segunda-feira, 30 de junho de 2008

20 e poucos anos

Semana que vem eu faço aniversário. Eu e mais um montão de amigos cancerianos, alguns super animados, já programando eventos pé na jaca total. Outros mais tranqüilos, contentes porque poderão comer de graça no Crepe au Chocolat. Acho que estou no meio termo. Ando meio sem clima para mega festas, mas faço questão de lembrar todo mundo quando é o meu aniversário. Adoro receber abraços, parabéns e aquela babação de ovo toda. Uma vez por ano não é nada mal...

Engraçado que esse ano eu nem fiquei naquela nóia de “ó, Deus, estou ficando velha, o tempo está passando rápido demais e blá blá blá”. Pelo menos, por enquanto. Deve ser porque estou muito de bem com a vida. Além disso, sempre gostei mais dos números ímpares, vou fazer 23, que é bem mais interessante que ter 22.

Hoje, no trabalho:

Virgínia – Gente, amanhã eu me torno oficialmente velha: vou fazer 25 anos!

Eu – Ai, Vi. Quanto drama...

Virgínia – É sério. Agora eu tenho quatro anos para passar num concurso, casar com o homem da minha vida e ter meu primeiro filho.

Luana – Ixi, se for por isso, eu estou atrasada... Tô com 27 e ainda não fiz nenhuma dessas coisas aí.

Virgínia – Mas cuidar de criança é um negócio complicado. Esses dias, fui com meus sobrinhos no shopping e foi uma confusão. Eles não sabem o que querem, não têm personalidade.

Eu – Toda criança é assim, né. Memória volátil.

Luana – Ai, eu quero ter filhos. Filhos não. Um só tá ótimo. Acho que dá para ter até os 35 anos.

Virgínia – Mas é tão ruim um só. Ele não vai ter com quem conversar...

Dalcin – Eu não quero ter filhos. Sou muito egoísta, quero guardar dinheiro para viajar. Escola tá super caro, né.

Dai – Como eu não tive filhos antes dos 20, vou esperar um pouco ainda.

Eu – Como assim? Você queria ter filhos na adolescência?

Dai – Eu sim, crescer junto com eles...

Virgínia – Acho que eu quero ter dois, um menino e uma menina.

Eu – Igualzinho propaganda de margarina.

Dalcin – Não adianta. Se você quer ter um filho é ruim, se quer ter dois é ruim, se não quer também é ruim. Afinal, que que você quer da gente, sociedade?

PS: o pessoal estava super animado hoje. Primeiro dia de férias do senhor do ar condicionado. Com isso, a galera que morre congelada conseguiu se mexer. Teve uma hora que deu até calor.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Vizinhança

Vizinho é um negócio complicado. Não importa onde você more, sempre vai ter o chato, o festivo, o doidão, o que maltrata os filhos... A proximidade dos lares facilita qualquer adivinhação no sentido de saber quem é o esquisito que mora ao lado. Tudo sem que ninguém tenha vindo a sua casa para dar bom dia ou oferecer um pedaço de bolo. E quem acha que os problemas diminuem quando se muda para uma casa com bastante espaço está muito enganado.

O meu vizinho da frente, por exemplo, só pode ser promoter de eventos. Sim, porque além do karaokê dominical (que inclui clássicos da viola caipira ao brega), ele faz as festas temáticas. Já tivemos aniversários infantis, Páscoa e, na sexta-feira passada, como não poderia deixar de ser, a festa junina. Cheguei em casa quase me arrastando, pedindo paz para a cabeça e para os ouvidos. Quando estacionei o carro e desliguei o som, só deu para ouvir o pessoal naquela animação: “Olha a cobra!”.

Mas, pelo menos, o promoter é simpático. Até chamou meu pai para a comemoração junina. Também, só faltava ser, além de barulhento, um grosso. O problema lá em casa é a vizinha de trás. Com todo o respeito, creio que ela deve ser uma senhora muito solitária e carente.

Tem algum tempo que não rola nenhum evento na minha casa. E juro que a presença da miss simpatia nos arredores me faz pensar duas vezes antes de convocar qualquer festinha. Da última vez (era minha formatura, estava muito feliz e cheia de amigos) o segurança foi duas vezes na minha porta com o aparelhinho de medir decibéis. Tudo bem, baixamos o volume, cortamos as piadas. O problema é que só a voz de uma pessoa ultrapassava o limite de som permitido para o horário. Cheguei à conclusão de que a vizinha pagou propina para o segurança mudar a configuração do equipamento.

