tag:blogger.com,1999:blog-72111553374636553412024-02-20T08:04:28.368-08:00Vida VicentinaFaço as vezes severina, que reclama antes dos trinta. Nasce de novo em um conto. Conta mentira e dá risada. E, se verdade, lembra: no mundo dos bits, falar muito é quase nada.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.comBlogger104125tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-79815396465205922342011-01-29T09:17:00.000-08:002011-01-29T09:32:17.654-08:00Porra, Mandela!Querido Mandela. Sua situação é delicada, eu sei. Você é um grande cara, baita coração, carreira política incrível. Não é à toa que você virou um mito. Tem até uma dancinha em sua homenagem! Que vida, Mandela, que vida.<br /><br />Mas, por favor, não morra agora, ok? Assim, imagino que você já deve estar cansado dessa coisa toda. Claro, são 92 anos, eu também estaria. Mas morrer em janeiro nunca é um bom negócio, acredite. Seu nome vai aparecer com menos força nas retrospectivas de fim de ano.<br /><br />Ok, ok. Não é esse o problema. O problema é que estamos em um fim de semana. Porra, Mandela! Pessoas, assim, bacanérrimas que nem você não morrem em fins de semana. No domingo, vá lá, tem aquele ar trágico mesmo, mas sábado?! Ah, sábado não.<br /><br />Pense nisso, Mandela. George W. Bush poderia morrer em um sábado. O presidente do Egito. O Berlusconi. O Arruda, vai. Você não, Mandela. Você não.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-20962087857186396372011-01-12T12:22:00.000-08:002011-01-13T05:36:04.216-08:00Contos - A ciência do beijoTudo começou depois de uma juventude de poucos romances bem-sucedidos e muitos corações partidos. Quando chegou aos 25, ela decidiu que estava na hora de criar formas de se proteger dos programas de índio, das barcas furadas, dessa gente que pede corpo e alma - mais corpo do que alma, na verdade - e não dá nada em troca.<br /><br />O primeiro filtro foi o astrológico. Com seu método virginiano, ela decidiu que só se envolveria com caras de terra, pés no chão, com propostas para um futuro sólido, recheado de manias sistemáticas e férias cuidadosamente programadas. Assim, sua abordagem inicial consistia em três perguntas: nome, idade e signo.<br /><br />Com o passar do tempo, ela aperfeiçoou o mecanismo de busca e incluiu ascendente e lua, o que garantiu muitas conversas engraçadas, mas também a derrocada de seu elaborado projeto de caça ao homem ideal. Depois de alguns mojitos, foi para a cama com um sagitariano completamente impulsivo, só porque ele lhe garantiu que sua lua era em touro...<br /><br />Aí passou a fazer o filtro do sapato. Escolhia os pretendentes olhando para os pés. All Stars, sapatênis e afins eram bem vindos; tênis de corrida, nem pensar. Tudo ia bem, até o dia em que ela, embalada pelos mojitos, acabou confundindo um mocassim e meia branca com um estiloso sapato a lá Justin Timberlake. Quase desmaiou quando acordou a tempo de ver o rapaz saindo do apartamento com uma pochete a tiracolo.<br /><br />Tentou outras tantas estratégias, todas fracassadas como as anteriores. Muito por causa do mojito, mas também porque nenhuma delas condizia com a sua própria essência. Até que ela teve um clique, um estalo, a grande revelação! O futuro de seus rolos seria definido com um beijo.<br /><br />Claro, como não havia pensado nisso antes? Lembrou do primeiro deles, no subsolo do colégio de freiras, quando o garoto da 7ª série quase lhe arrancou as amígdalas. Típico de um garoto da 7ª série. Mais tarde, veio o vizinho que lhe mordia os lábios o tempo inteiro, praticamente denunciando aquela personalidade agressiva.<br /><br />Repassou, um a um, os beijos - os que conseguia, é claro. O do primeiro namorado, nervoso, coma língua elétrica que queria logo a perda da virgindade. O do último namorado, insosso e sem língua, como o das pessoas que não gostam de se entregar.<br /><br />Virou beijoqueira assumida, sem se importar com o susto dos pretendentes e com a inveja das invejosas. Estava tudo ali, na ponta da língua. Bastava experimentar.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-84523423288789839742011-01-12T05:06:00.000-08:002011-01-12T08:40:37.009-08:00SintomáticoDizem que o amor é cego, mas isso é uma grande bobagem. O amor enxerga muito bem, vai além do aparente, com sua imensa sabedoria e bondade. O amor é como um velhinho que viveu a vida à exaustão, sentou-se no banco de uma praça e agora gasta seus dias ali, sorrindo para quem passa. Ora, esqueça. Cá estou eu fazendo tudo que não se deve fazer com o pobre do amor, colocando-o numa caixinha com o ridículo rótulo de "amar é"...<br /><br />Mas a paixão, ah, essa dá para falar com conhecimento de causa! A paixão é uma doida varrida que se liberta do hospício em pleno feriado nacional, provocando tumulto e gritaria. Inconveniente, faz o que nenhuma dieta milagrosa consegue, por mais disciplina que se tenha. Um olhar e rá!, aí vou eu novamente viver de vento, café e álcool, porque fome é coisa de quem tem o coração tranquilo.