sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ossos do ofício

São 19h10 e a jovem repórter espera pacientemente sua hora de conversar com a fonte. Sim, porque sem ESSA fonte, que vai dar A declaração, não há matéria. E o chefe já mandou dizer que a matéria é para hoje. Sem choro nem vela.

19h15. Você acaba de observar um lindo pôr do sol da janela. Já se despediu de cinco secretárias que não viam a hora de o expediente acabar. Expediente? Hora? Nem sei mais o que é isso.

19h20. Você já ligou avisando que vai demorar. Seu chefe soltou um palavrão, praguejou contra a ineficiência do funcionalismo público e avisou que você terá 15 minutos para escrever a manchete. Ótimo. Vai sair uma beleza de matéria.

19h30. A última pessoa a sair da repartição olha para você com cara de pena e faz aquela pergunta idiota: “nossa, você ainda está aí?”. Não, não. Isso é uma alucinação da sua mente, eu já estou em casa confortavelmente instalada no sofá, vendo televisão.

É quando a última funcionária entra da sala da sua fonte para avisar que já está indo, afinal de contas, tem família, marido, filhos, e compromissos que não podem ser adiados.

Moça – Já vou indo. Deixei tudo pronto para amanhã, ok?

Fonte – Tudo bem. Obrigado.

Moça – Ah, tem uma mocinha aí fora esperando para falar com o senhor.

Fonte – Ah, a jornalista...

Não sei o que foi pior: “mocinha” ou “jornalista”.

4 comentários:

Virgínia Soares disse...

haaha.........consigo imaginar essa cena com precisão de detalhes.......só Deus sabe dizer para onde este bonde esta indo....

Virgínia Soares disse...

Carol gosto muito desse estilo das notas do seu blog, vc deveria fazer algo com isso...........uma série, um livreto...sei lá, alguma coisa assim....daria uma ótima roterista!!!!

Paulinho Mesquita disse...

o pior seria: "ah, a mocinha jornalista"

Anônimo disse...

Mocinha eé foda..