Meu pai, a voz da experiência, arranjou uma solução muito boa para o impasse: convidar a vizinha para a festinha. Só que eu não o deixei colocar em prática. Devia ter deixado. Na próxima, ela vai ser a primeira a receber o convite. Quem sabe ela até não arranja um namorado?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Dançarina

Ainda não coloquei no papel, mas entre as minhas resoluções de junho está a promessa de que vou aprender a dançar forró. Não só o basiquinho, vou dançar mesmo, com a leveza de uma borboleta. Estava até querendo viajar para Itaúnas, naquele festival que promete mudar a cabeça dos que nunca se apaixonaram pelo ritmo. Recebi uma proposta indecente do tipo “consigo um atestado médico de 10 dias para você”. Mas não deu. Não ia me sentir bem mentindo para o pessoal do trabalho.

O jeito vai ser me virar por aqui mesmo. E foi com essa determinação que ontem eu e a Ana fomos para o forró (aliás, queria fazer um parêntese sobre a Ana: além de mega companheira, a Ana tem um costume que combina demais comigo. Ela gosta de chegar cedo nos eventos. Tudo bem se a festa só vai bombar às 23h... a gente chega às 22h e fica batendo papo, tomando uma. Me divirto!).

Bom, o forró até que estava animado. O problema é que havia cinco mulheres para cada homem. Aí ficamos eu e Ana sentadas na mesa, curtindo o local como se fosse um barzinho com música ao vivo. Sim, porque se até as forrozeiras estavam com dificuldade para achar um par, imagine eu e a Ana, com toda a nossa habilidade!

Até que apareceu um garotinho e me chamou para dançar.

Garotinho – Vamos dançar?

Eu – Vamos. Mas eu não sei dançar direito.

Garotinho – Tudo bem. Eu vou te ensinar.

Uau. Gostei da firmeza.

Garotinho – Como é seu nome?

Eu – Carol e o seu?

Garotinho – Lucas. Você estuda o quê, Carol?

Eu – Sou jornalista e...

Garotinho – Você já é formada? Nossa! Quantos anos você tem?

Eu – Vou fazer 23 daqui umas duas semanas.

Garotinho – Puxa! Achei que você tinha uns 17.

Tudo bem que eu estava de bata cor de rosa, calça jeans e tênis branco. Mas 17?! Decidi considerar o palpite dele como um elogio.

Garotinho – Você está indo bem. Vou te ensinar um passo de gafieira e depois um de zouk.

Eu – Vem cá, não é melhor a gente ficar só no forró já que é isso que a banda está tocando?

Desisti do garotinho. Muito afobado. A Ana dançou com ele depois e disse que ele parecia muito contente em vê-la, se é que vocês me entendem. Eu, graças a Deus, não senti nada.

Depois do garotinho, veio um senhor muito simpático. Me deu uns conselhos preciosos: dar passos curtos na hora de girar e levantar os braços. Quase como uma bailarina. Isso aí. Passos curtos e levantar os braços, virou um mantra.

O último corajoso foi um cara super divertido. Contou que fazia aulas de forró há alguns meses, mas estava enferrujado pela falta de prática. Como ele já foi aprendiz, teve uma paciência de Jó comigo.

O cara – Escuta, eu sou o homem, eu conduzo. Pára de querer comandar.

Eu – Tá, bom. Foi mal. É que eu sou meio dura mesmo.

O cara – Concentra na marcação... Isso! Minha professora dizia que é só ficar ligado na zabumba.

Eu – Zabumba?

O cara – É! Ta ouvindo? Bum, bum, bum...

Depois de meia hora de tentativas, até que a gente estava mandando bem. Fiquei orgulhosa de mim. E super animada para ir no forró outra vez. Chato é que, enquanto eu encontrei um parceiro bacaninha para dançar, a Ana ficou 40 minutos com um cara que só sabia o dois prá lá, dois pra cá. Teve uma hora em que eu tive que socorre-la. Ela agradeceu, contou que já estava com torcicolo. Duvido muito que ela queira ir no forró comigo outra vez...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Mãe sabe das coisas

Nunca entendi direito essa história de que as pessoas de Câncer têm o dom da família. É como se, só pelo fato de ter nascido em julho, eu tivesse a vocação da maternidade. Claro que eu quero ter filhos, mas, ao contrário de muitas amigas que não são de Câncer, não me imagino gestando, amamentando, mantendo uma prole toda sob controle. Esse sonho cor de rosa não passa nem perto do que quero pra mim. Pelo menos por enquanto.

