O aviso diz "18 new tweets", eu carrego a página e lá vem uma enxurrada de opiniões sobre a participação do Aécio Neves no Roda Viva. Um programa que eu não vi, nem pretendo ver, nem a reprise, nem os melhores momentos. Muito obrigada, mas passo o dia ligada em notícias, acho que seria cruel com o meu organismo passar a noite também.
Mas a verdade é que o Twitter é algo fascinante. Mesmo quando meus poucos amigos tuiteiros saem a falar bobagens, parece um vício, eu fico dando F5, esperando para ver o que as pessoas estão falando, nem que seja a maior asneira do Brasil. Ai, esse nosso cibervoyeurismo.
Algo totalmente compreensível, vai. O cara que teve a ideia de fazer um mini diário virtual é simplesmente um gênio. Ainda mais porque vendeu essa ideia para gente interessante - alou, o Luis Fernando Veríssimo tem Twitter, um dos caras, até onde eu sei, mais reflexivos quanto à tecnologia. Tudo bem que não há atualizações desde 30 de setembro, mas vá lá...
É por essas e por outras que hoje eu decidi trocar aquele ovo do perfil do Twitter por uma foto minha. Afinal de contas, já que não tem jeito, é bom que as pessoas saibam que cara eu tenho. Confesso que resisti muito a isso, mas adivinha só o que eu vou fazer agora?
Colocar o link desse texto no Twitter :-)
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
Do sexo e sua volatilidade
Engraçado essa coisa de sexo casual. O sujeito te paquera, vocês se beijam e, menos de três horas depois, suas roupas estão jogadas pelo chão da quitinete. Olhos nos olhos, aquele ardor dos romances épicos, suados, abraços calados, cortados apenas pela respiração ofegante. Tudo tão íntimo. Exceto, é claro, pela barreira de látex, porque você é romântica, não louca.
Mas o bicho pega mesmo depois que os hormônios já se aquietaram. É quando rola aquele constrangimento, será que eu vou atrás da minha calcinha ou fico aqui olhando para o teto? Sim, porque acaba de nascer um muro de Berlim entre você e seu amante. Aquele desejo de grudar no outro já era, se perdeu no éter, aproveitou o orgasmo para viajar a uma galáxia distante.
E aí os dois se lembram daquele compromisso amanhã cedo, acho que vou para casa, melhor ir dormir, andei gripado, sabe como é... Vocês se abraçam com a intimidade de dois mascates, rola aquele "se cuida" e você sai apressada, meio sem graça até. Chega em casa como refugiado de uma guerra sem vencedores. Parafraseando o Xico Sá, no tempo do ficar, nada fica, nem o amor daquela rima antiga.
E acaba se conformando, porque a vida moderna é assim mesmo, e, vamos lá, você está com a pele melhor, o cabelo bonito e uma disposição de dar inveja nas suas amigas.
Mas que é estranho, isso é.
Mas o bicho pega mesmo depois que os hormônios já se aquietaram. É quando rola aquele constrangimento, será que eu vou atrás da minha calcinha ou fico aqui olhando para o teto? Sim, porque acaba de nascer um muro de Berlim entre você e seu amante. Aquele desejo de grudar no outro já era, se perdeu no éter, aproveitou o orgasmo para viajar a uma galáxia distante.
E aí os dois se lembram daquele compromisso amanhã cedo, acho que vou para casa, melhor ir dormir, andei gripado, sabe como é... Vocês se abraçam com a intimidade de dois mascates, rola aquele "se cuida" e você sai apressada, meio sem graça até. Chega em casa como refugiado de uma guerra sem vencedores. Parafraseando o Xico Sá, no tempo do ficar, nada fica, nem o amor daquela rima antiga.
E acaba se conformando, porque a vida moderna é assim mesmo, e, vamos lá, você está com a pele melhor, o cabelo bonito e uma disposição de dar inveja nas suas amigas.
Mas que é estranho, isso é.
domingo, 7 de novembro de 2010
Contos - As Meias
Era uma mulher naturalmente marcante, daquelas que gostam de histórias com começo, meio e sem fim. Armada até os dentes, deixava com cada um de seus casos um pedaço de si. Um brinco, uma presilha de cabelo, uma calcinha inocentemente pendurada na torneira do chuveiro. E quando acabava, lá vinha ela com aquele papo de "deixa pra lá, outra hora você me devolve".