<br /><br />Além de louca, a paixão é idiota. Sim, só sendo completamente imbecil para perder o chão por alguém que você conhece há, o que, duas semanas? A pessoa fala de uma música, um sonho, conta uma história, uma fofoca, uma mentira e tudo parece um poema do Vinícius, tudo parece valer a pena.<br /><br />Aí você lembra daquele clichê romântico das borboletas da barriga e... que nada! Bichinhos tão delicados não seriam capazes de provocar tamanho alvoroço no seu estômago. A paixão está mais para um salto de bungee jumping, uma coisa quase suicida. Não, eu nunca saltei de bungee jumping, mas acho que deve ser quase como estar apaixonada. Um verdadeiro risco para a sanidade de qualquer um. O governo deveria fazer uma campanha. O Ministério da Saúde adverte: a paixão pode provocar danos ao cérebro. Ou ao coração...<br /><br />Isso tudo até a hora em que essa doida varrida, rebelde sem causa, resolve se aquietar. Pode ser tráumático, com camisa de força e tudo o mais. Mas também pode ser bonito. Depois de muita paciência, a paixão dá as mãos àquele velhinho bondoso do banco da praça e os dois viram grandes amigos. Um final de comercial de margarina, raro, mas nem por isso inatingível.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-58657714970720116882010-12-06T18:45:00.000-08:002010-12-06T19:22:56.898-08:00O incrível TwitterO aviso diz "18 new tweets", eu carrego a página e lá vem uma enxurrada de opiniões sobre a participação do Aécio Neves no Roda Viva. Um programa que eu não vi, nem pretendo ver, nem a reprise, nem os melhores momentos. Muito obrigada, mas passo o dia ligada em notícias, acho que seria cruel com o meu organismo passar a noite também.<br /><br />Mas a verdade é que o Twitter é algo fascinante. Mesmo quando meus poucos amigos tuiteiros saem a falar bobagens, parece um vício, eu fico dando F5, esperando para ver o que as pessoas estão falando, nem que seja a maior asneira do Brasil. Ai, esse nosso cibervoyeurismo.<br /><br />Algo totalmente compreensível, vai. O cara que teve a ideia de fazer um mini diário virtual é simplesmente um gênio. Ainda mais porque vendeu essa ideia para gente interessante - alou, o Luis Fernando Veríssimo tem Twitter, um dos caras, até onde eu sei, mais reflexivos quanto à tecnologia. Tudo bem que não há atualizações desde 30 de setembro, mas vá lá... <br /><br />É por essas e por outras que hoje eu decidi trocar aquele ovo do perfil do Twitter por uma foto minha. Afinal de contas, já que não tem jeito, é bom que as pessoas saibam que cara eu tenho. Confesso que resisti muito a isso, mas adivinha só o que eu vou fazer agora?<br /><br />Colocar o link desse texto no Twitter :-)Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-68365902303687844302010-11-14T10:43:00.000-08:002010-11-14T11:28:10.881-08:00Do sexo e sua volatilidadeEngraçado essa coisa de sexo casual. O sujeito te paquera, vocês se beijam e, menos de três horas depois, suas roupas estão jogadas pelo chão da quitinete. Olhos nos olhos, aquele ardor dos romances épicos, suados, abraços calados, cortados apenas pela respiração ofegante. Tudo tão íntimo. Exceto, é claro, pela barreira de látex, porque você é romântica, não louca.<br /><br />Mas o bicho pega mesmo depois que os hormônios já se aquietaram. É quando rola aquele constrangimento, será que eu vou atrás da minha calcinha ou fico aqui olhando para o teto? Sim, porque acaba de nascer um muro de Berlim entre você e seu amante. Aquele desejo de grudar no outro já era, se perdeu no éter, aproveitou o orgasmo para viajar a uma galáxia distante.<br /><br />E aí os dois se lembram daquele compromisso amanhã cedo, acho que vou para casa, melhor ir dormir, andei gripado, sabe como é... Vocês se abraçam com a intimidade de dois mascates, rola aquele "se cuida" e você sai apressada, meio sem graça até. Chega em casa como refugiado de uma guerra sem vencedores. Parafraseando o Xico Sá, no tempo do ficar, nada fica, nem o amor daquela rima antiga.<br /><br />E acaba se conformando, porque a vida moderna é assim mesmo, e, vamos lá, você está com a pele melhor, o cabelo bonito e uma disposição de dar inveja nas suas amigas. <br /><br />Mas que é estranho, isso é.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-70158449968323041292010-11-07T09:05:00.000-08:002010-11-09T18:53:45.699-08:00Contos - As MeiasEra uma mulher naturalmente marcante, daquelas que gostam de histórias com começo, meio e sem fim. Armada até os dentes, deixava com cada um de seus casos um pedaço de si. Um brinco, uma presilha de cabelo, uma calcinha inocentemente pendurada na torneira do chuveiro. E quando acabava, lá vinha ela com aquele papo de "deixa pra lá, outra hora você me devolve".