Pensando bem, quero muito ter filhos. Só para um dia ser tocada por essa coisa generosa que todas as mães têm. É incrível, elas conseguem ser compreensivas, pacientes. Totalmente braços abertos.

Há mais ou menos duas semanas, na casa da Ana Clara:

Tia Cláudia – Carol, vou te falar uma coisa: sabe quem vai ser o homem da sua vida?

Eu – Não, tia... Nem tô muito preocupada em saber no momento.

Tia Cláudia – Vai ser alguém com quem você goste de conversar. Talvez seja aquele seu amigo que você nunca deu a menor bola. Porque, no final, o que realmente importa é o companheirismo.

Eu – Eu sei, tia. Companheirismo...

Essa semana, no almoço:

Tia Júlia – Agora você veja uma coisa, Carol. Meu filho casou e praticamente esqueceu da família. Ele era muito atencioso, sempre comprava presentes no aniversário, no Natal... Acredita que hoje eu sequer sei onde ele mora? Mudou de endereço e não fez questão de me avisar.

Eu – Sério, tia? Mas o que houve? Você não se dá bem com a sua nora?

Tia Júlia – Sempre tentei manter um bom relacionamento com eles. Mas hoje eu digo de boca cheia que meu filho casou com uma mulher gorda, burra e mal-educada.

Hoje, na casa da Gabi:

Tia Chaguinha – Pois é, não adianta ficar esquentando a cabeça com essas coisas. Eu na idade de vocês ia querer saber de casamento? Deus me livre! Casei com 28 anos e porque estava grávida.

Gabi – Eu sei, mãe. Ninguém tá falando de casamento não. Mas um namorinho até que era interessante, né.

Tia Chaguinha – E você, Carol? Não vai voltar a namorar? Sempre achei que você e o Bruno iam casar.

Eu – Eu também achava, tia. Mas, como você disse, quando não é para ser, não é.

Esses tempos, com a minha mãe:

Mãe – Filha, nada que eu fale vai fazer você parar de sofrer. O tempo é o único remédio para essas coisas.

Eu – Eu sei, mãe.

Mãe – Eu lamento muito que vocês não estejam mais juntos. Mas se você acha que não era ele, então não era.

Ah, se alguém ficou curioso: o nome da minha mãe é Miriam.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Filosofando...

Acho engraçado quando a gente acaba de conhecer as pessoas e não sabe como chama-las. Não estou falando de esquecer o nome. Isso acontece com quase todo mundo e, pelo menos para mim, não gera nenhum constrangimento. Vou lá e pergunto para o sujeito: “Desculpa, como é mesmo seu nome?”. O chato é quando você conhece a pessoa, sabe o nome, mas não tem a menor intimidade para usa-lo. Ou então quando acha o nome formal demais, gostaria que a pessoa tivesse só um apelido para tornar a conversa mais maleável.

Tenho um colega da pós que se chama Norberto. Eu sei, Norberto não é um nome estranho. Mas me soa terrivelmente quadrado, engessado, apesar de o Norberto ser uma pessoa super acessível. Fico imaginando como é que a esposa do Norberto chama ele... seria Nô? Talvez Beto? Mais provável é que seja “Amor”. Mas eu não amo o Norberto e não posso chama-lo assim. E também não temos aquela amizade para que eu o chame de “Amigo”.

Tem um outro cara que gosta de ser chamado de Schneider. É o sobrenome dele. Com esse, as coisas estão um pouco mais tensas, porque ele é do meu grupo de pesquisa e temos nos encontrado com freqüência. Aí a gente fica divagando sobre o tema do nosso projeto – e sobre a vida também, já que o Schneider é meio filósofo. Só que estamos ficando cada vez mais próximos e estou cada vez mais incomodada em chama-lo de Schneider. Vou dizer isso a ele.

O Schneider, inclusive, é uma daquelas pessoas que aparecem na nossa vida e deixam contribuições bem legais. Odiei quando o professor deu a idéia de nos juntarmos no grupo de pesquisa, o Schneider é super acadêmico e, conseqüentemente, aquele cara que faz mil perguntas no final da aula, quando todo mundo já está de saco cheio. Mas confesso que foi divertido passar parte do meu fim de semana com ele.