Tudo calculado. Ardilosa, não perdoava nem os ficantes. Esquecia um batom, um sutiã de renda, uma minúscula camisola. Chegou ao cúmulo de "perder" a carteira de motorista na casa daquele funcionário do Detran que a pegou de jeito depois de um encontro fortuito na blitz.
Até que ela o conheceu. De óculos, aparelho e sem o menor jeito para dançar. Deus, no alto de sua sordidez, a fez se apaixonar justo por alguém que dividia banheiro com outros três estudantes da antropologia. Ah, esses caras das humanas.
De marcante, passou a marcada e saía correndo ao menor convite para dormir abraçadinho, deixar a escova de dentes no armário do quarto. Não, aquilo era demais. Como se não bastasse, passou a pegar roupas emprestadas. Tudo bem, uma camisa tamanho G a salvou naquela manhã de sábado, porque mulher nenhuma teria coragem de sair em plena luz do dia com um vestido preto manchado de branco. Ou bege.
Com um esforço hercúleo, devolvia todas as peças do rapaz, lavadas e passadas. No máximo, pingava um pouco do seu perfume para ver se surtia algum efeito contrário àquela paixão avassaladora. Até que ela não pode mais. Passou a esquecer seu arsenal de sedução e se restringiu a um pente de dentes quebrados e a um desodorante com fragância masculina. E meias. Sim, meias que ele gentilmente emprestava para que ela usasse com suas inúmeras botas. Ai, quanta entrega.
Durou pouco mais de seis meses, quando ele disse que viajaria para a Ásia, alguma coisa sobre um curso de fotografia e o sonho de conhecer de perto os hindus e outras mil coisas que ela não conseguia entender.
Saiu da casa dele chorosa, acompanhada pelo olhar solidário dos três amigos maconheiros. Você vai se arrepender, ela pensou.
Não deu duas semanas, o rapaz ligou num domingo à tarde, porque não há melhor dia para ser cruel.
- Alô?
- Oi, tudo bem?
- Tudo e você?
- Tudo certo. Sabe o que é? Será que você podia devolver as minhas meias?
- Como?
- É, as meias. Estou embarcando para Nova Deli na terça-feira, sem dinheiro, preciso das meias.
- Claro.
E desligou o telefone pensando que a vida era mesmo injusta.
Tudo calculado. Ardilosa, não perdoava nem os ficantes. Esquecia um batom, um sutiã de renda, uma minúscula camisola. Chegou ao cúmulo de "perder" a carteira de motorista na casa daquele funcionário do Detran que a pegou de jeito depois de um encontro fortuito na blitz.
Até que ela o conheceu. De óculos, aparelho e sem o menor jeito para dançar. Deus, no alto de sua sordidez, a fez se apaixonar justo por alguém que dividia banheiro com outros três estudantes da antropologia. Ah, esses caras das humanas.
De marcante, passou a marcada e saía correndo ao menor convite para dormir abraçadinho, deixar a escova de dentes no armário do quarto. Não, aquilo era demais. Como se não bastasse, passou a pegar roupas emprestadas. Tudo bem, uma camisa tamanho G a salvou naquela manhã de sábado, porque mulher nenhuma teria coragem de sair em plena luz do dia com um vestido preto manchado de branco. Ou bege.
Com um esforço hercúleo, devolvia todas as peças do rapaz, lavadas e passadas. No máximo, pingava um pouco do seu perfume para ver se surtia algum efeito contrário àquela paixão avassaladora. Até que ela não pode mais. Passou a esquecer seu arsenal de sedução e se restringiu a um pente de dentes quebrados e a um desodorante com fragância masculina. E meias. Sim, meias que ele gentilmente emprestava para que ela usasse com suas inúmeras botas. Ai, quanta entrega.
Durou pouco mais de seis meses, quando ele disse que viajaria para a Ásia, alguma coisa sobre um curso de fotografia e o sonho de conhecer de perto os hindus e outras mil coisas que ela não conseguia entender.
Saiu da casa dele chorosa, acompanhada pelo olhar solidário dos três amigos maconheiros. Você vai se arrepender, ela pensou.
Não deu duas semanas, o rapaz ligou num domingo à tarde, porque não há melhor dia para ser cruel.
- Alô?
- Oi, tudo bem?
- Tudo e você?
- Tudo certo. Sabe o que é? Será que você podia devolver as minhas meias?