<br /><br />Tudo calculado. Ardilosa, não perdoava nem os ficantes. Esquecia um batom, um sutiã de renda, uma minúscula camisola. Chegou ao cúmulo de "perder" a carteira de motorista na casa daquele funcionário do Detran que a pegou de jeito depois de um encontro fortuito na blitz.<br /><br />Até que ela o conheceu. De óculos, aparelho e sem o menor jeito para dançar. Deus, no alto de sua sordidez, a fez se apaixonar justo por alguém que dividia banheiro com outros três estudantes da antropologia. Ah, esses caras das humanas.<br /><br />De marcante, passou a marcada e saía correndo ao menor convite para dormir abraçadinho, deixar a escova de dentes no armário do quarto. Não, aquilo era demais. Como se não bastasse, passou a pegar roupas emprestadas. Tudo bem, uma camisa tamanho G a salvou naquela manhã de sábado, porque mulher nenhuma teria coragem de sair em plena luz do dia com um vestido preto manchado de branco. Ou bege.<br /><br />Com um esforço hercúleo, devolvia todas as peças do rapaz, lavadas e passadas. No máximo, pingava um pouco do seu perfume para ver se surtia algum efeito contrário àquela paixão avassaladora. Até que ela não pode mais. Passou a esquecer seu arsenal de sedução e se restringiu a um pente de dentes quebrados e a um desodorante com fragância masculina. E meias. Sim, meias que ele gentilmente emprestava para que ela usasse com suas inúmeras botas. Ai, quanta entrega.<br /><br />Durou pouco mais de seis meses, quando ele disse que viajaria para a Ásia, alguma coisa sobre um curso de fotografia e o sonho de conhecer de perto os hindus e outras mil coisas que ela não conseguia entender.<br /><br />Saiu da casa dele chorosa, acompanhada pelo olhar solidário dos três amigos maconheiros. Você vai se arrepender, ela pensou. <br /><br />Não deu duas semanas, o rapaz ligou num domingo à tarde, porque não há melhor dia para ser cruel.<br /><br />- Alô?<br />- Oi, tudo bem?<br />- Tudo e você?<br />- Tudo certo. Sabe o que é? Será que você podia devolver as minhas meias?<br />- Como?<br />- É, as meias. Estou embarcando para Nova Deli na terça-feira, sem dinheiro, preciso das meias.<br />- Claro.<br /><br />E desligou o telefone pensando que a vida era mesmo injusta.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-59553660369714440462010-10-30T15:31:00.000-07:002010-10-30T16:01:55.514-07:00O efeito latenteSe tem uma coisa que o cérebro faz com maestria é deixar a gente pensar coisas idiotas. Não adianta todos os sinais indicarem que o caminho A é o melhor, sempre vai ter uma parte "burra" da nossa cabeça lamentando o fato de o caminho B ter ficado de lado.<br /><br />Outra coisa lamentável é o que um professor da faculdade me ensinou ser o efeito latente. Acabei de dar uma "googlada" no termo e achei uma infinidade de páginas sobre o budismo. Nada espiritualizada, vou falar do que aquele professor descreveu como efeito latente - e que hoje me parece mais um efeito inconveniente.<br /><br />Acontece quando, sabe deus porque, o cérebro apaga as lembranças ruins e fica lembrando só das boas. Sim, no passado a gasolina era mais barata, as crianças brincavam na rua, não havia inflação, aquelas sim é que eram verdadeiras bandas de rock! Ah, como era verde o meu vale.<br /><br />Falando de relações amorosas, o efeito latente consegue ser ainda mais devastador. Pouco importa o que aquele(a) sacana fez com o seu pobre coração, em uma semana você vai ficar recordando só do dia em que vocês dançaram na sala até amanhecer. E o pior, vai ficar lembrando até do que não aconteceu!<br /><br />Aí, companheiro, controle a emoção, porque o efeito latente vai se juntar à malvada ansiedade. E você vai ter náuseas só de pensar que viu o carro do sujeito(a) passar pelo seu no Eixão. Vai tremer inteiro cada vez que o celular tocar. Será ele(a), ligando para dizer que tudo não passou de um engano, que deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem?<br /><br />Graças a deus, ou ao diabo, essa coisa toda tem prazo de validade. Pode ser uma semana, um mês, um ano, ou aqueles dois dias que você conseguiu ficar sem beijar na boca. Se ninguém morre de paixão, de saudade, menos ainda de efeito latente.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-10529641649614986152010-07-11T14:21:00.000-07:002010-07-11T14:42:45.620-07:00PlacasCerto dia, eu fui para a rua cobrir um acidente de moto no caminho do Gama para o Plano Piloto. O rapaz da moto tinha morrido, o rabecão demorou a chegar e o trânsito precisou ser desviado, provocando um engarrafamento gigantesco. Ficamos tanto tempo no local, que o fotógrafo conseguiu descobrir algo místico naquilo tudo. Os números da placa da moto formavam a data do acidente. Nunca me esqueci: 1101, 11 de janeiro.