Domingo à tarde ele veio aqui em casa e fez uma coisa incrível. Conseguiu me explicar por A mais B, seguindo os princípios racionais da lógica e da física, que as coisas acontecem na nossa vida por alguma razão. Claro que não vou nem tentar transcrever os argumentos dele. Sei que no final, ele resumiu:

Schneider – Carol, vou te dar um exemplo grosseiro: você sai daqui e na próxima rua bate o carro. Aí você fica indignada, xinga o carro, o outro motorista, a você mesma... Não adianta. Depois você vai perceber que precisava disso. Seu corpo, sua mente precisavam.

Ainda não decidi se chamo isso de acaso, destino, carma, sincronicidade, transcendência... Mas minhas conversas com o Schneider têm me feito muito bem. Tirando o fato de ele gostar de ser chamado de Schneider.

domingo, 15 de junho de 2008

Aula de estilo

Não sou nem um pouco ligada nesse lance de moda. Não é que eu ande desleixada, mas sou bem básica. Minhas amigas até me proibiram de comprar roupas em tons neutros, disseram que eu estava precisando dar uma alegrada no meu guarda-roupa. Aí comprei uma blusa vermelha e uma rosa pink. Mas não teve jeito: acabei levando também uma cinza, bem simplesinha.

Eu também não costumo reparar no visual alheio. Assim, para eu fazer algum comentário, a pessoa tem que estar muito linda, ou muito bizarra ou com a bunda aparecendo. Mas ontem, na fila do banheiro, presenciei uma conversa surreal. A menina da minha frente e a menina atrás de mim estavam, digamos, um tanto quanto diferentes. Teve uma hora em que eu achei que a esquisita do local era eu, de calça jeans e blusinha.

Moça de trás – Nossa, adorei essa sua calça! Onde você comprou?

Juro que a calça era toda listrada, multicolorida e boca-de-sino. Um show.

Moça da frente – Comprei nos Estados Unidos. Linda, né?

Moça de trás – Ai, só podia ser de fora mesmo... Essas coisas bacanas demoram para chegar no Brasil.

Eu - ???

Moça da frente – A sua meia-calça também está um arraso.

Bom, a meia-calça era verde limão, com uns desenhos tribais em preto. Pelo menos eram em preto. Não duvido nada que a menina ia achar fenomenal se os desenhos fossem cor de mostarda.

Moça de trás – Pois é, essa eu encontrei num brechó.

Quando eu achava que já tinha ouvido uma aula de moda, a moça da frente entrou no banheiro. E de lá perguntou:

Moça da frente – E vem cá, será que sua meia-calça brilha no escuro?

Moça de trás – Não sei. Vou até tentar usar com a luz negra para ver.

É, acho que preciso rever meus conceitos.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O Pólo Norte é aqui

Tenho um problema sério de pé frio. Não se trata de má sorte, não. Estou falando de pé frio mesmo, gelado. Para o meu pé ficar quentinho, só mesmo no alto verão, ou depois de uma caminhada ou de um banho quente. E o ruim é que eu não consigo dormir sem estar com o pé quente... não adianta só colocar uma meia. Às vezes eu levanto da cama e vou no chuveiro só molhar o pé. Tudo por uma noite agradável de sono.

Na verdade, eu sou uma pessoa que sente muito frio, mais do que o normal. Não consigo entender como eu “sobrevivi” tanto tempo lá no Sul, sem calefação e um banheiro bem aquecido na hora de tomar banho. Mas aqui estou, na cidade da seca, onde o sol brilha todos os dias. E mesmo assim, quase todos os dias, tenho a sensação de que moro na Sibéria.

Isso porque sento na reta do ar condicionado. Fico de costas, mas o vento glacial que sai daquele proliferador de fungos congela até a minha espinha, faz até meu cabelo voar. Pois é, o maravilhoso ar condicionado que deixa o ambiente levemente refrigerado para os meus colegas de trabalho, me deixa com as mãos roxas de frio. Imagine os pés!

Não sou a única que sofre com a frieza da sala. Eu e mais uns três ou quatro desafortunados já montamos um verdadeiro arsenal de guerra para sobreviver às horas em que o ar tem de ficar ligado. Casacos, capuzes, cachecóis, até luvas. Mas chega uma hora em que nem todos os tecidos do mundo são capazes de manter a concentração. Eu já me conformei, mas o Dalcin, um sujeito inquieto, assume a liderança e briga pelo nosso não congelamento.

Hoje, antes das 17h30:

Virgínia – Cara, a gente tá parecendo um monte de esquimós. A Luana, então, tá demais com esse capuz!