- Como?
- É, as meias. Estou embarcando para Nova Deli na terça-feira, sem dinheiro, preciso das meias.
- Claro.
E desligou o telefone pensando que a vida era mesmo injusta.
sábado, 30 de outubro de 2010
O efeito latente
Se tem uma coisa que o cérebro faz com maestria é deixar a gente pensar coisas idiotas. Não adianta todos os sinais indicarem que o caminho A é o melhor, sempre vai ter uma parte "burra" da nossa cabeça lamentando o fato de o caminho B ter ficado de lado.
Outra coisa lamentável é o que um professor da faculdade me ensinou ser o efeito latente. Acabei de dar uma "googlada" no termo e achei uma infinidade de páginas sobre o budismo. Nada espiritualizada, vou falar do que aquele professor descreveu como efeito latente - e que hoje me parece mais um efeito inconveniente.
Acontece quando, sabe deus porque, o cérebro apaga as lembranças ruins e fica lembrando só das boas. Sim, no passado a gasolina era mais barata, as crianças brincavam na rua, não havia inflação, aquelas sim é que eram verdadeiras bandas de rock! Ah, como era verde o meu vale.
Falando de relações amorosas, o efeito latente consegue ser ainda mais devastador. Pouco importa o que aquele(a) sacana fez com o seu pobre coração, em uma semana você vai ficar recordando só do dia em que vocês dançaram na sala até amanhecer. E o pior, vai ficar lembrando até do que não aconteceu!
Aí, companheiro, controle a emoção, porque o efeito latente vai se juntar à malvada ansiedade. E você vai ter náuseas só de pensar que viu o carro do sujeito(a) passar pelo seu no Eixão. Vai tremer inteiro cada vez que o celular tocar. Será ele(a), ligando para dizer que tudo não passou de um engano, que deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem?
Graças a deus, ou ao diabo, essa coisa toda tem prazo de validade. Pode ser uma semana, um mês, um ano, ou aqueles dois dias que você conseguiu ficar sem beijar na boca. Se ninguém morre de paixão, de saudade, menos ainda de efeito latente.
Outra coisa lamentável é o que um professor da faculdade me ensinou ser o efeito latente. Acabei de dar uma "googlada" no termo e achei uma infinidade de páginas sobre o budismo. Nada espiritualizada, vou falar do que aquele professor descreveu como efeito latente - e que hoje me parece mais um efeito inconveniente.
Acontece quando, sabe deus porque, o cérebro apaga as lembranças ruins e fica lembrando só das boas. Sim, no passado a gasolina era mais barata, as crianças brincavam na rua, não havia inflação, aquelas sim é que eram verdadeiras bandas de rock! Ah, como era verde o meu vale.
Falando de relações amorosas, o efeito latente consegue ser ainda mais devastador. Pouco importa o que aquele(a) sacana fez com o seu pobre coração, em uma semana você vai ficar recordando só do dia em que vocês dançaram na sala até amanhecer. E o pior, vai ficar lembrando até do que não aconteceu!
Aí, companheiro, controle a emoção, porque o efeito latente vai se juntar à malvada ansiedade. E você vai ter náuseas só de pensar que viu o carro do sujeito(a) passar pelo seu no Eixão. Vai tremer inteiro cada vez que o celular tocar. Será ele(a), ligando para dizer que tudo não passou de um engano, que deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem?
Graças a deus, ou ao diabo, essa coisa toda tem prazo de validade. Pode ser uma semana, um mês, um ano, ou aqueles dois dias que você conseguiu ficar sem beijar na boca. Se ninguém morre de paixão, de saudade, menos ainda de efeito latente.
domingo, 11 de julho de 2010
Placas
Certo dia, eu fui para a rua cobrir um acidente de moto no caminho do Gama para o Plano Piloto. O rapaz da moto tinha morrido, o rabecão demorou a chegar e o trânsito precisou ser desviado, provocando um engarrafamento gigantesco. Ficamos tanto tempo no local, que o fotógrafo conseguiu descobrir algo místico naquilo tudo. Os números da placa da moto formavam a data do acidente. Nunca me esqueci: 1101, 11 de janeiro.
Não sou de me impressionar com essas coisas, mas confesso que depois disso fiquei "viciada" em placas. Fico lendo as placas dos carros, tentando adivinhar de que cidade são conforme a letra inicial - J é Brasília, Caxias do Sul é I, Curitiba é A e por aí vai, meu repertório ainda não é lá essas coisas. E fico julgando boas e más combinações de números e letras.
