meio a uma nuvem de fumaça.
Ana – Mãe! Que que você fez com a Carol?
Tia Cláudia – Ihhh, Ana Clara! Que chatice, hein! Pega um copo e senta aqui com a gente!
Se eu tivesse diabetes, quinta-feira eu teria tido um piripaque. Mentira, nem foi tão grave assim. No máximo, um desmaio. Como se não bastasse a ingestão do álcool, teve uma hora em que eu achei que não tinha fundo. Comi dois pratos de macarronada e só não comi o terceiro porque a luz divina iluminou meus pensamentos.
Quinta, na casa da Ana Clara:
Tia Cláudia – Carol, você não precisa ir embora. Pode ficar aqui, a gente vê televisão, conversa, você relaxa, vai embora e dorme cedo.
Eu – É tia, vou ver aqui o que eu faço.
Tia Cláudia – Carol, você quer um uísque?
Eu – Não tia, obrigada. Tô na fossa, mas ainda não penso em suicídio.
Tia Cláudia – Uma cerveja, então?
Eu – Sabe que que é? Quando eu tô assim, fico com o estômago embrulhado, e cerveja é meio pesado...
Tia Cláudia – É... uma vodka com suco, talvez?
Eu – Tá, pode ser.
Tia Cláudia – Que suco? Laranja ou uva?
Eu – Uva!
Duas horas depois, a Ana abre a porta, com uma cara de espanto em meio a uma nuvem de fumaça.
Ana – Mãe! Que que você fez com a Carol?
Tia Cláudia – Ihhh, Ana Clara! Que chatice, hein! Pega um copo e senta aqui com a gente!
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