<br /><br />Não sou de me impressionar com essas coisas, mas confesso que depois disso fiquei "viciada" em placas. Fico lendo as placas dos carros, tentando adivinhar de que cidade são conforme a letra inicial - J é Brasília, Caxias do Sul é I, Curitiba é A e por aí vai, meu repertório ainda não é lá essas coisas. E fico julgando boas e más combinações de números e letras.<br /><br />Ficava me perguntando como seria quando eu fosse escolher a placa do meu carro, se ACV 0807 estaria disponível. Não né, nunca pensei de verdade em colocar minhas iniciais e minha data de aniversário na placa do carro, só fico curiosa para conhecer gente que faz isso. Ouvi falar que se você paga uma taxa a mais no Detran pode escolher toda a placa. Imagino um casal que deve ter feito questão de colocar algo do tipo AMO 1207, com a data de casamento.<br /><br />Mas a verdade é que esse momento da placa é bem menos glamuroso do que eu pensava. O pessoal da concessionária te dá uma lista com opções bem parecidas, as letras são iguais em todas as alternativas, e os números parece que rimam uns com os outros. No meu caso, foi JII. Não gostei muito na hora, ficou parecendo "xiii", como quando as coisas dão errado. Enfim, como eu disse, não tinha muito como mudar isso. Não, não passou pela minha cabeça pagar a mais para o Detran e colocar uma placa mística.<br /><br />Depois de uns dias em que eu estive ainda mais viciada em placas - sim, porque agora eu tenho a minha - descobri que minha oção até que foi bacana. JII parece bem melhor do que as tristes combinações KCT e JEG. Mas a pior mesmo foi a de um ônibus: CUD 0521. CUD zero é dose.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-43210421173345966242010-05-26T13:49:00.000-07:002010-05-26T14:00:05.781-07:00Meu heroiEsses dias ouvi uma história super bacana de um cara que impediu uma menina de ficar paraplégica depois de um acidente de ônibus na estrada. Eles iam de Brasília a São Paulo para um show do Metallica, o motorista perdeu o controle e o ônibus caiu em uma ribanceira. O heroi saiu quase ileso e ficou ajudando a moça a não sentar nem deitar. Quando ela foi socorrida pelos bombeiros, disseram que, por pouco, ela não teve uma lesão na coluna.<br /><br />História linda, não? O heroi foi devidamente reconhecido e sacaneado pelos amigos. Engraçado como ser bonzinho e corajoso tem seu preço na nossa sociedade!<br /><br />Bem, o meu heroi não quebrou o parabrisa para me ajudar, tampouco me salvou de um sequestro ou de forças malignas. Meu heroi trabalha num posto de gasolina da Petrobras, veste aquele uniforme verde e branco e se chama Alan. Gosta de pagode e está se separando da esposa. <br /><br />Foi tudo que eu consegui descobrir enquanto ele trocava o pneu do carro em uma madrugada da semana passada. Uma tarefa bem difícil, que outro rapaz de outro posto de gasolina se recusou a fazer. E que o pessoal do seguro também não pode ajudar, porque a apólice estava vencida.<br /><br />Não que trocar o pneu fosse uma grande coisa. Se demorasse demais, eu mesma ia virar borracheira e fazer o serviço. Mas meu heroi foi heroi porque fez cheio de boa vontade, com um sorriso no rosto e no final ainda disse: "eu que agradeço. Estava precisando ajudar alguém."<br /><br />Tão sincero que dá até vontade de ser heroi de alguém também.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-15394834638632069872010-05-18T18:10:00.001-07:002010-05-18T18:12:12.051-07:00Novos hábitosToda mudança faz a gente rever algumas coisas. E tem mudanças que conseguem impor um ritmo de vida completamente diferente. Antes o trabalho era quase que noturno. Cinco da tarde era quase meio-dia, eu diria. Diversão garantida com colegas mais que amigos. Mas quase nada de cinema, teatro, casa de amigas que, como seres humanos normais, não podiam me esperar até as 11 da noite para jantar.<br /><br />Agora eu levanto cedo. Dia bonito quase sempre, bom motivo para botar uma saia. Mas aí eu lembro do ar-condicionado, da rinite, e acabo chegando no trabalho como quem vai à Patagônia. Tudo bem. Aí ando entre os computadores, torcendo pra não tropeçar, porque o piso é traiçoeiro e cheio de desníveis. Verdade. Já vi gente caindo feito banana do meu lado.<br /><br />E a vida segue diferente assim. Falta café quando eu realmente preciso beber algo quente. E se tem, é tão quente que eu queimo a língua. Essa coisa de insatisfação é foda...<br /><br />Mais uma na multidão. Não caia, não grite, tenha paciência para esperar a garrafinha de água encher no filtro de doses homeopáticas. Respire. Leia blogs de gente inteligente, poste novidades no Twitter. Tem gente que quer te ouvir! Tudo bem, vamos lá, estou mais que preparada!<br /><br />Agora, confesso que ler O Fascinante Império de Steve Jobs tem sido um grande desafio...Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-7706626306426391252010-05-12T08:14:00.000-07:002010-05-12T08:29:06.845-07:00CelebridadeVladimir Brichta acabou de sair da redação. Juro. A mulherada foi à loucura. Eu, que me esforçava para entender o sotaque venezuelano de um entrevistado em meio aos gritos, dei só uma olhadinha. Uma pena.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-2530159729811863452010-05-11T16:55:00.000-07:002010-05-11T17:24:20.625-07:00CopaAí o Dunga convocou a seleção. Vinte e três rapazes que, coitados, levam nas costas a expectativa de milhares de brasileiros. E, nos bolsos, uma grana que muitos desses brasileiros não conseguem sequer imaginar.<br /><br />Trinta dias. Um mês para começar aquela fase boa que se parece com alguns verões da infância que a gente tem guardado na memória. Sim, porque na Copa tudo pode. Quem trabalha de terno, pode usar camiseta verde amarela. Pode até não trabalhar. Todo mundo fica bonzinho, bebe bastante. Uma delícia.<br /><br />E aí a publicidade deita e rola. A Tim, por exemplo, prometeu celular de graça até 2014 se o Brasil for hexa. Aqui em casa, todos os pré-pagos estão mais que na torcida.<br /><br />E o pessoal que comprou TV na Ricardo Eletro? Todo mundo super animado para o mundial. Afinal, se o Brasil vencer, o Ricardo vai pagar a primeira parcela. O que nem deve ser grande coisa pra quando se divide a compra da LCD em 50 vezes. Tem gente que está até resgatando o FGTS para comprar uma telona. Copa é Copa. Tem que ver todos os detalhes.<br /><br />Acho que o Brasil não vai ganhar. Assim, confio no Dunga. Mas com tanta empresa prometendo coisa no caso de uma vitória no mundial, sei não. Porque eu não entendo nada de escalação, mas de economia dá até para dar uma arriscada.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-30526760416919418392010-03-29T07:40:00.000-07:002010-03-29T07:41:41.658-07:00Romances digitaisMe desculpem os muito enamorados, mas essa história de viver a vida digital como um só não está com nada. “Rebeca&Gustavo se amam” entrou no Messenger. Putz, coisa cafona. Ou então “Eu amo o Felipe” deixou um recado para você no Orkut. Quem é Felipe? Ó, céus.<br /><br />Entendo que a paixão floresce e dá aquela vontade de gritar aos quatro ventos que ninguém, jamais, foi tão feliz. Ah, o amor. Mas isso me parece mais uma estratégia para fugir de acusações de infidelidade on line. Ou para avisar os/as peguetes que recados e piadinhas não são bem-vindos. <br /><br />Nos tempos virtuais, o melhor para quem planeja pular a cerca é fugir da tecnologia. E para os fiéis apaixonados, o esquema é ter personalidade. No mundo real e no digital.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-3153314134348955592010-02-07T11:37:00.000-08:002010-02-07T11:43:10.210-08:00Subindo a serra20 de janeiro de 2010, 9 da manhã. Rodoviária de Porto Alegre.<br />Onde era mesmo que a minha mãe comprava aquela torrada? Não sei, as coisas pareciam ser muito maiores naquele tempo. Tempo em que eu ia muitas vezes à capital para ver se os médicos descobriam o que havia com os meus dedos. Nasci com os dedos mínimos tortos. Fiz uma cirurgia aos 6 anos, fisioterapia, e as mãos ficaram normais como as de todas as crianças. Hoje um deles voltou a ser torto. O esquerdo, claro. Mas já não me preocupo em ser normal como todos os adultos.<br /><br />Mas eu falava das torradas. Sim, eram triangulares, cheias de manteiga e queijo. Era a parte mais gostosa da viagem a Porto Alegre. Até o dia em que minha mãe desistiu de comprar a tal torrada, só porque eu comia apenas a parte do miolo e deixava as cascas no prato. “Muita gente passa fome e você está desperdiçando”, ela dizia. Ou se não dizia, foi essa mensagem que gravei do castigo de nunca mais comer a tal torrada. Que seja. No momento, não tenho mais vontade de comer um miolo de pão engordurado.<br /><br />A viagem até Caxias é incrivelmente rápida, mas eu achava uma loucura que pessoas a fizessem todos os dias. Bobagem. Hoje eu faria, se fosse preciso. Ainda mais com o slogan da companhia de ônibus: Expresso Caxiense – Transporte Carinhoso. Uma graça.<br /><br />A serra é aquele lugar onde as nuvens nascem e passeiam, frias, até a hora de chover. A paisagem é bem bonita, entrecortada por araucárias e por uma neblina que insiste em aparecer em pleno verão. Ah, o Sul. Fazer turismo é bacana, mas morar... Não me encanta o sofrimento que é para escovar os dentes na água gelada ou colocar o nariz para fora de casa em uma manhã polar. <br /><br />Mas é verão e pelo menos disso em fugi. Seja como for, subir a serra é uma viagem ao passado. Ao meu passado, que nem está tão distante assim. Fazia cinco anos que eu não botava o pé na cidade onde cresci, mas deu pra ver que ela cresceu junto comigo. Prédio e casas se erguem em áreas onde antes só havia mato. O centro está tomado por lojas e lojinhas. Só não fazem sucesso as Casas Bahia, que faliram em todo o Rio Grande do Sul.