segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Prisma

Ela se tornou mulher numa noite mais ou menos como essa. Chegou em casa tirando o tênis e a roupa. Não era para ninguém, mas para ela mesma, cansada de um dia que parecia ter tido 40 horas. Na sala, ela o encontrou. Com a cara amarrada, como o de costume. Não que ele fosse um sujeito mal-humorado, apenas tinha dificuldade em lidar com o diferente. E ela era diferente.

Sem rodeios, ele impôs suas condições. Se ela era assim, as coisas agora seriam assado. Afinal de contas, estou cansado de ceder. Sem se alterar, ela respondeu que não aceitava. De jeito nenhum, não vou pagar uma conta que não é minha. Manteve o rosto erguido, sem deixar escorrer uma lágrima. Usou argumentos inteligentes, sem espernear. Uma adulta, enfim.

Mas ele não estava preparado para tanta decisão. Claro que não. Essas coisas levam tempo. Além disso, a maioria dos pais prefere não ver que os filhos cresceram.

Ela, que pena, não sou eu. Mas uma das pessoas mais admiráveis que eu já conheci.

3 comentários:

MIRIAM disse...

Obrigada minha filha.

Camila Rabelo disse...

Lindo! Simples assim!

Paulinho Mesquita disse...

bah. fiquei até curioso pra saber quem é...