Ficava me perguntando como seria quando eu fosse escolher a placa do meu carro, se ACV 0807 estaria disponível. Não né, nunca pensei de verdade em colocar minhas iniciais e minha data de aniversário na placa do carro, só fico curiosa para conhecer gente que faz isso. Ouvi falar que se você paga uma taxa a mais no Detran pode escolher toda a placa. Imagino um casal que deve ter feito questão de colocar algo do tipo AMO 1207, com a data de casamento.
Mas a verdade é que esse momento da placa é bem menos glamuroso do que eu pensava. O pessoal da concessionária te dá uma lista com opções bem parecidas, as letras são iguais em todas as alternativas, e os números parece que rimam uns com os outros. No meu caso, foi JII. Não gostei muito na hora, ficou parecendo "xiii", como quando as coisas dão errado. Enfim, como eu disse, não tinha muito como mudar isso. Não, não passou pela minha cabeça pagar a mais para o Detran e colocar uma placa mística.
Depois de uns dias em que eu estive ainda mais viciada em placas - sim, porque agora eu tenho a minha - descobri que minha oção até que foi bacana. JII parece bem melhor do que as tristes combinações KCT e JEG. Mas a pior mesmo foi a de um ônibus: CUD 0521. CUD zero é dose.
Não sou de me impressionar com essas coisas, mas confesso que depois disso fiquei "viciada" em placas. Fico lendo as placas dos carros, tentando adivinhar de que cidade são conforme a letra inicial - J é Brasília, Caxias do Sul é I, Curitiba é A e por aí vai, meu repertório ainda não é lá essas coisas. E fico julgando boas e más combinações de números e letras.
Ficava me perguntando como seria quando eu fosse escolher a placa do meu carro, se ACV 0807 estaria disponível. Não né, nunca pensei de verdade em colocar minhas iniciais e minha data de aniversário na placa do carro, só fico curiosa para conhecer gente que faz isso. Ouvi falar que se você paga uma taxa a mais no Detran pode escolher toda a placa. Imagino um casal que deve ter feito questão de colocar algo do tipo AMO 1207, com a data de casamento.
Mas a verdade é que esse momento da placa é bem menos glamuroso do que eu pensava. O pessoal da concessionária te dá uma lista com opções bem parecidas, as letras são iguais em todas as alternativas, e os números parece que rimam uns com os outros. No meu caso, foi JII. Não gostei muito na hora, ficou parecendo "xiii", como quando as coisas dão errado. Enfim, como eu disse, não tinha muito como mudar isso. Não, não passou pela minha cabeça pagar a mais para o Detran e colocar uma placa mística.
Depois de uns dias em que eu estive ainda mais viciada em placas - sim, porque agora eu tenho a minha - descobri que minha oção até que foi bacana. JII parece bem melhor do que as tristes combinações KCT e JEG. Mas a pior mesmo foi a de um ônibus: CUD 0521. CUD zero é dose.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Meu heroi
Esses dias ouvi uma história super bacana de um cara que impediu uma menina de ficar paraplégica depois de um acidente de ônibus na estrada. Eles iam de Brasília a São Paulo para um show do Metallica, o motorista perdeu o controle e o ônibus caiu em uma ribanceira. O heroi saiu quase ileso e ficou ajudando a moça a não sentar nem deitar. Quando ela foi socorrida pelos bombeiros, disseram que, por pouco, ela não teve uma lesão na coluna.
História linda, não? O heroi foi devidamente reconhecido e sacaneado pelos amigos. Engraçado como ser bonzinho e corajoso tem seu preço na nossa sociedade!
Bem, o meu heroi não quebrou o parabrisa para me ajudar, tampouco me salvou de um sequestro ou de forças malignas. Meu heroi trabalha num posto de gasolina da Petrobras, veste aquele uniforme verde e branco e se chama Alan. Gosta de pagode e está se separando da esposa.
Foi tudo que eu consegui descobrir enquanto ele trocava o pneu do carro em uma madrugada da semana passada. Uma tarefa bem difícil, que outro rapaz de outro posto de gasolina se recusou a fazer. E que o pessoal do seguro também não pode ajudar, porque a apólice estava vencida.
