Adoro ler. De verdade. Gosto dos filmes, das músicas, mas um bom livro é infinitamente melhor que qualquer um deles. Primeiro, porque não é preciso muito mais que boa vontade para ler. Nada de aparatos tecnológicos. É possível ler embaixo da árvore, na fila do banco, na beira da praia, no ônibus, na hora do café. Segundo, porque os livros permitem que cada um pense nas histórias à sua maneira. Algo absolutamente fantástico.
Mas, por incrível que pareça, não sou uma compradora de livros. Talvez porque nunca tive uma estante no meu quarto, um lugar bem bonito para guardar tantas obras. Também nunca ganhei muitos livros, as pessoas preferem me dar roupas, brincos e colares de presente. Coisa engraçada. De qualquer forma, isso nunca foi um problema. Nos últimos anos, menos ainda. Tenho um grande amigo, o Igão, que desde o início da faculdade assumiu uma nobre responsabilidade: promover boas leituras para mim.
E tem sido assim desde então. Ele me empresta quase todos os títulos que compra, já sabe que eu não vou abrir o livro de forma brusca e estraga-lo. Muito obrigada, Igão, você é realmente ótimo. Mas esta semana, tive que pegar um livro emprestado com outra pessoa. Essa pessoa se chama Vinícius, tem 10 anos e está na quarta série. Ele me emprestou um livro que quase todo mundo que conheço já leu: O pequeno príncipe.
Sim, isso mesmo. Eu tenho 24 anos e nunca li O pequeno príncipe. Se li, faz tanto tempo que nem me lembro. Saí contando para os meus amigos qual será a minha próxima leitura. E, para minha surpresa, muitos contaram que leram O pequeno príncipe outra vez recentemente. “Toda vez que leio, percebo algo diferente”, ouvi de alguém.
Estou ansiosa. O livro está aqui do lado, já li as primeiras páginas – aquela em que ele fala do desenho da jiboia, sensacional. Para falar a verdade, já li essa parte umas três vezes. Aí paro e começo de novo. Como quando a gente escreve e, para ver como ficou a estrutura da última frase, lê tudo de novo, desde o início. Acho que é excesso de apego, não sei. Gosto muito de palavras.
sábado, 19 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Dor feminina
Mulheres sofrem. Sofrem com grosserias, com injustiças. Com pais repressivos ou liberais demais. Com livros de histórias tristes, ou até nas comédias com final feliz. Sofrem de cólica, enjoo e parto. E depois sofrem com a tosse, a febre, a falta de notícia dos filhos. Mulheres sofrem de ansiedade, gastura horrível que corrói o estômago diante de uma situação nova. Também sofrem de tédio, raiva, preguiça, falta de coragem para fazer o que é certo. Mulheres sofrem pra dizer a verdade e sofrem depois de ouvi-la.
- Tenho que te contar uma coisa meio chata. É é sobre você.
- Que foi?
- Bem, não é sobre você. É sobre o seu romance...
- Ai, fala logo. O que foi?
…
- E aí? Tudo bem?
- Tudo. Tudo ótimo! To com vontade de esfregar a cara dele no asfalto, mas tá tudo ótimo.
- Ai, que bom. Tava com medo da sua reação... Vem, cá. Você não vai comer nada?
- Acho que sim, eu preciso, na verdade.. Moço, por favor, traz um caldo.
- Um Carlton?
- Não, um caldo. De feijão...Aliás, moço. Cancela o caldo. Traz um Carlton mesmo.
- Tenho que te contar uma coisa meio chata. É é sobre você.
- Que foi?
- Bem, não é sobre você. É sobre o seu romance...
- Ai, fala logo. O que foi?
…
- E aí? Tudo bem?
- Tudo. Tudo ótimo! To com vontade de esfregar a cara dele no asfalto, mas tá tudo ótimo.
- Ai, que bom. Tava com medo da sua reação... Vem, cá. Você não vai comer nada?
- Acho que sim, eu preciso, na verdade.. Moço, por favor, traz um caldo.
- Um Carlton?
- Não, um caldo. De feijão...Aliás, moço. Cancela o caldo. Traz um Carlton mesmo.
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