<br /><br />Talvez porque os gringos são apegados às coisas da terra. Valorizam suas empresas, comidas, músicas. E quando vão embora, penduram chaveiros, bandeiras em todos os lugares. Fazem churrasco e chimarrão. E ai de quem falar mal de gaúcho.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-9876832881375488822009-12-19T11:04:00.000-08:002009-12-19T11:07:09.706-08:00Palavras, palavrasAdoro ler. De verdade. Gosto dos filmes, das músicas, mas um bom livro é infinitamente melhor que qualquer um deles. Primeiro, porque não é preciso muito mais que boa vontade para ler. Nada de aparatos tecnológicos. É possível ler embaixo da árvore, na fila do banco, na beira da praia, no ônibus, na hora do café. Segundo, porque os livros permitem que cada um pense nas histórias à sua maneira. Algo absolutamente fantástico.<br /><br />Mas, por incrível que pareça, não sou uma compradora de livros. Talvez porque nunca tive uma estante no meu quarto, um lugar bem bonito para guardar tantas obras. Também nunca ganhei muitos livros, as pessoas preferem me dar roupas, brincos e colares de presente. Coisa engraçada. De qualquer forma, isso nunca foi um problema. Nos últimos anos, menos ainda. Tenho um grande amigo, o Igão, que desde o início da faculdade assumiu uma nobre responsabilidade: promover boas leituras para mim.<br /><br />E tem sido assim desde então. Ele me empresta quase todos os títulos que compra, já sabe que eu não vou abrir o livro de forma brusca e estraga-lo. Muito obrigada, Igão, você é realmente ótimo. Mas esta semana, tive que pegar um livro emprestado com outra pessoa. Essa pessoa se chama Vinícius, tem 10 anos e está na quarta série. Ele me emprestou um livro que quase todo mundo que conheço já leu: O pequeno príncipe. <br /><br />Sim, isso mesmo. Eu tenho 24 anos e nunca li O pequeno príncipe. Se li, faz tanto tempo que nem me lembro. Saí contando para os meus amigos qual será a minha próxima leitura. E, para minha surpresa, muitos contaram que leram O pequeno príncipe outra vez recentemente. “Toda vez que leio, percebo algo diferente”, ouvi de alguém.<br /><br />Estou ansiosa. O livro está aqui do lado, já li as primeiras páginas – aquela em que ele fala do desenho da jiboia, sensacional. Para falar a verdade, já li essa parte umas três vezes. Aí paro e começo de novo. Como quando a gente escreve e, para ver como ficou a estrutura da última frase, lê tudo de novo, desde o início. Acho que é excesso de apego, não sei. Gosto muito de palavras.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-29706367570399383282009-12-13T11:10:00.000-08:002009-12-13T11:12:37.923-08:00Dor femininaMulheres sofrem. Sofrem com grosserias, com injustiças. Com pais repressivos ou liberais demais. Com livros de histórias tristes, ou até nas comédias com final feliz. Sofrem de cólica, enjoo e parto. E depois sofrem com a tosse, a febre, a falta de notícia dos filhos. Mulheres sofrem de ansiedade, gastura horrível que corrói o estômago diante de uma situação nova. Também sofrem de tédio, raiva, preguiça, falta de coragem para fazer o que é certo. Mulheres sofrem pra dizer a verdade e sofrem depois de ouvi-la.<br /><br />- Tenho que te contar uma coisa meio chata. É é sobre você.<br />- Que foi?<br />- Bem, não é sobre você. É sobre o seu romance...<br />- Ai, fala logo. O que foi?<br /><br />…<br /><br />- E aí? Tudo bem?<br />- Tudo. Tudo ótimo! To com vontade de esfregar a cara dele no asfalto, mas tá tudo ótimo.<br />- Ai, que bom. Tava com medo da sua reação... Vem, cá. Você não vai comer nada?<br />- Acho que sim, eu preciso, na verdade.. Moço, por favor, traz um caldo.<br />- Um Carlton?<br />- Não, um caldo. De feijão...Aliás, moço. Cancela o caldo. Traz um Carlton mesmo.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-90364577855526922822009-10-19T18:58:00.000-07:002009-10-19T19:05:06.133-07:00MusiquinhaPara uma vida vicentina, nada melhor que uma noite severina.<br /><br />Noite severina<br /><br />Pedro Luís e Lula Queiroga<br /><br /><em>Corre calma, severina noite<br />De leve no lençol que te tateia a pele fina<br />Pedras sonhando pó na mina<br />Pedras sonhando com britadeiras<br />Cada ser tem sonhos à sua maneira<br />Cada ser tem sonhos à sua maneira<br /><br />Corre alta, severina noite<br />No ronco da cidade, uma janela assim acesa<br />Eu respiro o teu desejo<br />Chama no pavio da lamparina<br />Sombra no lençol que te tateia a pele fina<br />Sombra no lençol que te tateia a pele fina<br /><br />Ali, tão sempre perto e não me vendo<br />Ali sinto tua alma a flutuar do corpo<br />Teus olhos se movendo, sem se abrir<br />Ali, tão certo e justo e só te sendo<br />Absinto-me de ti, mas sempre vivo<br />Meus olhos te movendo sem te abrir<br /><br />Corre solta, suassuna noite<br />Tocaia de animal que acompanha a sua presa<br />Escravo da sua beleza<br />Daqui a pouco o dia vai querer raiar<br />Daqui a pouco o dia vai querer raiar...