Não que trocar o pneu fosse uma grande coisa. Se demorasse demais, eu mesma ia virar borracheira e fazer o serviço. Mas meu heroi foi heroi porque fez cheio de boa vontade, com um sorriso no rosto e no final ainda disse: "eu que agradeço. Estava precisando ajudar alguém."
Tão sincero que dá até vontade de ser heroi de alguém também.
História linda, não? O heroi foi devidamente reconhecido e sacaneado pelos amigos. Engraçado como ser bonzinho e corajoso tem seu preço na nossa sociedade!
Bem, o meu heroi não quebrou o parabrisa para me ajudar, tampouco me salvou de um sequestro ou de forças malignas. Meu heroi trabalha num posto de gasolina da Petrobras, veste aquele uniforme verde e branco e se chama Alan. Gosta de pagode e está se separando da esposa.
Foi tudo que eu consegui descobrir enquanto ele trocava o pneu do carro em uma madrugada da semana passada. Uma tarefa bem difícil, que outro rapaz de outro posto de gasolina se recusou a fazer. E que o pessoal do seguro também não pode ajudar, porque a apólice estava vencida.
Não que trocar o pneu fosse uma grande coisa. Se demorasse demais, eu mesma ia virar borracheira e fazer o serviço. Mas meu heroi foi heroi porque fez cheio de boa vontade, com um sorriso no rosto e no final ainda disse: "eu que agradeço. Estava precisando ajudar alguém."
Tão sincero que dá até vontade de ser heroi de alguém também.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Novos hábitos
Toda mudança faz a gente rever algumas coisas. E tem mudanças que conseguem impor um ritmo de vida completamente diferente. Antes o trabalho era quase que noturno. Cinco da tarde era quase meio-dia, eu diria. Diversão garantida com colegas mais que amigos. Mas quase nada de cinema, teatro, casa de amigas que, como seres humanos normais, não podiam me esperar até as 11 da noite para jantar.
Agora eu levanto cedo. Dia bonito quase sempre, bom motivo para botar uma saia. Mas aí eu lembro do ar-condicionado, da rinite, e acabo chegando no trabalho como quem vai à Patagônia. Tudo bem. Aí ando entre os computadores, torcendo pra não tropeçar, porque o piso é traiçoeiro e cheio de desníveis. Verdade. Já vi gente caindo feito banana do meu lado.
E a vida segue diferente assim. Falta café quando eu realmente preciso beber algo quente. E se tem, é tão quente que eu queimo a língua. Essa coisa de insatisfação é foda...
Mais uma na multidão. Não caia, não grite, tenha paciência para esperar a garrafinha de água encher no filtro de doses homeopáticas. Respire. Leia blogs de gente inteligente, poste novidades no Twitter. Tem gente que quer te ouvir! Tudo bem, vamos lá, estou mais que preparada!
Agora, confesso que ler O Fascinante Império de Steve Jobs tem sido um grande desafio...
Agora eu levanto cedo. Dia bonito quase sempre, bom motivo para botar uma saia. Mas aí eu lembro do ar-condicionado, da rinite, e acabo chegando no trabalho como quem vai à Patagônia. Tudo bem. Aí ando entre os computadores, torcendo pra não tropeçar, porque o piso é traiçoeiro e cheio de desníveis. Verdade. Já vi gente caindo feito banana do meu lado.
E a vida segue diferente assim. Falta café quando eu realmente preciso beber algo quente. E se tem, é tão quente que eu queimo a língua. Essa coisa de insatisfação é foda...
Mais uma na multidão. Não caia, não grite, tenha paciência para esperar a garrafinha de água encher no filtro de doses homeopáticas. Respire. Leia blogs de gente inteligente, poste novidades no Twitter. Tem gente que quer te ouvir! Tudo bem, vamos lá, estou mais que preparada!
Agora, confesso que ler O Fascinante Império de Steve Jobs tem sido um grande desafio...
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Celebridade
Vladimir Brichta acabou de sair da redação. Juro. A mulherada foi à loucura. Eu, que me esforçava para entender o sotaque venezuelano de um entrevistado em meio aos gritos, dei só uma olhadinha. Uma pena.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Copa
Aí o Dunga convocou a seleção. Vinte e três rapazes que, coitados, levam nas costas a expectativa de milhares de brasileiros. E, nos bolsos, uma grana que muitos desses brasileiros não conseguem sequer imaginar.