Dalcin – Nós não somos esquimós, somos apenas humanos e sentimos frio. Quer saber? Vou desligar essa merda.

Cheio de atitude, o Dalcin foi lá e desligou o ar condicionado. Uau, que coragem. Ainda faltava meia hora para a gente se libertar do frio glacial.

Dalcin – Carol, agora você abre as janelas.

Eu – Eu? Eu não vou abrir. Vai todo mundo perceber que a gente desligou o ar antes da hora. Abre você. Não quero me envolver em mais uma discussão sobre isso.

Pode me chamar de covarde. Mas eu achei meio injusto que ele apenas apertasse sorrateiramente o botãozinho e eu tivesse que abrir as janelas da sala. Na frente de todo mundo, inclusive do chefe, que foi mais do que categórico ao dizer que o ar vai ficar ligado durante a tarde. E ponto final.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Flores

Se esse inverno tivesse um cheiro, certamente seria de jasmim. Li em algum lugar (deve ter sido a Wikipedia) que existem vários tipos de jasmim, umas rosadas e outras amarelas, mas todas conhecidas pelo cheiro adocicado. Acho que foi nesse mesmo lugar, dizia também que o perfume de jasmim enfeitiça os homens. Interessante... mas não é bem esse o motivo do meu encantamento.

Gosto de jasmim porque o perfume insiste em entrar pelas arestas do carro quando estou chegando em casa, à noite. Aí, depois de estacionar, fico alguns minutinhos lá fora, “apreciando” aquele cheiro suave, olhando para o céu. Isso até vir aquele vento gelado que sopra constantemente onde eu moro, principalmente nessa época do ano. Mas mesmo assim, dá vontade de colocar a cama na varanda, tenho quase certeza de que as jasmins iam me fazer dormir como um anjo.

Antes delas, teve a fase das flores de açucena. Essas invadiam o meu dia sempre lá pelas seis da tarde, quando eu saía do trabalho e ficava rodando a UnB, esperando a hora passar e a vontade de ir para casa também. As açucenas têm um cheiro de mel, fecho os olhos e até imagino as abelhas se divertindo. Me lembram um bom café com pão, biscoitos, e aquelas comidas que a gente come em casa de mãe e vó.

Também sempre gostei muito das rosas brancas, pela beleza e pelo perfume. Mas confesso que desisti. Gosto de gostar das coisas simples, e só encontrava as ditas em festas de casamento. E olha lá. Geralmente, as noivas preferem as vermelhas.

Mas a que eu mais gosto mesmo, sempre gostei e acho que sempre vou gostar, é o girassol. Não pela beleza, nem pelo cheiro, nem pela facilidade de encontrar. Talvez seja por causa da cor, amarelo me traz a sensação de alegria, amizade. Não, não. Acho que é pelo amor. É, é isso. Quer coisa mais bonita do que ficar acompanhando, todos os dias, incansavelmente, o andar do sol? Eu não quero.

sábado, 7 de junho de 2008

Essência de vida!

Tem algumas coisas típicas lá do Sul que me dão uma saudade enorme. A maioria delas a gente pode encontrar em Brasília mesmo, em versões pioradas e, em alguns casos raros, melhoradas. No Dia das Mães mesmo, fui almoçar com a família em uma galeteria que serve um tortéi maravilhoso. Que a minha vó não leia uma coisa dessas, mas o do restaurante é bem mais gostoso que o dela.

Mas ontem o que salvou a minha vida foi uma coisa que não se encontra por aqui. Na minha casa tem porque a gente “importa” sempre que algum parente vem nos visitar. Estou falando de um remedinho chamado Olina, que tem o sugestivo slogan “Essência de Vida”. Olina é um remédio feito com alguma coisa muito ruim que promete acabar com a azia e a má digestão. Eu nem preciso ler as instruções para saber qual é a lógica do processo. Para mim, ele funciona assim: o negócio é tão ruim, mas tão ruim, que se tiver alguma chance de você vomitar, você vai vomitar.

Bom, fato é que eu fui dormir com uma barriga de quatro meses de gestação. Consegui pegar no sono graças ao cansaço e porque o Jorge ficou cantando baixinho no meu ouvido “eu quero Ive Bru-Brussel, Bru-Brussel”. Só que eu acordei às cinco da manhã com a certeza de que eu estava gestando um alien. Nossaaaa! Não conseguia nem ficar reta!