</em>Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-14948620989334947702009-10-19T18:28:00.000-07:002009-10-19T19:05:29.940-07:00PrismaEla se tornou mulher numa noite mais ou menos como essa. Chegou em casa tirando o tênis e a roupa. Não era para ninguém, mas para ela mesma, cansada de um dia que parecia ter tido 40 horas. Na sala, ela o encontrou. Com a cara amarrada, como o de costume. Não que ele fosse um sujeito mal-humorado, apenas tinha dificuldade em lidar com o diferente. E ela era diferente.<br /><br />Sem rodeios, ele impôs suas condições. Se ela era assim, as coisas agora seriam assado. Afinal de contas, estou cansado de ceder. Sem se alterar, ela respondeu que não aceitava. De jeito nenhum, não vou pagar uma conta que não é minha. Manteve o rosto erguido, sem deixar escorrer uma lágrima. Usou argumentos inteligentes, sem espernear. Uma adulta, enfim.<br /><br />Mas ele não estava preparado para tanta decisão. Claro que não. Essas coisas levam tempo. Além disso, a maioria dos pais prefere não ver que os filhos cresceram.<br /><br />Ela, que pena, não sou eu. Mas uma das pessoas mais admiráveis que eu já conheci.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-20199295154503125052009-10-06T17:34:00.000-07:002009-10-06T17:47:11.382-07:00Pequeno grande encontroTem encontros ao acaso que a gente teme, mas não muito. São mais difíceis do que a gente gostaria, mas não tanto quanto a gente imaginava. Mas o sem querer dura pouco, o tempo de uma caminhada até a saída, talvez.<br /><br />- Então, professor, ficou bacana essa reforma aqui, né?<br />- É, ali é o laboratório e...<br />- Carol?<br />- Oi. Oi!<br />- O que você está fazendo aqui?<br />- Ah, vim conhecer o trabalho do professor.<br />- Então você conhece essa figura, Carolina?<br />- Ô.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-34058135040870326602009-10-05T11:55:00.000-07:002009-10-05T11:59:17.962-07:00Crônica dos beijos anunciadosPerdoe-me, Gabo, pelo plágio mal feito. Mas não consegui achar título mais apropriado para aquela hora em que você sabe que vai acontecer, torce para acontecer e, mesmo assim, bate aquele medinho de não ser nada disso. Coisa comum nas primeiras vezes, e nem precisa ser a primeirona mesmo. Pode ser a quarta, a quinta ou a décima. Não saber é sempre interessante.<br /><br />- Aí os dois assaltantes entraram no bar, anunciaram o assalto, levaram os celulares. Eu e meu amigo...<br /><br />Poxa, ele bem que podia me beijar.<br /><br />- Acabou que eu levei uma coronhada, fiquei com essa cicatriz na boca, ta vendo?<br /><br />Será que eu vou ter que beija-lo?<br /><br />- Ahn? Cicatriz? Onde?<br />- Aqui, no lábio superior.<br />- Ah, ta bem pequena.<br /><br />Como será que é beijar essa cicatriz?<br /><br />- Ei, você está me ouvindo?<br />- To, claro.<br />- É que você pareceu distante.<br />- Imagina... só estava te olhando.<br />- Olhando?<br />- É, olhando.<br />- Vem cá...<br /><br />...<br /><br />- Pois é, eu não gosto de reggae.<br />- Sério? Que pena, eu adoro.<br />- Da próxima vez, eu trago um CD só pra não correr o risco.<br />- Ah, não fala assim.<br />- Tô brincando.<br />- Mas eu não ouço só reggae, sou bem eclético até. Você já ouviu aquele CD do Ney Matogrosso com o...<br /><br />Olha, o papo ta ótimo. Mas eu vim aqui pra te beijar. A gente pode até conversar depois, ser amigos e quem sabe até evoluir para um rolinho. Mas agora não.<br /><br />- ...aí eles fizeram umas versões exclusivas, bem legais. Olha essa aqui.<br />- Hum, legal mesmo. Depois eu quero gravar.<br />- Tem também essa outra, olha só esse arranjo...<br />- Lindo... Sabe o que que é? To curiosa.<br />- Curiosa como?<br />- Ah, curiosa.<br />- Vem cá...<br /><br />Beijar na boca é bom. Mas, muitas vezes, a graça é o caminho e não a chegada. Meu próximo namorado vai ter que ser compreensivo com algumas coisas. Vez ou outra, a gente vai brincar de conquista. Só pra ver quem perde primeiro. <span style=""><o:p></o:p></span>Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-39659741694276821842009-10-05T06:48:00.000-07:002009-10-05T06:49:55.814-07:00Filho de peixe...<a href="http://mibeletto.blogspot.com/2009/09/alcindro.html">Peixinho é!</a>Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-24683919232291529512009-09-30T19:14:00.000-07:002009-09-30T19:41:35.245-07:00Mansão FosterJá falei aqui dos meus cinco amigos imaginários, certo? Eram cinco mesmo, com nomes esquisitos e personalidades bem distintas. Tinha uma dupla responsável, outra dupla que me parecia ser um jovem casal e um solitário, completamente da pá virada. Fiquei um tempo pós-infância achando que eu era louca, mas minha mãe me convenceu de que isso é perfeitamente normal (e não tentem fazer o contrário!).