Trinta dias. Um mês para começar aquela fase boa que se parece com alguns verões da infância que a gente tem guardado na memória. Sim, porque na Copa tudo pode. Quem trabalha de terno, pode usar camiseta verde amarela. Pode até não trabalhar. Todo mundo fica bonzinho, bebe bastante. Uma delícia.
E aí a publicidade deita e rola. A Tim, por exemplo, prometeu celular de graça até 2014 se o Brasil for hexa. Aqui em casa, todos os pré-pagos estão mais que na torcida.
E o pessoal que comprou TV na Ricardo Eletro? Todo mundo super animado para o mundial. Afinal, se o Brasil vencer, o Ricardo vai pagar a primeira parcela. O que nem deve ser grande coisa pra quando se divide a compra da LCD em 50 vezes. Tem gente que está até resgatando o FGTS para comprar uma telona. Copa é Copa. Tem que ver todos os detalhes.
Acho que o Brasil não vai ganhar. Assim, confio no Dunga. Mas com tanta empresa prometendo coisa no caso de uma vitória no mundial, sei não. Porque eu não entendo nada de escalação, mas de economia dá até para dar uma arriscada.
Trinta dias. Um mês para começar aquela fase boa que se parece com alguns verões da infância que a gente tem guardado na memória. Sim, porque na Copa tudo pode. Quem trabalha de terno, pode usar camiseta verde amarela. Pode até não trabalhar. Todo mundo fica bonzinho, bebe bastante. Uma delícia.
E aí a publicidade deita e rola. A Tim, por exemplo, prometeu celular de graça até 2014 se o Brasil for hexa. Aqui em casa, todos os pré-pagos estão mais que na torcida.
E o pessoal que comprou TV na Ricardo Eletro? Todo mundo super animado para o mundial. Afinal, se o Brasil vencer, o Ricardo vai pagar a primeira parcela. O que nem deve ser grande coisa pra quando se divide a compra da LCD em 50 vezes. Tem gente que está até resgatando o FGTS para comprar uma telona. Copa é Copa. Tem que ver todos os detalhes.
Acho que o Brasil não vai ganhar. Assim, confio no Dunga. Mas com tanta empresa prometendo coisa no caso de uma vitória no mundial, sei não. Porque eu não entendo nada de escalação, mas de economia dá até para dar uma arriscada.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Romances digitais
Me desculpem os muito enamorados, mas essa história de viver a vida digital como um só não está com nada. “Rebeca&Gustavo se amam” entrou no Messenger. Putz, coisa cafona. Ou então “Eu amo o Felipe” deixou um recado para você no Orkut. Quem é Felipe? Ó, céus.
Entendo que a paixão floresce e dá aquela vontade de gritar aos quatro ventos que ninguém, jamais, foi tão feliz. Ah, o amor. Mas isso me parece mais uma estratégia para fugir de acusações de infidelidade on line. Ou para avisar os/as peguetes que recados e piadinhas não são bem-vindos.
Nos tempos virtuais, o melhor para quem planeja pular a cerca é fugir da tecnologia. E para os fiéis apaixonados, o esquema é ter personalidade. No mundo real e no digital.
Entendo que a paixão floresce e dá aquela vontade de gritar aos quatro ventos que ninguém, jamais, foi tão feliz. Ah, o amor. Mas isso me parece mais uma estratégia para fugir de acusações de infidelidade on line. Ou para avisar os/as peguetes que recados e piadinhas não são bem-vindos.
Nos tempos virtuais, o melhor para quem planeja pular a cerca é fugir da tecnologia. E para os fiéis apaixonados, o esquema é ter personalidade. No mundo real e no digital.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Subindo a serra
20 de janeiro de 2010, 9 da manhã. Rodoviária de Porto Alegre.
Onde era mesmo que a minha mãe comprava aquela torrada? Não sei, as coisas pareciam ser muito maiores naquele tempo. Tempo em que eu ia muitas vezes à capital para ver se os médicos descobriam o que havia com os meus dedos. Nasci com os dedos mínimos tortos. Fiz uma cirurgia aos 6 anos, fisioterapia, e as mãos ficaram normais como as de todas as crianças. Hoje um deles voltou a ser torto. O esquerdo, claro. Mas já não me preocupo em ser normal como todos os adultos.