Corri para a cozinha na esperança de encontrar um sal de fruta. Mas só achei aquela embalagem laranjada, que lembrou a minha infância, minha mãe dizendo que se eu desse só uns golinhos, a dor de barriga ia passar, e eu relutante, fazendo todo mundo perder minutos preciosos de sono. Mas ontem não tinha ninguém para me fazer tomar a Olina e eu decidi por mim mesma que era melhor sofrer alguns segundos para garantir o resto da noite.

E assim foi. Tomei metadinha de um copo, quase botei os bofes para fora, esperei uns 15 minutos, e o monstro que estava na minha barriga se aquietou. Voltei para a cama e o Jorge me fez dormir de novo. Dessa vez com “Ai, ai, caramba! Ai, ai, caramba!”.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Comendo (muito) bem

É, definitivamente eu não gosto de cenoura. Assim, num refogado com outros legumes até que é legal, bolo de cenoura também não é má idéia. Mas comer todo dia não rola. Digo isso porque o meu almoço de, no mínimo, três vezes por semana é frango grelhado, uma fatia de queijo e um montão de alface, tomate, beterraba e cenoura. Mas não adianta: a cenoura sempre sobra.

Se você está achando que eu sou super light só por causa desse cardápio, está muito enganado. Eu disfarço bem, como muita salada, frutas, pão integral, mas não resisto aos pães. Ah, os pães! Hoje de manhã mesmo eu devorei dois mistos. Bom, pelo menos esses não tinham ovo. E eu adoro uma infinidade de outras coisas calóricas e gordurosas, como massas, omeletes e uma boa lata de leite condensado cozido. Hummm!

Engraçado é que as pessoas acham que eu como mal. O Felipe mesmo, sempre vem com essa: “Miuga, você tá muito magra. Vou te chamar pra almoçar essa semana.” A Tia Júlia, dona da lanchonete onde eu almoço, é outra.

Tia Júlia – Essa menina tá tão bonita hoje de vermelho. Parece uma criança! Toda magrinha. Mas é uma criança, né? Quantos anos você tem?

Eu – Tenho 22, tia. Nem tão criança assim...

Poucos minutos depois:

Tia Júlia – Você quer uma banana?

Eu – Não, tia, obrigada.

Tia Júlia – Por que? Você não gosta de banana?

Eu – Gosto, gosto muito. Mas é que eu já comi uma banana hoje. E tem mais um monte de frutas lá no meu trabalho.

Tia Júlia anda tão preocupada com a minha alimentação que disse que vai dar uma variada no meu prato favorito. Me explicou que, antigamente, havia mil tipos de saladas, com peito de peru, abacaxi, manga, molhos diversos, mas a galera não comia. Uma pena. Aí ela prometeu comprar umas coisas diferentes para mim. Pepino, brócolis e até carne vermelha pra dar uma variada. Vai ser ótimo. Com todo esse empenho, não duvido nada que ela bote umas vitaminas escondidas na minha comida.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Gentilezas

Sempre me divirto quando vou entrevistar alguém das engenharias. Não que o prédio da FT seja um circo, mas é incrível como eu saio de lá com a auto-estima renovada. Acontece que é um local onde o número de homens é infinitamente superior ao de mulheres. Então basta colocar o pé na parte central do edifício para aquele monte de meninos ficarem te olhando como se você fosse uma espécie em extinção.

E olha que você nem precisa ser grande coisa não. Hoje de manhã mesmo, eu estava toda esculhambada, com olheiras, de tênis, mas me senti uma top gatinha! Sem falar que é como se você estivesse em um mundo paralelo. Todos os rapazes se transformam nas criaturas mais atenciosas e prestativas que eu já vi.

Eu – Oi! Tô procurando a sala do professor X.

O cara da secretaria – Ah, sobe essa escada ali na frente e vira à direita.

De onde eu estava, não dava para ver nenhuma escada. Fiz aquela cara de perdida e não deu dois segundos para alguém “me salvar”.

Rapaz – Você está procurando a sala do professor X, não é?

Eu – É, estou.

Rapaz – Fica bem aqui. Você sobe essa escada e vira à direita. A sala dele é a primeira, vai ter o nome na porta.

Só faltou ele subir a escada comigo. Uma gentileza que eu vou te contar! Mas agora que eu estou escrevendo me ocorreu uma coisa: será que ele me achou uma retardada e por isso foi tão eficiente? Não, não. Prefiro pensar que ele me achou linda.