<br /><br />Mas sempre fiquei intrigada para saber por que é que eu não imaginava pessoas normais. Crianças da minha idade ou mesmo adultos companheiros. Não. Meus amigos imaginários tinham formas e cores bem estranhas. A dupla mais séria era em tons de verde e azul, o casal tinha algo de vermelho - não me lembro tão bem, isso já faz algum tempo - e o serelepe era pequeno, boca sorridente.<br /><br />Ontem descobri que eu não sou solitária nessa loucura infantil. Assiti com uma amiga a um desenho chamado Mansão Foster para Amigos Imaginários, no Cartoon Network. Adorei! Os desenhos são completamente psicodélicos, tem um que é só um rabisco falante, outro que parece um bexiga cor de rosa, sem falar nas inúmeras possibilidades para narizes, olhos e bocas dessas criaturas estranhas.<br /><br />Achei o desenho o máximo, a ideia sensacional. Pode ser que os cartunistas tenham usado muitas drogas para chegar ao resultado final. Mas ficou ótimo, tenho certeza que milhares de jovens se identificaram com isso. E se tudo der errado, eu viro roteirista de desenho animado ou crio uma Mansão Carolina para Amigos Imaginários.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-34033072600552989202009-08-19T17:50:00.001-07:002009-08-19T17:50:47.946-07:00ConexõesSei que não é novidade, mas para mim soou totalmente surreal (olha ele aí de novo) a teoria dos seis graus de separação. Para quem nunca ouviu falar, trata-se de uma teoria que afirma que todas as pessoas do mundo estão conectadas entre si por até seis laços de amizade. Ou seja, você conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, que conhece o Barack Obama. Ou o Brad Pitt, o que por si só já renderia um convite para um churrasco na mansão Jolie/Pitt.<br /><br />Mas acho que isso é pura especulação. Não consigo imaginar nenhuma ligação com um camponês que vive no interior da Índia. Penso que essa história só dá certo quando se trata de gente rica e/ou bem nascida como eu e você. Gente que tem acesso a um computador, internet e aos badalados sites de relacionamento.<br /><br />Que seja. Em Brasília – lugar que concentra muitos ricos e/ou bem nascidos – essa conectividade deve se realizar em até dois laços. O pessoal costuma dizer que aqui só existem três pessoas: eu, você e alguém que a gente conhece. O que na prática significa: não faça nenhuma merda muito grande. Todos vão saber.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-21702463633299100962009-08-19T09:58:00.000-07:002009-08-19T15:06:48.131-07:00SurrealSe tem um adjetivo constante no meu vocabulário, é surreal. Usado para o bem e para o mal, descreve situações surpreendentes, impressionantes, memoráveis, fora de contexto. De cair o queixo.<br /><br />- Surreal, né.<br />- Muito. Um momento mágico, eu diria.<br />- É. Só faltou uma lua bem bonita.<br />- Nada... Ela ficou com vergonha de aparecer. Tá muito mais bonito aqui embaixo.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7211155337463655341.post-48036328256821145582009-07-30T20:31:00.000-07:002009-07-30T20:33:37.319-07:00As cartas que eu não mandoOi, tudo bem? Sabe o que eu aprendi esse dias? Supernovas são explosões de estrelas gigantes. Prroduzem o brilho de 100 bilhões de sóis de uma só vez, um verdadeiro espetáculo celestial. A música do Oasis faz muito mais sentido pra mim agora: "in a champagne supernova in the sky". Captou?<br /><br />Aliás, tenho aprendido muita coisa sobre o universo nesses últimos tempos. Você ficaria orgulhoso. Um pouco por dever profissional, mas também porque eu me interesso de verdade por essas coisas. Quem sabe eu não largo o jornalismo e faço astronomia. Ia ser um escândalo, eu ia me tornar a primeira astronauta brasileira. Oh, esqueça. Quantas bobagens.<br /><br />Ainda lembro de você e sua paciência de Jó me explicando a Teoria da Relatividade em uma mesa de bar. A mesa de plástico se transformava no nosso universo, cada lado uma dimensão, ou algo assim. Você e seu ar professoral, eu toda interessada até a hora em que parava de ouvir qualquer som, só ficava lendo seus lábios e olhos. "Você não está mais prestando atenção", você me acusava. "Claro que não". E a gente se beijava. Simples assim.<br /><br />Mas, como eu ia dizendo, o universo é fascinante. Também descobri esses dias que gases essenciais para a vida na Terra vieram das estrelas. Ou seja, nós somos estrelas! Lindo, não? Quem diria, quase me apaixono pela física. Você ficaria orgulhoso. Talvez não mais que eu. Como você pode perceber, estou gostando bastante de mim.Carolina Vicentinhttp://www.blogger.com/profile/17892221720550391562noreply@blogger.com4