Mas eu falava das torradas. Sim, eram triangulares, cheias de manteiga e queijo. Era a parte mais gostosa da viagem a Porto Alegre. Até o dia em que minha mãe desistiu de comprar a tal torrada, só porque eu comia apenas a parte do miolo e deixava as cascas no prato. “Muita gente passa fome e você está desperdiçando”, ela dizia. Ou se não dizia, foi essa mensagem que gravei do castigo de nunca mais comer a tal torrada. Que seja. No momento, não tenho mais vontade de comer um miolo de pão engordurado.
A viagem até Caxias é incrivelmente rápida, mas eu achava uma loucura que pessoas a fizessem todos os dias. Bobagem. Hoje eu faria, se fosse preciso. Ainda mais com o slogan da companhia de ônibus: Expresso Caxiense – Transporte Carinhoso. Uma graça.
A serra é aquele lugar onde as nuvens nascem e passeiam, frias, até a hora de chover. A paisagem é bem bonita, entrecortada por araucárias e por uma neblina que insiste em aparecer em pleno verão. Ah, o Sul. Fazer turismo é bacana, mas morar... Não me encanta o sofrimento que é para escovar os dentes na água gelada ou colocar o nariz para fora de casa em uma manhã polar.
Mas é verão e pelo menos disso em fugi. Seja como for, subir a serra é uma viagem ao passado. Ao meu passado, que nem está tão distante assim. Fazia cinco anos que eu não botava o pé na cidade onde cresci, mas deu pra ver que ela cresceu junto comigo. Prédio e casas se erguem em áreas onde antes só havia mato. O centro está tomado por lojas e lojinhas. Só não fazem sucesso as Casas Bahia, que faliram em todo o Rio Grande do Sul.
Talvez porque os gringos são apegados às coisas da terra. Valorizam suas empresas, comidas, músicas. E quando vão embora, penduram chaveiros, bandeiras em todos os lugares. Fazem churrasco e chimarrão. E ai de quem falar mal de gaúcho.
Onde era mesmo que a minha mãe comprava aquela torrada? Não sei, as coisas pareciam ser muito maiores naquele tempo. Tempo em que eu ia muitas vezes à capital para ver se os médicos descobriam o que havia com os meus dedos. Nasci com os dedos mínimos tortos. Fiz uma cirurgia aos 6 anos, fisioterapia, e as mãos ficaram normais como as de todas as crianças. Hoje um deles voltou a ser torto. O esquerdo, claro. Mas já não me preocupo em ser normal como todos os adultos.
Mas eu falava das torradas. Sim, eram triangulares, cheias de manteiga e queijo. Era a parte mais gostosa da viagem a Porto Alegre. Até o dia em que minha mãe desistiu de comprar a tal torrada, só porque eu comia apenas a parte do miolo e deixava as cascas no prato. “Muita gente passa fome e você está desperdiçando”, ela dizia. Ou se não dizia, foi essa mensagem que gravei do castigo de nunca mais comer a tal torrada. Que seja. No momento, não tenho mais vontade de comer um miolo de pão engordurado.
A viagem até Caxias é incrivelmente rápida, mas eu achava uma loucura que pessoas a fizessem todos os dias. Bobagem. Hoje eu faria, se fosse preciso. Ainda mais com o slogan da companhia de ônibus: Expresso Caxiense – Transporte Carinhoso. Uma graça.
A serra é aquele lugar onde as nuvens nascem e passeiam, frias, até a hora de chover. A paisagem é bem bonita, entrecortada por araucárias e por uma neblina que insiste em aparecer em pleno verão. Ah, o Sul. Fazer turismo é bacana, mas morar... Não me encanta o sofrimento que é para escovar os dentes na água gelada ou colocar o nariz para fora de casa em uma manhã polar.
Mas é verão e pelo menos disso em fugi. Seja como for, subir a serra é uma viagem ao passado. Ao meu passado, que nem está tão distante assim. Fazia cinco anos que eu não botava o pé na cidade onde cresci, mas deu pra ver que ela cresceu junto comigo. Prédio e casas se erguem em áreas onde antes só havia mato. O centro está tomado por lojas e lojinhas. Só não fazem sucesso as Casas Bahia, que faliram em todo o Rio Grande do Sul.
Talvez porque os gringos são apegados às coisas da terra. Valorizam suas empresas, comidas, músicas. E quando vão embora, penduram chaveiros, bandeiras em todos os lugares. Fazem churrasco e chimarrão. E ai de quem falar mal de gaúcho.
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