Moral da história: a lei da oferta e da procura vale para tudo mesmo!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Do bem

Fico impressionada com a capacidade que algumas pessoas têm de gastar 20 palavras para dizer coisas que poderiam ser ditas com apenas cinco. Não estou falando aqui dos poetas, escritores, atores e afins. Esses podem gastar o tempo que quiserem para falar a baboseira que bem entenderem. A audiência vai depender da capacidade de conquistar o público.

Estou falando disso porque hoje tive aula com uma professora extremamente prolixa. Talvez eu esteja sendo dura demais, mas não consigo ver muito sentido no uso de expressões como “a metaforma da dialética dos processos cognitivos”. Tá, isso foi apenas um exemplo, ela não disse exatamente isso. Mas quase engoli a professora com meus bocejos. Sei que isso deve ter parecido muito desrespeitoso, mas era mais forte que eu.

Bom, o que eu queria mesmo dizer é que, apesar de toda a enrolação, o final da aula me fez pensar em uma coisa bem legal. A professora apresentou o resultado de uma pesquisa sobre o voluntariado no setor de oncologia do HUB. Depois de ver os resultados, fiquei imaginando como eu queria ser um pouco mais solidária, altruísta (tá aí uma palavra pomposa que eu adoro!). E olha que eu não estou falando de coisas complexas, como trabalhar no Médicos sem Fronteiras ou na Cruz Vermelha. Falo de solidariedade com as pessoas do meu lado, em atos simples que podem mudar o dia de alguém.

Um colega da pós é um verdadeiro exemplo do que estou falando. Ele senta do outro lado da sala, quase não fala comigo, mas sempre me olha com um jeito meigo e de quem está pronto para ajudar. Além disso, tem um hábito que eu achei lindo: traz uma caixa de bombons para a turma toda a semana. No trecho abaixo, ele explicou porque faz isso:

“Com relação ao chocolate de toda a segunda-feira, é o seguinte: ... Vejam o filme 'Chocolate', com Johnny Deep, Alfred Molina, aquela atriz do 'Matrix', Jaqueline Binoche (aquela francesa !?!), etc, ... bem é sobre a mágica do chocolate na vida das pessoas de uma comunidade: mudanças, transformações, superações... como sou um idealista penso a mesma coisa para todos nós... um abração para todos, um feliz sábado e domingo, Jácomo.”

Não sei se vou chegar a ter a mesma determinação do Jácomo. Mas acho que quero muito ver esse filme.

domingo, 1 de junho de 2008

Sobre pneus e ligações

Não sou nem um pouco machista, pelo contrário. Alguns amigos até me acham uma feminista inveterada, daquelas que queimam o sutiã em praça pública. Mas uma coisa é certa: existem tarefas que jamais devem ser feitas por mulheres. Na verdade, nem por certos homens. Como, por exemplo, aqueles três bêbados que vieram me ajudar ontem à noite quando furou o pneu. Um deles se abaixou para ver o estrago e acabou rolando na grama. Tive que pedir para eles irem embora. Já estava com problemas demais e paciência de menos.

Aí eu fiquei pensando quem é que podia me salvar. Sim, porque me senti realmente incapaz de fazer qualquer coisa. Pensei em ligar para o meu pai, mas não achei que seria legal acorda-lo às três da madrugada para vir me socorrer. Ele ia achar que sou barbeira, ou que bebi demais. Não, não. Liguei para o Felipe, mas ele estava em uma festa, milhares de quilômetros distante de onde eu estava, e mais ou menos no mesmo estado alcoólico dos três bêbados. Liguei para o Bruno, que também estava bêbado em uma festa. Depois ele retornou.

Bruno – Carol, qual é a sua, hein?

Eu – Como assim?

Bruno – Por que é que você fica me ligando?

Eu – Desculpa, não devia ter ligado. Só porque eu fiquei meio desesperada, não tinha mais ninguém pra me ajudar. Desculpa.

Decidi ligar para a minha irmã. Ela também é mulher, mas uma vez me disse que tinha experiência em trocar pneus. Comecei a duvidar disso quando ela chegou e parou para olhar o pneu do carro que dirigia.

Isa – Ouvi um barulho estranho, achei que tinha furado também quando subi o meio-fio.

A sorte é que tinha um posto de gasolina por perto. Decidimos ir lá e perguntar se tinha como chegarmos em casa com o pneu daquele jeito.

Isa – E aí? A gente consegue chegar em casa?

