quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sintomático

Dizem que o amor é cego, mas isso é uma grande bobagem. O amor enxerga muito bem, vai além do aparente, com sua imensa sabedoria e bondade. O amor é como um velhinho que viveu a vida à exaustão, sentou-se no banco de uma praça e agora gasta seus dias ali, sorrindo para quem passa. Ora, esqueça. Cá estou eu fazendo tudo que não se deve fazer com o pobre do amor, colocando-o numa caixinha com o ridículo rótulo de "amar é"...

Mas a paixão, ah, essa dá para falar com conhecimento de causa! A paixão é uma doida varrida que se liberta do hospício em pleno feriado nacional, provocando tumulto e gritaria. Inconveniente, faz o que nenhuma dieta milagrosa consegue, por mais disciplina que se tenha. Um olhar e rá!, aí vou eu novamente viver de vento, café e álcool, porque fome é coisa de quem tem o coração tranquilo.

Além de louca, a paixão é idiota. Sim, só sendo completamente imbecil para perder o chão por alguém que você conhece há, o que, duas semanas? A pessoa fala de uma música, um sonho, conta uma história, uma fofoca, uma mentira e tudo parece um poema do Vinícius, tudo parece valer a pena.

Aí você lembra daquele clichê romântico das borboletas da barriga e... que nada! Bichinhos tão delicados não seriam capazes de provocar tamanho alvoroço no seu estômago. A paixão está mais para um salto de bungee jumping, uma coisa quase suicida. Não, eu nunca saltei de bungee jumping, mas acho que deve ser quase como estar apaixonada. Um verdadeiro risco para a sanidade de qualquer um. O governo deveria fazer uma campanha. O Ministério da Saúde adverte: a paixão pode provocar danos ao cérebro. Ou ao coração...

Isso tudo até a hora em que essa doida varrida, rebelde sem causa, resolve se aquietar. Pode ser tráumático, com camisa de força e tudo o mais. Mas também pode ser bonito. Depois de muita paciência, a paixão dá as mãos àquele velhinho bondoso do banco da praça e os dois viram grandes amigos. Um final de comercial de margarina, raro, mas nem por isso inatingível.

Um comentário:

Paulinho Mesquita disse...

É Carolaine, a paixão é mesmo uma coisa assim, doida.
Mas não deixa de ser boa (apesar de poder fazer mal). é idiota,é imbecil, é sorrateira... mas faz um bem, né?
Por que não se apaixonar? Por que ter medo dela? Apaixone-se!
Eu me apaixono diariamente. Por pessoas, por idéias, por palavras... ainda que sejam as mesmas por quem me apaixonei ontem.