Eu – Sim, ele disse que sim. Tava falando com o Bruno antes, ele veio me perguntar por que eu liguei pra ele. É que na quarta eu também liguei, tava muito triste, precisando conversar. Ele não é só meu ex, é meu amigo, foi meu melhor amigo durante um bom tempo, sempre me deu a maior força e...

Isa – Mana, por que você está contando essas coisas para o cara do posto?

Eu – Não tô contando pro cara do posto, tô contando pra você.

Isa – A gente pode conversar sobre isso em casa? Tô de shortinho, tá fazendo o maior frio e tá todo mundo me olhando.

Hoje de manhã, no telefone:

Bruno – Carol? Te acordei?

Eu – Não.

Bruno – Desculpa por ontem. Eu tava meio alterado.

Eu – Tudo bem. Me desculpa também.

Bruno – Posso só te falar uma coisa? Tudo bem você me ligar, mas não precisa ser só quando você está na pior. Nós somos amigos.

Eu – Tá bom, você tem razão.

Confusão em três atos

1º Ato – Indo para a festa

Rose – Amiga, posso pegar o próximo retorno?

Feijoca – Oi?

Rose – O retorno. Pode entrar?

Feijoca – Ah, pode.

Dois minutos rodando, rodando e nada de encontrar a entrada da pista.

Rose – Viu? A gente acabou de voltar pro mesmo lugar de antes. Dava pra ter entrado nesse retorno aqui.

Feijoca – Pois é, quem mandou você entrar naquele retorno?

Rose – Você mandou!

Feijoca – Eu mandei? Por acaso eu disse: “Rose, vira na próxima à esquerda”?

Rose – Não exatamente.

2º Ato – Chegando na festa

Kequel – Amiga, você acha que eu devo deixar o casaco no carro?

Feijoca – É, é melhor sem o colar.

Kequel - ???

Feijoca – É porque esse colar é muito colorido, cheio de missangas. Assim, eu acho uma graça, mas não combina com festa junina. É muito verão, entende?

Kequel entrou na festa sem o colar e com o casaco. Ficou a noite inteira segurando debaixo do braço.

3º Ato – Na festa

Eu – Tenho vontade de ficar te beijando até amanhã de manhã.

Ele – Então hoje você vai embora comigo.

Eu – Claro que não! Você tá louco?

Às vezes, dá até para entender porque os homens dizem que as mulheres são complicadas. Na verdade, elas não são complicadas, só um pouco confusas. E existem dois tipos de confusão feminina: não saber o que quer e não saber o que fazer com o que quer. Eu acho a segunda bem mais perigosa que a primeira. É nessa situação que a gente acaba trocando os pés pelas mãos. É quando das duas uma: ou a gente não pensa e age no impulso ou pensa demais e acaba fazendo tudo errado.

Pé na jaca

Ressaca é um negócio esquisito... Um amigo que tem diabetes fez a melhor descrição do processo “cachaçada/dia seguinte”: na hora da bebedeira, a glicose sobe ao mesmo nível da alegria, descontração e quantidade de merdas feitas. No dia seguinte, a glicose está lá em baixo, a pessoa fica pálida, com olheiras, boca ressecada e aquela cara de pudim.

Se eu tivesse diabetes, quinta-feira eu teria tido um piripaque. Mentira, nem foi tão grave assim. No máximo, um desmaio. Como se não bastasse a ingestão do álcool, teve uma hora em que eu achei que não tinha fundo. Comi dois pratos de macarronada e só não comi o terceiro porque a luz divina iluminou meus pensamentos.

Quinta, na casa da Ana Clara:

Tia Cláudia – Carol, você não precisa ir embora. Pode ficar aqui, a gente vê televisão, conversa, você relaxa, vai embora e dorme cedo.

Eu – É tia, vou ver aqui o que eu faço.

Tia Cláudia – Carol, você quer um uísque?

Eu – Não tia, obrigada. Tô na fossa, mas ainda não penso em suicídio.

Tia Cláudia – Uma cerveja, então?

Eu – Sabe que que é? Quando eu tô assim, fico com o estômago embrulhado, e cerveja é meio pesado...

Tia Cláudia – É... uma vodka com suco, talvez?

Eu – Tá, pode ser.

Tia Cláudia – Que suco? Laranja ou uva?

Eu – Uva!

Duas horas depois, a Ana abre a porta, com uma cara de espanto em meio a uma nuvem de fumaça.

Ana – Mãe! Que que você fez com a Carol?

Tia Cláudia – Ihhh, Ana Clara! Que chatice, hein! Pega um copo e senta aqui com a gente!